O céu colorido no entardecer, a temperatura beirando os 12 graus durante a noite e, de surpresa, uma lua cheia. Os indícios são claros: está aberta a temporada de inverno em Pedra Azul, região serrana do Estado, e eles foram presenciados pela reportagem na última semana. A localidade encanta não somente casais apaixonados, mas também famílias que, ao avistarem a famosa pedra, tiram a primeira e tradicional foto e, em seguida, desfrutam de tudo o que a charmosa localidade oferece. A verdade é que a região sempre teve um quê de Europa e está com algumas novidades deliciosas que merecem ser conhecidas. E se capixabas e turistas de outros Estados já frequentavam o lugar na temporada fria, agora de mais motivos para subir a serra. O melhor a fazer é pegar um carro e desbravar a região, que conta com alta gastronomia, oportunidades de comprar produtos orgânicos do agroturismo e visual arrebatador. Não há como não se encantar com essa pequena joia, essa pedra preciosa acessível a todos. Se você se animar ao ler as páginas seguintes, vá em qualquer fim de semana desses, siga nosso roteiro e não esqueça de olhar para o céu durante a noite. Uma das surpresas pode vir de lá.
Dia 1: Uma nova rota
Depois de reinar sozinha por muitos anos, a Rota do Lagarto ganha uma concorrente de peso: a Rota do Carmo. Nova pousada, restaurante com inspiração na gastronomia portuguesa e propriedades de agroturismo são algumas das apostas para quem quer fugir da área mais tradicional.
Estando na região - que inicia pelo km 90 da Rodovia BR 262 - acorde cedo. Primeiro motivo: mesmo querendo descansar, vale a pena abrir a janela do quarto e ver o dia nascendo com neblina. A sensação de frio é garantida. Segundo motivo: você tem muito o que aproveitar.
É na Rota do Carmo que está o recém-inaugurado Espigueiro, restaurante que funciona aos finais de semana, somente com chefs convidados. É uma gastronomia com tendência portuguesa, mas com liberdade para criar outros pratos. Tem muitos chefs na região e em Vitória com potencial e que muita gente não conhece. Também usamos produtos orgânicos, muitos deles produzidos por nós mesmo, conta o proprietário Vinicius Villar.
Espigueiro é uma estrutura normalmente de pedra e madeira, muito tradicional em Portugal, com a função de secar o milho grosso através das fissuras laterais, e ao mesmo tempo impedir a destruição do mesmo por roedores através da elevação. Foi após uma viagem para o país que tive a inspiração. Quis fazer uma reprodução aqui no Estado, conta Villar.
O restaurante de pé direito alto foi todo decorado pelo proprietário. As portas de madeira foram feitas na região, objetos trazidos de viagens, ladrilhos portugueses remetem à tradição europeia. No cardápio, que é sempre uma surpresa, já foram servidas entradas como Taco de Cupim e Picles de Repolho e Queijo Coalho com Caramelo Salgado, Bacon e Castanha-do-Pará. E pratos principais como Bacalhau, Crosta de Pão, Mousseline de Batata, Tomate Cereja e Brócolis. A média do prato individual custa R$ 70.
O restaurante conta ainda com uma adega com 120 rótulos, vindos de Portugal, Espanha, Itália, França, Chile, Argentina e Hungria.
Produção artesanal de cogumelos
Após percorrer cerca de 15 minutos de estrada de chão (só seguir as placas) você chega na Cogumelos do Carmo, propriedade que conta com cinco galpões e onde é possível acompanhar a produção artesanal de cogumelos in natura. Mensalmente são produzidos 1600 quilos. Produzimos cogumelos Paris, shiitake e Portobello. A finalidade da produção é o agroturismo, para as pessoas conhecerem como se produz, como é colhido e a consumação in natura, conta a produtora Ana Maria Ramos Peterle.
O cultivo de cogumelos é bastante sensível. As sementes são inoculadas em sacos com resíduos de cana. Os recipientes são levados para as estantes dentro das estufas, que imitam as condições ideais de desenvolvimento dos fungos encontradas na natureza. Nas 24 horas do dia, a temperatura e a umidade permanecem controladas automaticamente por um sensor. Fica na temperatura da região, entre 15 e 25 graus, o ideal para que seja produzido, conta.
Cerca de 99% da produção da propriedade é do Paris, cogumelo líder em cultivo e consumo no Brasil. O sabor é delicado, o que o torna bem versátil. Queremos dobrar a produção. Recebemos muitos turistas cariocas, mineiros, paulistas e baianos, conta Ana, que também conta com uma pousada em sua propriedade.
Hospedagem de conhecimento
Por falar nesse assunto, é próximo dali que está uma das hospedagens bacanas da região. Trata-se da Villa Uliana Hospedagem. Nossa proposta é oferecer um lugar tranquilo em meio a natureza acompanhado da experiência do conhecimento do café, conta Vagner Uliana.
Depois de trabalhar na propriedade Fjordland, que pertence ao norueguês Erling Lorentzen, viúvo da princesa Ragnhild Alexandra da Noruega, ele agora faz a sua própria história. Minha família sempre teve propriedade na Rota do Carmo, resolvi investir, conta.
A Hospedagem, que existe há dois anos, conta com quatro bangalôs de 45 metros quadrados cada. No café da manhã são servidos bolos, pães caseiros, frutas e iogurte. Mas o diferencial, fica mesmo por conta do café. Vagner é experiente na arte de produzir a bebida de altíssima qualidade, já que cresceu entre os pés de café que os avós tinham no quintal. Hoje ele produz a própria bebida, chamada U.Café, e aposta no turismo de conhecimento. Quero que meu hóspede possa conhecer um pouco do processo de fabricação do café especial, desde o plantio até o pós-colheita.
Receita secreta
Ao sair da rota, pegando o asfalto, é preciso percorrer cerca de 6 quilômetros para chegar no Agroturismo Valentim, fazenda adquirida pela família Pizzol em 1921, quando Giusto Leoni Pizzol, italiano de Treviso, comprou 200 alqueires de terra e formou uma pequena colônia italiana, onde hoje fica a comunidade de Barcelos. O local faz parte da Rota Imperial.
É na propriedade da família Bergamin/Pizzol que são fabricados os iogurtes que fazem sucesso pela textura, sabores e pedaços de frutas. A receita não é revelada, o que se sabe é que eles apostam na matéria-prima de qualidade (eles criam as próprias vacas num terreno próximo) e contam com a experiência de Rodrigo Ferraz (genro de Girlene Bergamim, uma das donas), que trabalhou durante dez anos na Nestlé. Um dos segredos é que tiramos o leite e levamos logo para a produção, não fica 24 horas armazenado, porque sua durabilidade é muito instável, conta Eduardo Pizzol.
Duas vezes por semana são produzidos 400 litros de iogurtes. São mais de 40 variedades nas versões tradicional, grego e diet. Também produzimos cerca de 100 quilos de queijos por semana. Como frescal e o minas meia cura temperado com pimenta calabresa, conta Geysiane Falquetto. Difícil resistir. E nem precisa.
Serviço:
Espigueiro
Rota do Carmo, km 06, Rota do Carmo
Tel.: (28) 98823-8112
Villa Uliana Hospedagem
ES-368 (Rota do Carmo) km 1,8 Pedra Azul.
Tel: (27) 99832-3518
Eco Pousada Quaresmeiras
Nossa Senhora do Carmo, Rota do Carmo, Pedra Azul.
Tel: (27) 99777-4747
Cogumelos do Carmo
Km 90 - Nossa Senhora do Carmo, Rota do Carmo
Tel.: (27) 99963-5751
Agroturismo Valentim
Rod. Sebastião Alves de Lima, Domingos Martins
Tel.: (27) 3248-3151
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