O brasileiro é um povo caloroso. Gostamos de abraço, beijo no rosto, aperto de mão. Mas com a pandemia do coronavírus, novos hábitos de comportamento surgiram. Quem diria que não poderíamos cumprimentar de forma afetuosa quem mais gostamos? Muito usado no dia a dia, o aperto de mão deve cair em desuso. Usado para selar acordos de paz entre país ou fechar grandes negócios, ele deve ser trocado pelo footshake (saudação com os pés) ou cotovelo com cotovelo.
Quem ainda não viu uma pessoa encostar o cotovelo no da outra, com objetivo de perguntar se está tudo bem? Que tal trocar o aperto de mão pelo Namastê, saudação típica do sul da Ásia? Sylvie Briand, importante autoridade da OMS, retuitou um desenho que mostra maneiras alternativas de cumprimentar o outro, incluindo o footshake e o cotovelo com cotovelo.
A infectologista Marina Da Rós Malacarne explica que precisamos reeducar os hábitos. "Principalmente no quesito beijar crianças e bebês. Bato nessa tecla há muito tempo, quando vejo os recém-nascidos sendo levados para qualquer lugar, inclusive locais fechados e que não são arejados, como shoppings e festas de aniversário. Todo mundo beija o neném e depois ele fica resfriado, gripado e com bronquiolite. Também teremos que aprender a cuidar melhor dos idosos".
Para ela será primordial evitar o aperto de mão nos próximos meses. "O ideal será deixar esse contato para situações em que a gente conheça melhor a pessoa, além de ter acesso ao álcool em gel ou lavagem de mão", diz. A médica tem se adaptado e já inseriu novas maneiras de saudar o outro, como fazer um "ok" com a mão, levantando o polegar ou bater no peito e dizer para a pessoa sentir-se abraçada. "Mantenho a distância de um metro das pessoas que não são da minha casa".
A infectologista Rubia Rossi também diz que o ideal é que fôssemos reeducados aos pequenos hábitos, como lavar as mãos após o contato com outra pessoa. "Cumprimentar com as mãos não é errado, mas precisamos higienizá-las com água e sabão após o ato. Precisamos adotar essa ação como algo normal e rotineiro".
Assim como tomar banho quando chegar em casa, deixar os sapatos do lado de fora e higienizar os alimentos quando chegamos do supermercado. "Precisamos de uma reeducação. Nosso cérebro tem dificuldade de adquirir hábitos novos, o que é muito difícil de acontecer depois que somos adultos". Para ela, essas novas formas de contato durarão pouco tempo. "Acho no início todo mundo vai adotar, mas infelizmente as pessoas vão relaxar", ressalta.
Como não temos previsão de quando tudo isso irá acabar, Marina Da Rós diz que, por um bom tempo, ficaremos em casa, devemos evitar locais com aglomeração, além de carregar o álcool em gel. "Não sabemos por quanto tempo iremos ter que usar máscaras", diz. Evitar beijos, abraços e cumprimentar-se com os pés ou cotovelos são os novos comportamentos sociais que estão sendo adotados em vários países do mundo. Veja abaixo as novas maneiras de dizer que está tudo bem.
Em Pequim, placas pedem que as pessoas não troquem apertos de mão, mas que unam as próprias em saudação. Nos alto-falantes, recomenda-se fazer o tradicional gesto gong shou, palma no punho, para dizer olá.
Várias instituições abandonaram o "hongi", tradicional saudação maori na qual duas pessoas tocam o nariz e a testa. A Universidade Politécnica WelTec de Wellington substituiu o "hongi" pelo "waiata", um canto maori, para a cerimônia de boas vindas aos novos alunos.
O "Footshake" também foi adotado n o Líbano, onde um vídeo viral mostra o cantor Ragheb Alama e o comediante Michel Abou Sleiman, alegres, tocando os pés quatro vezes.
No Dia Internacional da Mulher, o secretário de Estado da Saúde, Nelu Tataru, aconselhou os homens a não beijar as mulheres e a apenas oferecer um buquê de flores ou um amuleto da sorte (o "Martisor"), como dita a tradição no início da primavera. "Oferecemos flores, mas não beijos", recomendou.
O ministro da Saúde do estado de Nova Gales do Sul, Brad Hazzard, convidou os australianos a "dar tapinhas nas costas ao invés de apertar as mãos".
No Irã, onde o lema "Não aperto sua mão porque te amo" se multiplica, tem se desenvolvido uma maneira de cumprimentar-se entre homens, que consiste em avançar o punho fechado em direção ao outro, que faz o mesmo sem que os dois punhos entrem em contato.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta