O câncer de pulmão é o segundo tipo de tumor mais comum entre homens e mulheres. E também o câncer com maior taxa de mortalidade. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), ele representa cerca de 13% de todos os novos casos de câncer no Brasil. De acordo com o levantamento do mesmo instituto, para cada ano do triênio 2020-2022 são diagnosticados 17.760 casos novos de câncer de pulmão entre homens e 12.440 no país. Para alertar a população, agosto é considerado o mês de conscientização do tumor.
A oncologista Camila Beatrice, do Cecon/Oncoclínicas, explica que assim como todos os tecidos do corpo, o pulmão é composto por células. Essas células vão se dividindo e se reproduzem de uma forma ordenada e controlada. "Se houver alguma alteração celular que altere esse processo, o organismo produz excesso de tecido, que dá origem ao tumor. Se o tumor for maligno, o crescimento comprime e destrói os tecidos normais à sua volta, isso seria, nesse caso, um tumor localizado no pulmão", diz o médico.
Além do tabagismo, que é o principal fator de risco, outras questões estão relacionadas com o surgimento de câncer no pulmão, como ser fumante passivo, a exposição ao gás radônio, exposição ao asbesto, ao arsênio, e alguns agentes que são ocupacionais, como níquel e o cromo. Também é preciso levar em consideração a poluição atmosférica e o histórico pessoal ou familiar de câncer de pulmão.
Segundo o Inca, cerca de 85% dos casos estão associados ao consumo de derivados do tabaco, e em 2020, o tabagismo foi responsável por 161.853 óbitos no Brasil. Por isso, a conscientização sobre os efeitos nocivos da substância é tão importante.
Em geral, o diagnóstico ocorre através de uma tomografia ou de um raio-x de tórax, sendo necessário realizar uma biópsia do tumor. "Essa biópsia pode ser feita por broncoscopia, em que será inserido na via área um pequeno tubo com uma luz na ponta para retirada de um pedaço do tumor, ou ela pode ser realizada guiada por tomografia", conta a médica.
O tratamento vai depender do estágio em que o tumor se encontra. "Nos estágios mais iniciais, podem ser feitas cirurgia e a quimioterapia. Nos intermédios, no geral, são utilizadas quimioterapia com a radioterapia, dependendo do caso. Já nos estágios mais avançados, são utilizadas a quimioterapia, atualmente a imunoterapia, e também a terapia alvo, com medicamentos administrados via oral", explica Camila Beatrice.
As oncologistas Camila Beatrice e Cintia Givigi esclarecem as principais dúvidas sobre esse tipo de tumor. Confira.
"Mito. Deixar de fumar traz benefícios à saúde independente de quanto tempo a pessoa fuma. O organismo reage poucos minutos após o último cigarro, mais precisamente 20 minutos, quando acontece a normalização da pressão arterial. Entre 12 a 24 horas depois, os pulmões já funcionam melhor, e após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade. No caso do câncer, 10 anos sem fumar diminui cerca de metade dos riscos. Por isso, não importa o momento, nunca é tarde para largar o tabaco", diz Cintia Givigi.
"Mito. Esse tipo de cigarro conquistou principalmente os mais jovens. Mas as versões mais “lights” do cigarro também podem ser prejudiciais à saúde. Esses dispositivos possuem substâncias cancerígenas e aditivos tóxicos, que também oferecem risco iguais ou piores e também podem causar dependência", explica Cintia Givigi.
"Mito. O uso da maconha provoca alterações diretas no tecido pulmonar. Isso irrita e lesa as células do parênquima do pulmão, que predispõe ao desenvolvimento de tumor maligno", diz Camila Beatrice.
"Verdade. A poluição atmosférica pode aumentar as chances do surgimento do câncer de pulmão, já que a população fica exposta às substâncias cancerígenas", explica a oncologista Cintia Givigi.
"Verdade. O progresso nas pesquisas tem influenciado no tratamento dos tumores de pulmão. A imunoterapia é um os avanços mais importantes. A terapia estimula o sistema imunológico por meio de uma combinação de medicamentos para que ele possa combater as células cancerígenas. Esse tratamento pode ser feito aliado ou não a outras terapias, como a quimioterapia e a radioterapia, e pode aumentar a probabilidade de sobrevivência", diz Cintia Givigi.
"Mito. O fumante passivo tem um risco 30% maior de desenvolver câncer de pulmão do que alguém que não é exposto a fumaça de cigarro", diz Camila Beatrice.
Mito. O tabagismo passivo, ou seja, a inalação da fumaça de derivados do tabaco por não fumantes, também pode causar câncer de pulmão. Estudos apontam que a fumaça do tabaco contém mais de 7.000 compostos e substâncias químicas, sendo que mais de 69 podem provocar câncer. Por isso, o fumante passivo pode ter um aumento de 30% de chance de ter câncer de pulmão. Além disso, esse tipo de tumor pode também ser diagnosticado em pessoas que não possuem contato algum com o tabaco, já que existem outros possíveis causadores do câncer de pulmão.
"Mito. Tanto o charuto quanto o cachimbo consistem em folha de tabaco, que quando queimadas liberam substâncias químicas que são cancerígenas. Mas como há mais fumantes de cigarro do que de charuto e cachimbo, a ocorrência de câncer de pulmão pelo consumo de cigarro é maior. Mas eles são igualmente perigosos", ressalta Camila Beatrice.
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