Os primeiros sintomas aparecem e, depois de um tempo, o diagnóstico, nem sempre fácil e imediato, é feito: um familiar desenvolveu o Mal de Alzheimer.
De uma hora para outra, tanto o paciente quanto seus parentes se veem diante de desafios reais que se apresentarão no cotidiano e do medo causado pelas informações que cercam a doença. Para conscientizar, alertar, contribuir para o diagnóstico precoce e viabilizar tratamento adequado, desmistificando e esclarecendo dúvidas sobre o Alzheimer e outras duas doenças – fibromialgia e lúpus – surgiu o Fevereiro Roxo.
Pesquisas indicam que, a cada quatro segundos, uma pessoa é diagnosticada com demência no mundo – o Mal de Alzheimer é apenas uma delas -, e o número de novos casos aumenta, em geral, diretamente proporcional ao crescimento da expectativa de vida.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, o Alzheimer afeta cerca de 33% da população com mais de 85 anos. Mulheres recebem mais esse diagnóstico do que os homens, em parte porque tendem a viver mais.
De acordo com o neurologista Raphael Moreira Teixeira, do Vitória Apart Hospital, o Alzheimer é uma doença degenerativa que pode comprometer funções cerebrais como memória, linguagem, capacidade de cálculo, além de gerar alterações de comportamento e perdas relacionadas à possibilidade de executar tarefas do dia a dia.
Ele explica que, em geral, os primeiros sintomas são a perda de memória e alterações comportamentais. Mas é preciso estar atento e não associar qualquer perda de memória à doença. “A perda de memória que deve servir para ligar um alerta é aquela que começa a comprometer o dia a dia do indivíduo, interferindo, por exemplo, na realização de atividades pessoais rotineiras”.
Na evolução da doença, essas perdas vão se tornando progressivas e significativas, levando problemas relacionados à memória autobiográfica e familiar, por exemplo. O neurologista Paulo Roberto Rosa, da Samp, acrescenta que alterações comportamentais também podem se fazer presentes desde o início e se tornarem mais frequentes à medida que a doença evolui. “Não é raro que pacientes com Alzheimer manifestem características depressivas, de agitação e agressividade, e até delírio e alucinação”, considera.
Rosa afirma que o diagnóstico se dá com a entrevista médica e a partir da exclusão da possibilidade de outras doenças por meio de exames de sangue e de imagem, além da avaliação neuropsicológica.
Em relação ao tratamento, os dois médicos afirmam que, apesar de não ter cura, há medicações hoje que ajudam na estabilização da doença ou diminuem a velocidade da perda funcional em cerca de cinco anos ou mais, oferecendo mais tempo e qualidade de vida ao paciente e seus familiares.
“Estabelecer uma rotina diária simplificada, ajudando o paciente a cumpri-la e mostrando que ele está apto a participar, espalhar lembretes pela casa (apague a luz, feche a torneira, desligue a TV...); encorajar a pessoa a manter hábitos como se vestir, comer e tomar banho sozinha sempre que possível; limitar opções de escolha (se for oferecer uma comida, dar duas opções e não deixar em aberto); excluir álcool e cigarro; e estimular alimentação saudável são exemplos de atitudes que podem contribuir para a qualidade de vida de paciente e da família”, exemplifica Raphael
Apesar de também não ter uma causa definida, especialistas afirmam que, no que diz respeito à prevenção, há cinco áreas a serem trabalhadas que, se adotadas em conjunto e precocemente, podem ser eficazes para evitar a manifestação da doença.
1 - Tenha um médico de referência e faça o acompanhamento.
2 - No caso dos familiares, entender a doença e saber que tipo de sintomas ela pode gerar pode ajudar a compreender atitudes do paciente, evitando e amenizando conflitos.
3 - Uma ideia é estimular o portador de Alzheimer a usar uma pulseira, colar ou outro adereço qualquer com dados de identificação (nome, endereço, telefone etc.) e as palavras “Memória Prejudicada”, porque um dos primeiros sintomas registrados é perder a noção do lugar em que se encontra.
4 - Estabelecer uma rotina diária e ajudar o doente a cumpri-la. Espalhar lembretes pela casa como apague a luz, feche a torneira, desligue a TV, entre outros.
5 - Simplificar a rotina do dia a dia para que o paciente possa continuar envolvido com ela;
6 - Encorajar a pessoa a se vestir, comer, ir ao banheiro, tomar banho por sua própria conta. Quando não consegue mais tomar banho sozinha, por exemplo, pode ainda atender a orientações simples como: “Tire os sapatos. Tire a camisa. Entre no chuveiro”;
7 - Limitar opções de escolha. Em vez de oferecer vários sabores de sorvete, ofereça apenas dois tipos;
8 - Eliminar o álcool e o cigarro, pois agravam o desgaste mental;
9 - Estimular o convívio familiar e social do doente;
10 - Reorganizar a casa afastando objetos e situações que possam representar perigo. Tenha o mesmo cuidado com o paciente de Alzheimer que você tem com crianças.
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