Os antialérgicos anti-histamínicos são medicamentos amplamente utilizados para aliviar os sintomas de alergias, mas o uso em excesso pode afetar a fertilidade masculina, alerta estudo publicado esta semana na revista Reproduction. O artigo revisou pesquisas sobre os efeitos adversos dessas drogas sobre a fertilidade nas últimas quatro décadas, concluindo que os anti-histamínicos podem afetar a produção de hormônios masculinos nos testículos, afetando a mobilidade e a quantidade de espermatozoides.
A histamina é uma molécula produzida pelo corpo como resposta a certas condições detectadas pelo sistema imunológico como ameaças em potencial. É ela a responsável pelas reações alérgicas moderadas, como febres, erupções cutâneas e obstrução das vias respiratórias. Logo, os anti-histamínicos combatem essas moléculas, aliviando os sintomas alérgicos. Acontece que a histamina também atua sobre outros processos, como a regulação do sono, o comportamento sexual e a fertilidade.
O estudo, realizado por pesquisadores do Instituto de Biologia e Medicina Experimental da Argentina, revisou a literatura científica sobre o tema, incluindo pesquisas com humanos e animais. A conclusão é que faltam estudos de larga escala, mas a evidência, apesar de limitada, indica que a histamina cumpre um papel no sistema reprodutor masculino.
Mais testes de larga escala são necessários para avaliar os possíveis efeitos negativos dos anti-histamínicos na saúde sexual e reprodutiva. Isso pode levar a novos tratamentos para os sintomas da alergia sem comprometer a fertilidade disse Carolina Mondillo, uma das cientistas envolvidas no estudo. Os dados compilados nesta revisão indicam o envolvimento crucial da histamina na orquestração das funções testiculares, mas ainda há muito a aprender sobre os mecanismos implicados.
Para especialistas, o alerta dado pelo estudo argentino é para a comunidade científica, que precisa olhar para a possível relação entre os anti-histamínicos e a saúde sexual. Para os pacientes, a recomendação continua a mesma: consultar um médico antes de tomar qualquer medicação e cumprir a prescrição. O problema é que os anti-histamínicos são drogas bastante populares, comercializadas sem a necessidade de receita médica.
O princípio da precaução aqui deve ser para que homens evitem tomar muitos anti-histamínicos se estão tentando procriar comentou Darren Griffin, professor de Genética na Universidade de Kent, no Reino Unido. Os autores mencionam possíveis efeitos na ereção, na produção de testosterona, no comportamento sexual e na ejaculação. Entretanto, o espirro persistente também não é particularmente uma boa estratégia reprodutiva. Então, talvez, tomar os anti-histamínicos, quando necessário, seja o menor de dois males.
Já Channa Jayasena, da Imperial College London, considera cedo para ligar o alerta para esse tipo de medicação, mas destaca que os remédios podem realmente estar afetando a fertilidade dos homens. Por isso, mais estudos são necessários.
A qualidade média do esperma na população está reduzindo ao longo das últimas décadas, então é sempre importante considerar que medicações comuns, cada vez mais utilizadas, podem ser parcialmente responsáveis apontou o pesquisador. Como os autores destacam corretamente, ainda é muito cedo para tocar os alarmes sobre esses remédios. Muitos agentes podem estar relacionados com a infertilidade masculina. O truque está em avaliar qual o tamanho do impacto na saúde reprodutiva masculina, que ainda é desconhecido.
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