Perguntar sobre sua aparência, ver suas fotos, não acreditar no que viu ou ouviu e ir dar uma conferida no espelho. Quem nunca reproduziu essa sequência que atire a primeira pedra. Apesar de o hábito de observar o próprio corpo ser essencial para conferir se está tudo bem, e se conhecer, fazer isso exageradamente pode virar um comportamento ligado à insatisfação com a própria imagem, o que pode desencadear várias complicações para a saúde física e mental.
Lara Passos é universitária, broadcaster e modelo e conta que tem o hábito de observar o próprio corpo desde pequena. Me olho praticamente o tempo todo, seja no espelho ou na câmera do celular, sempre estou me vendo de alguma forma, diz.
Eu acho isso muito importante, sempre gastei muitas horas da minha vida inclusive falando comigo mesma no espelho, porque eu considero importante desenvolver esse amor próprio. É se olhar não para reparar os pontos negativos, mas para exaltar os positivos. E quando você está sozinha, isso fica mais fácil, porque a partir do momento que você sai de casa e entra em contato com outras pessoas, por mais que você seja a pessoa mais confiante do mundo, pode ocorrer alguma situação que te deixe um pouco insegura, acrescenta.
A modelo se define como alguém que se cobra muito em relação ao corpo, inclusive por conta das exigências da profissão. Por conta disso, em determinado momento de sua trajetória, o hábito do body checking deixou de ser tão saudável. Houve uma época da minha vida que eu acabei desenvolvendo alguns transtornos alimentares e isso prejudicou a minha saúde. Ainda não posso dizer que estou totalmente recuperada, pois existem momentos que me olho no espelho e enxergo as coisas meio distorcidas em relação ao que as outras pessoas enxergam, mas são processos que melhoram com o tempo, hoje muita coisa já mudou, complementa.
A psicóloga Cláudia Sales explica que olhar para o espelho com o objetivo de conferir se está tudo ok com a aparência, para nós seres humanos, tem valor social. Isso porque convivemos em sociedade e entendemos que não estar de acordo com o que é esperado pode causar distanciamento do outro. E é uma prática importante de autocuidado, ao me olhar no espelho entro em contato com a minha imagem, me cuido, me conheço mais e também posso perceber quando tem algo errado - em relação à saúde.
O limite está no excesso, na dependência de sempre estar se olhando, se ajeitando ou sentindo desconforto constante com o que está se vendo ali, salienta Cláudia.
Para evitar que um hábito comum se torne tóxico, é preciso estar atento aos sinais. Atente-se aos seus sentimentos. Você tem ficado ansiosa para ir até o espelho? Ao olhar para o espelho você imediatamente procura algo para ajeitar? Você olha para o espelho se comparando a alguém? Sente aperto, angústia, frio na barriga antes ou depois de olhar? Tem pensamentos fixos sobre esse comportamento?, questiona a psicóloga.
Essas perguntas basicamente são para ilustrar que o comportamento de olhar no espelho não precisa ser desconfortável, pois é a sua imagem que está ali. Caso isso esteja acontecendo, é importante buscar ajuda psicológica, complementa.
Lidar bem com a própria imagem é um processo e cada pessoa tem a sua maneira de viver isso. Esse movimento começa de dentro pra fora. Então, investir no autoconhecimento vai trazer esse empoderamento de quem realmente somos para além do espelho, o que trará mais leveza e menos cobrança na hora de se olhar, destaca Cláudia.
Entenda que o que está sendo refletido ali é a sua imagem. Você irá conviver com você mesma por muito tempo. Então é interessante cultivar a autoaceitação, mesmo que você goste de mudar com frequência, finaliza.
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