Se alimentar bem é fundamental. E as suas escolhas nas refeições podem evitar o câncer. Enquanto alguns alimentos ajudam a proteger o corpo contra a doença, outros podem aumentar o risco de desenvolvê-la. E a regra é clara: apostar em frutas, verduras e legumes de forma variada, além de da gordura boa através das oleaginosas, peixes e laticínios.
O oncologista Loureno Cezana, do Cecon/Oncoclínicas, explica que o câncer tem múltiplos fatores de risco, e cada subtipo se origina de uma forma diferente. "Por exemplo, a maioria dos casos de pulmão estão associados ao tabagismo, sendo o cigarro um dos principais fatores de risco para vários tipos de tumores. Além disso, citamos como causa de câncer a obesidade e alimentação inadequada. Esses fatores, além de outros como infecções virais, alcoolismo, exposição solar, levam a alterações moleculares nas células sadias causando um crescimento desordenado".
Fatores ambientais como cigarro, poluição, radiação solar e vírus também são reconhecidos como causadores do problema. Por isso, é importante o cuidado com a alimentação, porque ela ajuda na prevenção da doença. "A alimentação incorreta é fator de risco para neoplasias e a maioria das doenças cardiovasculares. Dessa forma, usar alimentos frescos, frutas, vegetais, certamente tem grande impacto na prevenção de doenças", diz o oncologista.
Na história da pesquisa do câncer, o interesse pelo papel da alimentação é um fenômeno mais recente. Dois pesquisadores britânicos, Richard Doll e Richard Peto, tiveram uma contribuição essencial nesse sentido, quando no início da década de 1980 estimaram que cerca de 30% dos casos de câncer no mundo estariam relacionados a dietas inadequadas. Esse número, que continua válido até hoje, não é desprezível e significa que um número expressivo de pessoas poderia evitar o problema por meio da melhoria de seus hábitos alimentares.
Diferentes organizações internacionais, como o Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer (World Cancer Research Fund) e o Instituto Americano para a Pesquisa do Câncer (American Institute for Cancer Research), e nacionais, como o Instituto Nacional do Câncer (Inca), recomendam o consumo diário de pelo menos 5 porções de frutas e verduras (cerca de 400 g) para a prevenção da doença.
Aline Sarmento, que é nutricionista especialista em Nutrição Clínica e Terapia Nutricional, conta que a relação entre dieta e câncer está bem estabelecida, e estima-se que fatores de nutrição e estilo de vida sejam determinantes em um terço de todos os tipos de câncer. "Dieta variada com elevado consumo de frutas, hortaliças e fibras, consumo baixo de alguns tipos de gordura e ingestão calórica moderada, além da prática de atividade física está intimamente relacionada ao risco reduzido de diversos tipos de câncer", diz.
No Brasil, observa-se que os tipos de cânceres que se relacionam aos hábitos alimentares estão entre as seis primeiras causas de mortalidade pela doença. Uma pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Ibope sobre o perfil do consumo de alimentos, realizada em 2010, encontrou como prioridades a conveniência e a praticidade, com 34%, o que pode, entre outros fatores, contribuir para a mudança no padrão do consumo alimentar no país que é, principalmente, constituído por alimentos de alto teor energético e baixo teor de nutrientes.
"O consumo de alimentos in natura é cada vez menor e vem sendo substituído pelos processados e ultraprocessados, evidenciando maior consumo de alimentos muito calóricos, ricos em gorduras, nitritos e nitratos e preservados com sal (fatores de risco), além de um baixo consumo de alimentos como frutas, vegetais e cereais (fatores de proteção), configurando uma dieta de risco", ressalta.
Para ela, é fundamental que tenhamos uma alimentação diária a base de frutas, verduras e legumes de forma variada e consistente. "Faço um destaque para os alimentos fonte de antioxidantes recomendados pelo Inca de acordo com o que observou-se em evidências científicas", diz Aline Sarmento. Veja que alimentos são esses no final da matéria.
A nutricionista oncológica do Cecon, Laysla Guerra, diz que vitaminas, minerais e fibras, frutas e verduras contêm uma série de compostos chamados de bioativos ou fitoquímicos, capazes de interferir em vários processos alterados nas células durante o desenvolvimento da doença. "Eles podem auxiliar na redução do processo inflamatório e na redução do estresse oxidativo".
A profissional diz o que devemos privilegiar na alimentação para prevenir a doença. "Uma dieta colorida e variada é importante para conseguirmos uma gama maior de nutrientes. Devemos ter um consumo adequado de fibras e outros nutrientes através das folhas verdes e frutas, gordura boa através das oleaginosas, peixes e laticínios, preferir carboidratos integrais e reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados como refrigerantes, pratos congelados e macarrão instantâneo, por exemplo".
Alimentos fonte de carotenoides: mamão, cenoura, abóbora, suco de laranja, tomates, pitanga, goiaba;
Alimentos fonte de luteína e zeaxantina: espinafre e couve;
Alimentos fonte de Vitamina C: frutas cítricas (acerola, caju, goiaba, laranja, morango) e folhosos verde-escuros;
Alimentos fonte de Vitamina E: semente de girassol, gema de ovo, óleos de sementes, nozes, amêndoas, grãos integrais e gérmen de trigo;
Alimentos fonte de Flavonoides: suco natural de uva e vinho tinto, além de alimentos como café, chá-verde, chocolate e própolis.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta