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Chegada da primavera aumenta risco de doenças alérgicas e virais

Chegada da primavera aumenta risco de doenças alérgicas e virais

Nessa época, o pólen das árvores, flores e gramíneas viaja mais facilmente no ar e pode trazer consequências negativas à saúde, além das alterações climáticas

Publicado em 26 de setembro de 2021 às 09:32

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Espirro
Espirro: sintomas gripais. (Divulgação)

A primavera, estação mais florida do ano, começou na última quarta-feira (22). Nessa época, todavia, o pólen das árvores, flores e gramíneas viaja mais facilmente no ar e pode trazer consequências negativas à saúde. Junto às alterações climáticas da mudança de estação, há o surgimento ou agravamento de quadros relacionados a doenças alérgicas, respiratórias e virais.

"Os ácaros são pequenos animais que convivem no meio ambiente que também convivemos. Nesta época do ano, eles se proliferam com mais facilidade, já que a baixa umidade do ar propicia que eles permaneçam em dispersão por mais tempo", diz Fátima Rodrigues Fernandes, coordenadora do departamento de Alergia e Imunologia do Sabará Hospital Infantil.

A médica esclarece que alergias são as reações exageradas do sistema imunológico a certas substâncias estranhas ao organismo, chamadas alérgenos. Dentre estes, estão os ácaros, pólens e pelos de animais.

Uma das mais comuns reações do corpo é a rinite alérgica, uma inflamação das mucosas nasais. "Ela se manifesta com espirros, coriza, entupimento ou congestão nasal e muita coceira no nariz", relata Mauro Karl, alergologista do Hospital Santa Teresa (RJ).

A resposta aos alérgenos também pode aparecer nos olhos. São os quadros de conjuntivite alérgica, explica o médico, uma inflamação na mucosa ocular. "É aquele tecido vermelho do olho, que vemos ao puxar a pálpebra para baixo. O tecido inflama e causa irritação, coceira, lacrimejamento e uma sensação de incômodo com a luz", diz.

A diferença para outros tipos de conjuntivite, como as causadas por bactérias ou vírus, é que a alérgica costuma atingir os dois olhos simultaneamente. "Ela também não causa aquela secreção purulenta e causa menos dor, tem um incômodo menor que a infecciosa", esclarece Karl.

Segundo o médico, os dois quadros, de rinite e conjuntivite, podem manifestar-se juntos. Da mesma forma, a rinite alérgica pode estar associada a quadros de asma, outra doença comum na primavera.

A asma é uma condição respiratória crônica que pode ser causada ou desencadeada por fatores ambientais como poeira, ácaros, mofo, pólen e cigarro, conta a médica do Sabará Hospital Infantil. Tosse persistente, chiado no peito, falta de ar e cansaço são sintomas da doença.

Com a chegada da nova estação, os médicos recomendam medidas que podem evitar que os alérgenos entrem em contato com as vias respiratórias. Arejar os ambientes, utilizar capas antialérgicas nos colchões e travesseiros, limpar a casa adequadamente, sem o uso de vassoura, são exemplos de ações preventivas.

"Também é preciso diminuir a exposição ao pólen, que fica na atmosfera principalmente no período da manhã. Para quem já é alérgico ao pólen, recomenda-se não fazer caminhada em ambientes que tenha muita vegetação", indica Karl.

O alergologista acrescenta que há ferramentas de previsão de clima e tempo que, além da temperatura e precipitação, mostram também a previsão da quantidade de pólen nos locais, como o The Weather Channel. "Assim como se prevê o clima, é interessante que a pessoa consulte a ferramenta para ajudar nessa prevenção", diz.

VACINAÇÃO EVITA DOENÇAS VIRAIS

Na primavera, a incidência de quadros infecciosos causados por vírus aumenta, principalmente entre crianças. A catapora, por exemplo, é uma doença altamente contagiosa, cuja maior ocorrência se dá no período de transição entre o inverno e a primavera.

"Os vírus têm uma circulação maior na primavera e verão, por causa do ambiente seco, da falta de vacinação adequada e do aumento de número de casos nessa época", explica Raquel Muarrek, infectologista da Rede D'or.

Além da catapora, que causa lesões avermelhadas na pele e coceira, outras doenças devem acender o alerta nessa época do ano. Dentre elas, o sarampo, a rubéola e a caxumba.

O sarampo é um dos quadros mais graves e pode ser fatal. Seus sintomas incluem febre, tosse, coriza ou congestão nasal, irritação nos olhos e manchas vermelhas na pele. Por sua vez, a rubéola causa febre baixa e lesões avermelhadas na pele.

O principal sinal da caxumba é o inchaço das glândulas salivares, que ficam na região do pescoço, o que gera dificuldade para engolir e mastigar, além de dor. Todavia, cerca de 30% das infecções não apresentam inchaço dessa área, o que faz com que as pessoas possam demorar para identificar a doença.

Todas as doenças citadas são evitadas com vacinação. "A vacinação de catapora é com a quádrupla viral, com duas doses, que protege também contra sarampo, rubéola e caxumba", explica a infectologista da Rede D'or.

Muarrek relembra que, se a pessoa não lembra se tomou as vacinas, há exames para verificar se tem defesa para aquelas doenças ou a possibilidade de revacinação. Por isso, é importante consultar um médico. "A principal conversa em relação às doenças de primavera é: atualize sua carteira de vacinação", complementa.

SAIBA MAIS | DOENÇAS DA PRIMAVERA

O que muda na primavera?

Público mais acometido por doenças da época:

Principais doenças relacionadas à estação:

Asma

Doença respiratória crônica que causa inflamação dos brônquios.

Sintomas:

Rinite alérgica

Doença inflamatória da mucosa do nariz.

Sintomas:

Conjuntivite alérgica

Inflamação do olho causada por um alérgeno, como poeira, ácaro ou pólen.

Sintomas:

Catapora

Doença infecciosa e altamente contagiosa causada pelo vírus Varicela-Zoster.

Sintomas:

Sarampo

Doença infecciosa grave causada pelo vírus do sarampo (Morbillivirus).

Sintomas:

Rubéola

Doença infecto-contagiosa causada pelo Rubivirus.

Sintomas:

Caxumba

Doença infecto-contagiosa causada pelo vírus Paramyxovirus.

Sintomas:

Medidas de prevenção

- Estar com a vacinação em dia

- Deixar os ambientes ventilados

- Lavar roupas de cama e toalhas com frequência

- Fazer a limpeza da casa com aspirador de pó ou pano úmido

- Evitar varrer a casa para não levantar a poeira

- Evitar exposição à fumaça de cigarro, poeira e poluição

- Utilizar umidificador de ar

- Realizar lavagem nasal com soro fisiológico

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Fontes: Fátima Rodrigues Fernandes, coordenadora do departamento de Alergia e Imunologia do Sabará Hospital Infantil; Mauro Karl, alergologista do Hospital Santa Teresa (RJ); Raquel Muarrek, infectologista da Rede D'or; Ministério da Saúde.

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