O vídeo do parto da filha caçula dos apresentadores Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert deu o que falar nesta semana. As imagens, gravadas em outubro de 2019, foram exibidas no programa "Bem juntinhos", do GNT, e mostram o casal comendo a placenta da filha. “Para chocar a sociedade”, brinca a médica, que entrega o órgão ao casal no vídeo.
E realmente chocou! O assunto foi parar nos trends das redes sociais com as pessoas dividindo opiniões se comeriam ou não o órgão. Vale lembrar que este não é o primeiro caso que ganha repercussão.
Em 2016, o Brasil descobriu que Bela Gil, filha de Gilberto Gil, ingeriu a placenta com vitamina de banana após dar à luz ao seu segundo filho, Nino. "Muitos se chocaram ao saber que comi a minha placenta depois do parto do Nino", escreveu ela, na época.
A prática de comer placenta é chamada placentofagia e, embora incomum no Brasil, é seguida principalmente nos Estados Unidos e em países da Europa. No país da América do Norte, a placenta é encontrada inclusive em cápsulas.
Lá em 2016, Bela Gil já explicava. "Não há estudos que comprovem seus benefícios, mas a placenta é rica em nutrientes e hormônios, pode diminuir o risco de depressão pós parto e deve ser uma escolha da mulher consumi-la ou não".
Mas o que os médicos falam sobre o assunto? Fomos atrás de especialistas para entender o assunto.
De acordo com artigo publicado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP), a placentofagia é praticado por múltiplas razões como o aumento do bem-estar materno, promoção da involução interina, aumento da produção de leite, diminuição da depressão pós-parto, efeitos estéticos e melhora da imunidade. Porém, os médicos dizem que ainda não há estudos conclusivos e publicados em bancos científicos de renome sobre o caso.
"Não há estudos que comprovem seus benefícios, mas a placenta é rica em nutrientes e hormônios, pode diminuir o risco de depressão pós parto e deve ser uma escolha da mulher consumi-la ou não", explica a ginecologista e obstetra Eloisa Pinho
A ginecologista Gabriele lomonte, membro da Sociedade de Ginecologia do Espírito Santo, reforça a questão da não existência de estudos científicos que comprovem a eficácia de comer placenta no que diz respeito à saúde. “Apesar de certas culturas e sociedades acreditarem nos benefícios relatados na placentofagia, ao pesquisarmos em bancos de dados científicos como PubMed, Scielo entre outros, não encontramos estudos científicos bem desenhados que demonstram os benefícios desta prática”, diz.
As profissionais ainda levantam os perigos que se encontram ao ingerir o órgão in natura como feito pela apresentadora da Globo. “Os perigos se comparam ao consumo de outras vísceras, do ponto de vista sanitário, aumentando as chances de contrair infecções como protozooses, infecções bacterianas e virais”, diz Gabriele lomonte.
Eloisa também explica que existe risco de infecção e contaminação pelas toxinas e hormônios que se acumulam no órgão durante a gestação. “Se ingerida sem nenhum preparo, pode trazer alguns problemas. Doenças que podem acometer a mulher na gestação como toxoplasmose, hepatite, HIV. E outra pessoa comendo também pode acabar contraindo a doença. Além disso, a placenta tem grande quantidade de hormônios que vão atuar de alguma maneira em quem está recebendo”.
Eloisa Pinho conta que diferentemente de outros mamíferos, que comema placenta in natura, algumas pessoas preferem formas mais palatáveis para comê-la, como misturar em uma vitamina de banana ou em cápsulas de placenta em pó. Nos Estados Unidos, há inclusive uma empresa que produz estas cápsulas.
A atriz Fernanda Machado já contou que ingeriu o órgão na versão em cápsulas para dar uma força no puerpério. O mesmo fizeram as socialites Kardashian (as três irmãs consumiram suas próprias placentas).
Mesmo em versão industrializada, o consumo ainda não é recomendado pelas profissionais. "Cientificamente, independente da forma ingerida, ela não traz benefícios e pode transmitir algumas doenças infectocontagiosas. Para transformá-las em cápsulas, as placentas são cozidas no vapor, fatiadas, desidratadas e transformadas em pó, que serão inseridos em cápsulas para serem ingeridas pelas respectivas doadoras", finaliza Eloisa.
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