O evento recente e polêmico da menina de 10 anos que engravidou após ter sido vítima de estupro no município de São Mateus, no Norte do Estado, chocou e chamou a atenção não apenas dos leitores de A Gazeta, mas de toda a população. De acordo com o relato à Polícia Civil do Espírito Santo, a vítima afirmou que era abusada pelo tio desde os seis anos de idade. Diante dos fatos, muitos pediram esclarecimentos sobre quais são, afinal, os sinais que uma criança pode manifestar ao ser vítima de uma violência e como a população pode estar atenta à isso?
Segundo a psicóloga Adriana Müller, comentarista da Rádio CBN Vitória, é preciso estar atento e desenvolver o olhar para ver os sinais que indicam uma violação na criança. Em entrevista ao jornalista Fábio Botacin, durante o quadro CBN e a família desta terça-feira (18), a psicóloga ressalta as mudanças que as crianças manifestam aos adultos ao estarem passando por uma situação de abuso ou violência.
A psicóloga explica que é gerado um conflito interno nas crianças após o abuso, por não saber como proceder. "Ao mesmo tempo em que a vítima deseja que o abuso pare ao denunciar ou conversar sobre o que aconteceu, a criança fica preocupada com o 'bem estar do agressor após a denúncia'. Mesmo assim sempre são demonstrados sinais de que algo incorreto aconteceu" , ressalta.
De acordo com Adriana, por muitas vezes a criança também se sente duplamente violada ao narrar o que aconteceu para alguém e ser desacreditada. Como consequência de não ter sido acolhida diante da sua confissão, a criança poderá modificar o seu "padrão habitual" e em quase todos os casos a vítima tenta se manifestar da sua própria maneira.
Ter um declínio no desempenho escolar, por exemplo, um bom aluno pode se transformar em um aluno com nota baixa; começar a ficar mais calado, mais reservado ou até mesmo mais agressivo.
Relatos de dores físicas ou incômodo na área genital, principalmente.
Medos súbitos de estar com uma pessoa específica, repulsa de chegar perto do agressor. A criança também pode se tornar extremante mais reservada.
A psicologa ressalta que, no momento em que familiares notarem o que está ocorrendo com a criança, é preciso ter uma conversa calma e séria com a vítima, dando o espaço necessário, pois nesse momento ela tomou a coragem de falar. "O melhor a se fazer é conversar com a criança, ela muitas vezes está aguardando que notem os sinais para que possa se abrir com uma pessoa de confiança. Percebendo os sinais, vamos chamar a criança para conversar e falar o que estamos vendo: você está triste? Está com medo de alguém? Desde quando?", destaca.
Caso seja afirmado que a criança foi vítima de um abuso sexual ou suspeitas sejam presentes, é mais do que necessário uma denúncia por meio do telefone do Disque 100. O serviço nacional de ajuda pode ser acionado há qualquer momento, sem a necessidade de identificação.
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