O acesso facilitado à internet exige um comportamento rígido e sempre vigilante dos pais e responsáveis por crianças. A rede é um espaço de relacionamento entre amigos, de estudos, mas também possui conteúdos que não são apropriados para os pequenos, como a pornografia — conteúdo envolvendo ato sexual. Por ser atividade comercial, a produção de materiais pornográficos é feita para chamar cada vez mais a atenção dos usuários, "pescando" quem procura por temas similares, o que preocupa mães e pais, que temem pelo conteúdo visto por seus filhos nos aparelhos eletrônicos.
A artista capixaba Maria Sanz passou pela experiência de notar que as pesquisas do filho na internet envolviam conteúdo pornográfico. A colunista de A Gazeta disse ter ficado assustada ao identificar o tema no histórico de buscas e resolveu transformar sua conversa com o filho em uma carta, intitulada "Na verdade, uma mentira".
As pesquisas que ela identificou começavam com a citação do nome de uma garota. À época com sete anos, ele buscou por "menino beijando menina", depois por "beijo na boca", como escreveu a colunista.
"Na hora em que vi, confesso, sofri. Na verdade, quase morri. É enlouquecedor pensar numa criança vendo adultos copulando para uma câmera. Insuportável, para ser sincera. E mesmo sabendo que o mundo anda enlouquecido, e que era óbvio que você, com um iPad nas mãos, mais cedo ou mais tarde teria acesso a esse conteúdo. Doeu a beça", relata Maria Sanz na carta.
Ao longo do texto, a artista faz questão de ressaltar a importância do diálogo com as crianças e avalia necessária a diferenciação de pornografia e amor.
A explicação é essencial e deve ser levada adiante quando o assunto é pornografia, comenta a psicóloga Adriana Müller, comentarista do quadro CBN e a Família. Em entrevista ao jornalista Mário Bonella, da CBN Vitória, ela explica que não existe momento correto para ter uma conversa com as crianças sobre pornografia na internet. Cada responsável deve encontrar, na rotina e no perfil da criança, um espaço para abordar o assunto.
De acordo com a psicóloga, em casa o tal "momento certo" pode ser, como ocorreu com Maria Sanz, o primeiro contato dos pais com essa questão.
A dica de Adriana Müller é: "Não deixe passar a oportunidade", diz a psicóloga, lembrando do susto que a artista capixaba tomou ao ler o histórico de busca do filho na internet.
A psicóloga ressalta que, mesmo que as crianças mais novas não tenham perguntas muito elaboradas ou que fiquem na dúvida sobre os órgãos sexuais de meninos e meninas, é preciso sempre explicar. Pode ser que o diálogo sobre sexo comece ali.
O que não deve ser feito, segundo Adriana Müller, é repreender as perguntas ou indicações das crianças. É preciso acatar as manifestações dos pequenos. "O diálogo morre ali quando as crianças apontam o que viram ou ouviram e os pais brigam imediatamente", reforça.
Ainda nos primeiros parágrafos de sua carta divulgada na coluna, Maria Sanz escreve: "O problema não é o sexo, filho". A percepção, compartilhada entre a mãe e a psicóloga, é que o acesso ao conteúdo pornográfico pode gerar um vício.
A comentarista do CBN e a Família alerta para os cuidados com o acesso ao conteúdo: "O cuidado é entender que o consumo de pornografia vai moldando a identidade da pessoa".
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