A campanha mundial Novembro Azul aborda principalmente câncer de próstata, doença que deve atingir cerca de 68 mil novos casos no Brasil só este ano. Mas vamos aproveitar o mês de conscientização para falar dos cânceres exclusivamente masculinos. O câncer de pênis e o de testículo também fazem milhares de vítimas no mundo todos os anos, apesar de serem preveníveis.
Descoberto no início de seu desenvolvimento, o câncer de próstata tem quase 100% de chance de cura após o tratamento. Apesar dos avanços terapêuticos, cerca de 25% dos pacientes com essa doença ainda morrem. No Brasil, por mais que seja um problema com perfil de crescimento lento, cerca de 20% dos casos são diagnosticados em estágios avançados, destaca o cirurgião oncológico Gustavo Guimarães, que é diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do grupo BP-A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
A desigualdade de acesso aos serviços de saúde é um dos fatores que levou ao aumento da mortalidade por câncer de próstata no país nas últimas três décadas.
Muito se fala que há excesso de diagnóstico e que muitos tumores, de tão indolentes, poderiam não ser tratados. Em alguns casos, isso até pode ocorrer, mas em um país com desigualdade de acesso aos programas de rastreamento, como é o caso do Brasil, devemos sim incentivar a população a fazer os exames, afirma o especialista.
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que os homens a partir de 50 anos procurem um profissional especializado, para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O rastreamento deverá ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em decisão compartilhada com o paciente. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de 10 anos.
O câncer de próstata é multifatorial, mas o envelhecimento, a alimentação desequilibrada, alterações na glândula prostática e histórico familiar são alguns dos fatores que requerem uma maior atenção. O envelhecimento é o principal fator de risco. Raramente a doença acomete homens com menos de 40 anos. A maioria dos pacientes que desenvolvem o câncer de próstata tem mais de 50 anos e dois terços têm mais de 65 anos. Além disso, : Dieta rica em gordura, particularmente de origem animal, com alto teor de cálcio, pode aumentar o risco.
Dor ou ardência ao urinar
Dificuldade para urinar ou para conter a urina
Fluxo de urina fraco ou interrompido
Necessidade frequente ou urgente de urinar
Dificuldade de esvaziar completamente a bexiga
Sangue na urina ou no sêmen
Dor contínua na região lombar, pelve, quadris ou coxas
Dificuldade em ter ereção
De acordo com o cirurgião oncológico Gustavo Guimarães, no Brasil, em 2018, foram diagnosticados 1,2 mil novos casos de câncer de pênis, mais do que o dobro do México, com 570 registros, a segunda maior incidência entre os países da América Latina e Caribe. Em terceiro está a Venezuela, com 294 casos. A incidência brasileira equivale a 35% de todos os tumores de pênis diagnosticados nesta região. Os números observados no Brasil também são proporcionalmente altos quando o assunto é mortalidade por esta doença. O Brasil responde por 402 das 982 mortes registradas nos países latino-americanos e caribenhos.
Em relação ao câncer de pênis, os principais fatores de risco são a falta de higiene do órgão, fimose, infecções virais e comportamento sexual de risco. É fundamental intensificar a difusão de informação qualificada sobre estes temas para a sociedade, alerta Guimarães.
O médico afirma que quando a doença está localizada (restrita ao pênis), o paciente tem 82% de chance de sobrevivência em cinco anos. Considerando todos os casos registrados nos Estados Unidos, independentemente da fase de descoberta da doença, 67% vivem, ao menos, cinco anos ou mais.
O câncer de pênis é uma doença evitável. As principais medidas preventivas são lavar o órgão com água e sabão (incluindo a glande). De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a fimose aumenta em quatro vezes o risco de surgimento de lesões malignas na glande e prepúcio. A entidade recomenda a realização do autoexame do pênis, com repetição mensal, como estratégia simples para a identificação precoce de lesões de aspecto suspeito. Recomenda-se também vacinar os meninos contra o vírus HPV (a vacina está disponível no SUS) e realizar sexo com proteção.
- Dor
- Mudança na cor e textura da pele do pênis
- Crescimento ou lesão semelhante a verrugas que podem ou não ser dolorosas
- Coceira
- Ferida que não cicatriza
- Erupção avermelhada
- Inchaço
- Corrimento persistente e com cheiro forte
- Linfonodos inchados na virilha
Com 3,7 mil novos casos anuais, o Brasil registra a segunda maior incidência da América Latina de câncer de testículo, atrás apenas do México, que teve 4,6 mil homens diagnosticados no ano passado. A maior prevalência no continente é observada no Chile, com 9,7 casos para cada 100 mil chilenos. No Brasil, a prevalência é de 2,8 casos.
Diferentemente do câncer de próstata, que atinge, em sua maioria, homens com idade acima de 50 anos, com os tumores de testículo, por sua vez, o diagnóstico, comumente, vem em idade mais precoce. Com 32 mil novos casos registrados em homens entre 15 e 34 anos, o câncer de testículo é o tipo mais comum nessa faixa etária no mundo.
Em relação ao câncer de testículo, a principal causa é a criptorquidia, que é quando o testículo não desce corretamente da cavidade abdominal onde se desenvolve durante a vida uterina para a bolsa escrotal. Outros fatores de risco são atrofia testicular, antecedente familiar e infecção pelo vírus HIV, explica Gustavo Guimarães.
De acordo com o especialista, para se prevenir é fundamental a realização do autoexame, que é feito apalpando regularmente os testículos. Um fator que dificulta o diagnóstico precoce no Brasil é o fato de ser muito comum o homem associar qualquer alteração no testículo com alguma doença venérea ou trauma recente. A maioria tem medo de falar sobre o assunto, principalmente com as esposas e as mães, sendo um tabu para adolescentes, afirma Guimarães. Embora o câncer de testículo tenha baixa mortalidade, o sucesso do tratamento é maior quando a doença é descoberta precocemente.
A maioria dos casos ocorre entre as idades de 15 e 50 anos, sendo o mais comum no mundo na faixa dos 15 aos 34 anos. Os homens brancos têm de 5 a 10 vezes mais chances de desenvolver câncer testicular do que os homens de outras raças. Quando há história familiar de câncer de testículo, o risco é aumentado.
- Nódulo pequeno, duro e indolor
- Mudança na consistência dos testículos
- Sensação de peso no saco escrotal
- Dor incômoda no baixo ventre ou na virilha
- Coleta súbita de fluido no escroto
- Dor ou desconforto no testículo ou no saco escrotal
- Crescimento da mama ou perda do desejo sexual
- Crescimento de pelos faciais e corporais em meninos muito jovens
- Dor lombar
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta