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Coronavírus: ao usar álcool gel no corpo ele pode ser absorvido pelo fígado?

Coronavírus: ao usar álcool gel no corpo ele pode ser absorvido pelo fígado?

A dúvida circulou pela Internet, falando inclusive em possibilidade de cirrose. Mas especialistas explicam que não há evidências do surgimento da doença como consequência do uso de álcool 70%. E orientam que e o produto deve ser utilizado nas mãos

Publicado em 11 de setembro de 2020 às 14:55

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Mulher passando álcool em gel nas mãos: cuidados com a pele
Médicos explicam que  o correto é higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel antes de levá-las aos olhos, boca ou nariz. (Unsplash)

O álcool em gel se tornou item de primeira necessidade. Assim como a água e sabão, o produto é fundamental no combate do coronavírus. Com a duração da pandemia, muita gente passou a utilizar o álcool em gel em diversas partes do corpo, como forma de se proteger do vírus. Mas será que está correto? Ou ao passar o produto em braços, pernas e cotovelos, por exemplo, ele pode ser absorvido pelo fígado, causando até cirrose? Essa foi uma dúvida que circulou nas redes sociais, deixando muita gente apreensiva. e a Revista.ag ouviu especialistas pra saber dos riscos reais.

A gastroenterologista Sarah Pilon Faria, do Hospital MedSênior, explica que ao usar álcool pelo corpo, para se proteger do coronavírus, não existe a possibilidade de ele ser absorvido pelo fígado. "A correta higienização das mãos com álcool a 70% é eficaz, segura e não causa toxicidade no organismo. Há estudos demonstrando que a porcentagem de álcool absorvida através da pele é muito baixa e fugaz, não havendo, portanto, a possibilidade de causar danos ao fígado".

A médica ressalta ainda que a ingestão de bebidas alcoólicas é bem conhecida por causar efeitos adversos à saúde, como cirrose hepática, demência e câncer, mas não há evidências até o momento do surgimento de cirrose como consequência da frequente higiene com álcool 70%. "Por outro lado, a limpeza das mãos tem um benefício claro e bem definido na prevenção e redução da propagação da infecção pelo coronavírus", diz.

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Há estudos demonstrando que a porcentagem de álcool absorvida através da pele é muito baixa e fugaz, não havendo, portanto, a possibilidade de causar danos ao fígado

Sarah Pilon Faria
Gastroenterologista
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O álcool, quando utilizado corretamente nas mãos, unhas e punhos, leva em torno de 30 segundos para secar. Para evitar queimaduras, o recomendado é que a pessoa aguarde alguns minutos após a aplicação para fazer atividades que envolvam fontes de calor, como acender a chama do fogão. "Vale ressaltar que em casa pode ser feita a higienização das mãos com água e sabão, que é tão eficaz quanto o álcool. O uso frequente do líquido na pele remove parte da nossa camada natural de gordura, levando ao ressecamento. Por isso a pele fica mais áspera e é possível que ocorram rachaduras, irritação e dermatites", conta Sarah Pilon Faria.

 VÍRUS NÃO ENTRA PELA PELE

O infectologista Lauro Ferreira Pinto ressalta que não faz sentido passar álcool pelo corpo porque o vírus não entra pela pele. "Tem pessoas que têm passado álcool pelo corpo e acabam se queimando. Não faz sentido, o vírus entra pelas mucosas como nariz, olhos e bocas. Faz sentido higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel antes de levá-las a essas partes do corpo".

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Não faz sentido passar álcool pelo corpo porque o vírus não entra pela pele, mas pelas mucosas como olhos, bocas e nariz

Lauro Ferreira Pinto
Infectologista
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O médico diz ainda que é preciso destacar que nesses momentos difíceis o confinamento aumenta os problemas mentais de neurose e psicose. "Pessoas que possuem algum tipo de Transtorno Obsessivo Compulsivo (Toc) estão mais exageradas com a limpeza e vendo o vírus em tudo que é coisa que chegue perto da gente. Esse exagero de limpeza não deixa de ser um transtorno. As neuroses, psicoses as obsessões aumentaram. É preciso ter muita paciência e lembrar que o vírus está nas pessoas".

E A PELE DO CORPO?

A dermatologista Karina Mazzini explica os perigos de se passar álcool em gel no corpo, como pernas e braços. "O álcool em gel em excesso quebra a barreira hidrolipídica da pele, resseca e reduz a sua proteção natural. Pode ainda causar dermatites, aumentar a chance de queimaduras e ser a porta de entrada para infecções".

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O uso de álcool em gel em partes do corpo pode causar dermatites, aumentar a chance de queimaduras e ser a porta de entrada para infecções

Karina Mazzini
Dermatologista
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É preciso cuidado, pois se ficar o resíduo de álcool em gel na pele e a pessoa se expuser ao sol, pode aumentar o risco de queimadura. "Houve casos de queimadura pelo excesso de álcool em gel. Com a chegada do verão, se as pessoas estiverem na praia ou expostas ao sol, dê preferência por lavar as mãos com água e sabão", reforça.

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