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Coronavírus: sem remédio e vacina, como as pessoas se curam da covid-19?

Coronavírus: sem remédio e vacina, como as pessoas se curam da covid-19?

A pessoa é considerada curada depois de 14 dias do início dos sintomas, mas ainda não dá para saber quanto tempo os curados permanecem com as defesas naturais criadas pelo organismo contra a doença. Nem se essas defesas evitam outra infecção

Publicado em 10 de julho de 2020 às 19:55

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Há dezenas de vacinas em alguma fase de teste no mundo, mas ainda não existe nenhum com ação comprovada contra a covid-19  . (Pixabay)

Desde 26 de fevereiro, quando o primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil, a população teve que aprender e se adequar a uma série de medidas com objetivo de se prevenir do vírus. E também passou a entender sobre a covid-19. Mesmo com tantos estudos e informações, uma das principais dúvidas ainda é: como as pessoas se curam da covid-19?

A pesquisadora em epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo, Ethel Maciel, explica que uma pessoa que se infecta com o novo coronavírus pode apresentar sintomas das doença ou não. "Algumas são assintomáticas e outras têm poucos sintomas. Um percentual menor (cerca de 20%) apresenta uma forma grave da doença e precisa ser hospitalizado. A pessoa é considerada curada depois de 14 dias do início dos sintomas, mas algumas ainda poderão ter testes positivos após esse período.  Por isso, antes do retorno às atividades é importante ter uma nova testagem", diz.

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A pessoa se cura espontaneamente, já que é o próprio organismo que dá a resposta suficiente para matar o vírus e eliminá-lo do organismo. Quando isso acontece a gente diz que a pessoa foi curada. Ela depende única e exclusivamente da resposta inflamatória que o organismo dá ao ter contato com o vírus. Como acontece na maior parte das doenças virais respiratórias, é o nosso organismo que combate.

Rúbia Miossi
infectologista
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A infectologista Rúbia Miossi diz que a pessoa se cura espontaneamente, já que é o próprio organismo que dá a resposta suficiente para matar o vírus e eliminá-lo do organismo. "Quando isso acontece a gente diz que a pessoa foi curada. Ela depende única e exclusivamente da resposta inflamatória que o organismo dá ao ter contato com o vírus. Como acontece na maior parte das doenças virais respiratórias, é o nosso organismo que combate".  Porém ainda não dá para saber quanto tempo os curados de covid-19 permanecem com as defesas naturais criadas pelo organismo contra a doença. "Não se sabe ainda. Nem se essas defesas naturais são suficientes pra evitar outra infecção pelo mesmo vírus".

Ethel Maciel explica que ainda não dá para saber ao certo por quanto tempo dura essa imunidade. "Um estudo recente apontou que pessoas com sintomas leves podem ter imunidade por menos tempo. Então, ainda há muito o que entender do coronavírus, mas é preciso que se reconheça que, em seis meses, sabemos mais dessa doença do que outras que estão conosco há mais tempo". 

Remédio

Ainda não existe remédio nem vacina com ação comprovada contra a covid-19, de acordo com médicos, hospitais e instituições de saúde de todo o mundo. Nem o uso da hidroxicloroquina, medicamento usado contra a malária e outras doenças, tem a comprovação confirmada. "Nos testes que utilizaram altas doses em laboratório, o que chamamos in vitro, que não são compatíveis com as doses suportadas por humanos, não houve nenhum ensaio clínico randomizado que comprovasse sua eficácia para tratar essa doença. Não há medicamentos antivirais para o coronavírus", explica a pesquisadora em epidemiologia Ethel Maciel. 

dexametasona, medicamento da classe dos corticoides, entra como um dos medicamentos para tratamento dos pacientes na fase de inflamação, que é a fase da segunda semana da doença, quando o paciente tem necessidade do uso de oxigênio. "Ela age justamente como um anti-inflamatório de alta potência, diminuindo a inflamação que é a resposta que nosso organismo dá ao contato com o vírus. Algumas pessoas, ao ter o contato com o coronavírus, por volta do sétimo dia, ao invés de responderem adequadamente na parte inflamatória, com a eliminação do vírus e melhora, têm uma reação inflamatória exagerada. E essa resposta inflamatória precisa ser controlada com essa medicação. Ele só é indicado para pacientes internados, não tem indicação para  quem está em casa", explica a infectologista.

Com relação à vacina contra o coronavírus, há dezenas em alguma fase de teste no mundo. Dois estudos de vacinas, listados entre os mais promissores, são realizados no Brasil. A produzida pela empresa AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, do Reino Unido, já entrou na fase de testes em humanos no país. Porém, ainda não é possível dizer quando uma vacina contra a doença estará disponível para população. "Duas vacinas estão em fase 3, a última fase de teste. Caso os resultados sejam tão bons como nas etapas anteriores de pesquisa, é possível que tenhamos uma vacina no início do ano que vem", diz Ethel.

Tratamento

Algumas pessoas podem estar com o coronavírus e não manifestarem nenhum sinal, mas mesmo assim transmitir a doença. Por isso, o ideal é o isolamento para aqueles que podem ficar em casa. A infetologista Rúbia Miossi explica que, para casos leves, é indicado o uso de antitérmicos e analgésicos para tratar a febre e dor no corpo, além de remédio para o controle de nariz escorrendo. "Pacientes em casos graves são internados, onde é feito o tratamento conforme a necessidade de cada um, avaliando o que ele precisa, como o uso de oxigênio ou outros tratamentos. Mas nenhum deles é tratamento específico de coronavírus", explica Rúbia. 

Use máscara

Além da lavagem constante das mãos e do uso do álcool em gel, caso saia de casa, a máscara continua sendo um dos meios de prevenção ao coronavírus. Elas ajudam a evitar a disseminação do vírus, como reconhece o Ministério da Saúde. "O uso da máscara continua sendo de fundamental importância porque, de fato, é o que mais tem prevenido a transmissão. Além do distanciamento social e evitar aglomerações. Quem está curado da covid-19 é recomendado que continue usando máscara até que tenhamos comprovado que, quem já pegou, não será novamente contaminado. Isso ainda não é comprovado. O ideal é que todos continuem se cuidando, mesmo quem já tenha tido contato com o coronavírus e esteja curado", explica Rúbia Miossi. 

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