A má alimentação é um dos fatores que podem influenciar o aparecimento de doenças ao longo da vida, inclusive diferentes tipos de câncer. Por isso, estimular que as crianças comam de maneira balanceada é dever, não apenas dos pais, mas de toda a sociedade. O tema foi discutido no painel Cardápio Infantil: Alimentação Saudável Também é Coisa de Criança, do 8º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer, realizado entre os dias 20 e 24 de setembro.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS ), entre 30% e 50% dos cânceres podem ser prevenidos com hábitos saudáveis — por exemplo, ter uma alimentação balanceada, praticar atividades físicas e evitar o uso de álcool e cigarro.
Uma dieta baseada em alimentos com alto índice de açúcar e gordura, como refrigerantes e biscoitos, é muito prejudicial ao corpo porque pode alterar a capacidade de absorção dos nutrientes, explica Virgínia Resende Silva Weffort, presidente do departamento científico de nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, que foi uma das debatedoras do painel.
Na opinião da médica, é importante olhar para a saúde da criança desde antes do nascimento, investindo em uma alimentação balanceada durante o período de gestação e de aleitamento. "Quanto mais tempo a mãe puder amamentar, melhor", afirma.
"A saúde infantil, muitas vezes, não é vista como prioridade", diz a nutricionista Elisa Mendonça, analista de saúde no Instituto Desiderata, organização que promove ações de melhoria na saúde infantojuvenil. Ela afirma que promover a saúde da criança passa pela adoção de políticas públicas para a criação de ambientes que estimulem hábitos saudáveis em escolas e empresas.
A campanha Quem Quer Prevenir a Obesidade Infantil Levanta a Mão, apoiada pelo instituto, defende o projeto de lei 1662/2019, em pauta na Câmara de Vereadores da cidade do Rio de Janeiro. A iniciativa propõe a criação de salas para a coleta de leite materno nas empresas e impede que estabelecimentos comerciais deixem alimentos que contenham alto índice de açúcar, como doces e balas, ao alcance das crianças pequenas — eles devem ficar em prateleiras com mais de 1,5 m.
Em 2019, a pesquisa Crianças Brasileiras, feita pelo Instituto Locomotiva, apontou que 9 em cada 10 pais são influenciados pelos filhos quando estão no supermercado. Além disso, 70% dos entrevistados afirmam que gastam mais quando estão com as crianças, e 30% dizem que sempre vão às compras na companhia dos filhos.
Para Maria Góes de Mello, responsável pela iniciativa Criança e Consumo, do Instituto Alana, proteger as crianças do excesso de estímulos consumistas, como a publicidade infantil, também é zelar por uma alimentação saudável.
Ela afirma que as crianças estão em desenvolvimento progressivo e que "não são miniadultos". Segundo a especialista, o tipo de estímulo gerado pela publicidade de guloseimas e alimentos ultraprocessados pode ocasionar hábitos prejudiciais — muitas vezes difíceis de serem revertidos no futuro.
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