A artesã e designer capixaba Jacqueline Chiabay vai levar um pouco do Espírito Santo para a Espanha, na 8ª Bienal de Arte Têxtil Contemporânea, que acontece de 17 de setembro até 3 de novembro em Madri. A obra de Jacqueline estará dentro da exposição TraMares, que acontece paralela a Bienal e reúne 21 artistas de diferentes locais do Brasil, sendo ela a única capixaba.
A designer explica que foi convidada - através da curadoria de Juan Ogea, Renata Mirelles e Eva Soban - a criar essa obra e depois selecionada para integrar a TraMares na Bienal. Eles conheceram o meu trabalho por meio de outra exposição, realizada em Paraty em 2017 (A TENET), onde expus uma obra desta série com o nome de Divino do Espírito Santo - que na ocasião foi até elogiada pelo idealizador da Bienal, o colombiano Pilar Tobon, compartilha Jacqueline.
Para ela, é fundamental na trajetória de todo artista ter reconhecimento e ver essa valorização ganhando o mundo. É a constatação de que vale a pena seguir com nossos objetivos e lutar por eles, mesmo que muitas pedras apareçam no caminho. É muito especial também ver o objeto artesanal contemporâneo atrair o olhar do mundo como arte, comemora a designer.
A OBRA
A obra faz parte de uma série chamada Divinos do Espírito Santo, que faz referência ao símbolo da paz, o qual dá nome ao Estado da artista. A escultura pertencente à exposição é a Cattleyas do Espírito Santo, e sua proposta é enaltecer as orquídeas, que são abundantes e muito presente na biodiversidade Capixaba.
Jacqueline explica ainda que o conteúdo da obra tem como objetivo valorizar os modos de produção artesanal e a diversidade étnica do Espírito Santo. A proposta é de valorizar os fazeres artesanais do crochê, macramê e bordados, que expressam as raízes e tradições culturais de nosso povo, trazidos pela imigração europeia, complementa ela.
Além dessa valorização da cultura, a obra traz um forte apelo sócio ambiental, já que as tramas da escultura foram feitas com tiras e lantejoulas reutilizadas das aparas do couro de cabra - que vieram da indústria de vestuário. E todo o processo de composição apesar de ser idealizado pela designer, contou com a parceria de artesãs de comunidades rurais e mulheres do sistema prisional. Neste sentido vale ressaltar esse apelo sócio ambiental que está embutido em todo o processo da obra, que representa o objeto contemporâneo brasileiro trabalhado de forma consciente, sustentável, com muita emoção e amor, avalia Jacqueline.
SOBRE A BIENAL
A 8ª Bienal de Arte Têxtil Contemporânea, é realizada pela Organização Mundial da Arte Têxtil - WTA, que foi criada em 1997 pelo artista colombiano Pilar Tobón. A sede da WTA fica em Miami, na Flórida, EUA.
Até hoje já foram realizadas 7 bienais, sendo duas nos Estados Unidos, uma na Venezuela, uma na Costa Rica, uma na Argentina, uma no México e uma Uruguai.
De acordo com o site do evento, os objetivos gerais são: fortalecer, incentivar e promover a manifestação artística de artistas têxteis contemporâneos nos níveis local, nacional e internacional; proporcionar um evento experimental; criar no público uma sensibilidade para esse tipo de manifestação artística e fortalecer os laços de solidariedade entre artistas de todo o mundo e público local. Nesta edição, o evento traz o tema Cidade sustentável, e tem como objetivo trazer o foco para artistas que se expressam através de fibras e tramas.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta