Como está sua vibe nesta reta final? Bateu a canseira e agora você só quer que 2019 acabe logo? Ou até está satisfeito com o ano que passou, mas sente que poderia ter feito um pouquinho mais por você mesmo? Todo mundo faz um balanço nesta época. Mas, independente de o saldo ser positivo ou negativo, não é hora de se lamentar!
O momento é perfeito para buscar novas vibrações, chacoalhar as emoções, acalmar os ânimos. E,se for o caso, mudar. Sim! Dá tempo de mudar hábitos que não estão legais a partir de agora. Não precisamos esperar a virada do ano pra isso! Assim, começamos 2020 nos sentindo mais renovados.
Com a ajuda de especialistas, elaboramos uma listinha de dicas para te inspirar nessa jornada. Você pode estar precisando se alimentar melhor. Quem sabe não é agora que você vai aprender a meditar? Pode estar querendo desapegar-se de coisas velhas do armário e voltar a se apegar aos amigos de verdade. Ou largar um pouco o celular e se conectar mais com a natureza.
Não tem nada do outro mundo, certo? É mais fácil do que você pensa, como afirma a psicóloga Cássia Rodrigues: Na virada do ano, é primordial ter essa capacidade de resiliência, que é saber aguentar a pancada da vida e voltar para um estágio melhor.
Para ser resiliente, diz ela, é preciso primeiro perdoar a si próprio por não ter dado conta de cumprir o que prometeu. Não deu certo? Tem que entender que é possível se dar uma nova oportunidade. É olhar para dentro de si, descobrir suas limitações. É simples, mas é profundo ao mesmo tempo.
Foi o que fez a química Susany Freitas Chiabai de Aguiar, 30 anos, que percebeu que precisava comer melhor. E conseguiu. Eu sempre pratiquei exercício e fiz algumas dietas, mas nunca me preocupei muito com a qualidade do que eu comia. O foco era emagrecer. Até que fui a uma nutricionista e resolvi pensar mais na saúde. Hoje leio um rótulo antes de comprar um produto e prefiro comer comida fresca. Parece besteira, mas faz uma diferença danada!, conta ela.
Alimentar-se de forma mais saudável vai, com certeza, fazer com que você passe esse final de ano mais leve, em todos os sentidos. É o que explica a nutricionista Beatriz Gaudio: O alimento é toda a energia que colocamos para dentro de nós. Quando temos uma alimentação mais natural e limpa, conseguimos conservar nossa saúde, desacelerar o processo de envelhecimento, propiciar sensação de leveza e energia, revigorar os sentidos, enviar mensagens corretas ao corpo e aumentar a sensação de bem-estar.
Beatriz lembra que fazemos parte da natureza, e nosso corpo identifica e digere melhor alimentos que são derivados dela. Quando consumimos muitos industrializados e alimentos contaminados, o nosso corpo não consegue processar perfeitamente, produzindo toxinas que nos levam a um estado de desequilíbrio e mal-estar. A Ayurveda - medicina milenar que diz que a saúde é um estado de completude - diz que podemos ter muito conhecimento, mas se não estivermos bem nutridos não haverá serventia alguma. Ou seja, a comida mais pura mantém a mente mais pura, trazendo o bem-estar completo, defende ela.
Se você se alimenta bem, bebe água o suficiente, parabéns! Agora, se chega ao final do dia com uma sensação estranha, sufocante até, de que não respirou direito, pode estar na hora de aprender a meditar. Não estamos falando de religiosidade. Você não precisa ser budista para fazer isso. Aí você pode estar pensando: Ah, mas sou muito agitado! Meditação é para gente zen. Tá enganado. Saiba que essa prática milenar vem sendo cada vez mais estudada pela ciência e reconhecida por seus benefícios para mente e corpo. Nem todo mundo que tenta consegue de primeira.
Pelo menos, a miss Brasil 2010 Débora Lyra Gava, não conseguiu de cara. Tentei inserir isso na minha vida, mas não via sentido. Não achava nada interessante, admite a empresária e palestrante de 30 anos.
Mas algo aconteceu que a fez repensar. No início do ano, bati com o carro por uma total falta de atenção e foco. Comecei a praticar cinco, dez minutos por dia. E desde então tenho me apaixonado cada vez mais. Quando dei sentido, ficou mais fácil.
Débora usa um aplicativo nessa tarefa. E garante que esses poucos minutinhos de meditação têm feito muita diferença na rotina dela. Melhorou na questão da ansiedade, no meu sono Muita gente acha que você se desliga na meditação. Mas não é assim. Na verdade, você fica muito mais acesa, com atenção para o que precisa de atenção. Fico sete minutos focada. E isso me deixa mais concentrada em outras atividades também, explica.
Os aplicativos podem ser ótimos guias para quem tem interesse em começar a meditar, segundo o psicólogo, psicoterapeuta corporal e professor de ioga Ernesto Grillo Rabello. Eles podem auxiliar bastante. Até recomendo para alguns clientes.
Para ele, porém, a maioria das pessoas faz uma imagem diferente da meditação, associando a simplesmente sentar de pernas cruzadas e olhos fechados e não pensar em nada. Na verdade, não se trata de não pensar em nada. Em geral, o conflito se encontra. Vêm sensações, imagens A meditação é justamente deixar o pensamento vir e depois passar. Aí você se atenta para sua respiração, em como está se sentindo. Os pensamentos vão vir, e você volta à respiração. Até que depois de um certo tempo, você encontra esse esvaziamento, aponta.
Ou seja, você acha que sabe respirar, mas não sabe. As pessoas costumam ter essa respiração curta, localizada no tórax. No ritmo frenético do dia a dia, chegam a ter uma sensação de falta de ar. Mas se respirarem cinco vezes mais profundamente, já verão uma diferença. É o simples fato de pausar para se perceber, algo que a gente não faz muito hoje em dia, comenta Ernesto.
Esta época do ano pode servir de pretexto para se iniciar nessa prática. Culturalmente, as pessoas vão aumentando o ritmo de trabalho até o final do ano, quando está todo mundo cansado e faz uma paradinha. Seria bom se dar oportunidade de tentar e insistir na meditação por um mês. Os efeitos vão acontecer. Não é algo milagroso. Não é a resposta para todos os problemas. Mas uma ferramenta tão antiga não está até hoje aí à toa. Comece por cinco minutos. Pare, respire e faça um acordo com você de levar isso para o resto do dia, da semana, sugere Ernesto.
Débora diz que faz e refaz seus planos diariamente. Já passei dessa fase de achar que mudança é só final de ano. Pode ser algo diário. Claro que tem essa vibe da passagem de ano Mas eu prefiro rever minhas metas a cada vez. Vou recapitulando e replanejando. O que posso diminuir, o que posso acelerar. E chego ao final do ano com tudo mais equilibrado, com uma energia mais alta.
Tem outra forma de relaxar de olhos fechados bem prazerosa e benéfica. Sabe como? Dormindo. Se precisa recuperar o fôlego de um ano intenso e de pouco descanso, tente agora melhorar esse hábito essencial para a sobrevivência. Especialistas dizem que o ideal é dormir cedo e acordar cedo. Isso tem que ser regular. O sono é fundamental, fisicamente, emocionalmente. A quantidade de sono varia um pouco de pessoa para pessoa. Eu vou dormir sempre à meia-noite e acordo às seis, sete horas. Isso me recompõe, repõe minhas energias, garante o médico Manoel Rocha.
Dormir se tornou um pesadelo para pessoas mais aceleradas. Por isso, outra dica para este final de ano é desacelerar. A gente hoje tem muita pressa. As coisas são muito rápidas, temos que decidir tudo imediatamente. Ninguém tem muita paciência para esperar, E vão desarmonizando, desequilibrando muita coisa por causa da correria, observa o médico.
Outra forma de buscar mais energia é estar mais em contato com o verde. Foram os japoneses que se atentaram primeiro para isso e começaram a estudar mais profundamente a relação entre a saúde e a natureza, dando origem à chamada Terapia Florestal, uma prática que existe em vários países e que agora chega ao Brasil. A ideia básica é passar tempo em áreas florestais, naturais, com o objetivo de melhorar a saúde, o bem-estar e a felicidade, destaca Carla Zorzanelli, mestra em Ciências Holísticas e guia de terapia florestal que, há 15 anos, vem trabalhando com empresas, ONGS, startups e organizações internacionais.
A terapia florestal, segundo Carla, envolve uma leve caminhada. Mas não é uma caminhada no sentido tradicional.Ela é facilitada por um guia, dura de duas a três horas e, geralmente, não se percorre mais que meio quilômetro. Costumo fazer em parques, nas cidades. Mas ela pode ser praticada na praia, na montanha, no jardim. Não precisa necessariamente ser numa floresta, na mata fechada, explica.
De acordo com a guia, pesquisas recentes mostram que estar na natureza ajuda a regular o sistema nervoso, a pressão arterial e fortalece o sistema imunológico. Além disso, reduz os níveis de ansiedade, depressão, o cansaço, a hostilidade e a confusão mental. Os resultados mostram um enorme impacto positivo para o corpo e a mente. As pessoas se sentem mais vivas, relaxadas e passam a ter um melhor humor.
Algo que a bióloga Marina Geraldi, 26 anos, vem buscando em sua rotina. Tenho uma conexão com a natureza muito forte, sempre gostei muito de estar na floresta. Mas não posso ir sempre para esse ambiente. Morar perto da praia ajuda um pouco. Mas atualmente ando buscando mais estudos. Quero sentir mais a natureza, estar nela. Encontrei a terapia florestal e fiquei muito interessada em fazer, conta a jovem.
Ter mais contato com o verde revigora. Assim como manter contato com os amigos. Que tal aproveitar a época, deixar-se embalar pelo espírito natalino e rever aquele amigo que anda mais distante. As pessoas hoje têm muitos amigos virtuais. As relações precisam voltar a ser mais pessoais. É encontrar alguém querido, ver seu brilho no olhar, emprestar seu ouvido, sua atenção. Não dá só pra mandar áudio e mensagem de texto!, comenta Manoel Rocha.
O que combina muito bem com outro conselho para seguir nessa reta final com mais leveza: tente se desconectar um pouco. Se não dá para desligar o celular (mas você poder até tentar...), coloque limites para usá-lo. Pode definir horários para responder mensagens, silenciar o celular, colocar no modo não perturbe, sugere o professor de ioga Ernesto Grillo.
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