A crescente busca por contraceptivos não hormonais ou com menos efeitos colaterais além de mais seguros tem levado as mulheres a optar pelo DIU (Dispositivo Intrauterino). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o dispositivo já é o método anticoncepcional reversível mais utilizado no mundo, devido a alta eficácia, sendo a chance de falha de 0,7%, no de cobre, e 0,2%, no Mirena.
Diagnosticada com Síndrome do Ovário Policístico (SOP) aos 16 anos, a advogada Camila Coelho começou a fazer uso de pílula anticoncepcional. Depois de 7 anos de uso contínuo do medicamento identificou que as fortes enxaquecas que sentia na época tinham relação com o método. Após exames, suspendeu o uso e passou a utilizar apenas camisinha pra evitar a contracepção.
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Recentemente, com 25 anos, ela resolveu colocar o DIU por achar mais conveniente. Não me adaptei ao anticoncepcional hormonal e precisava de um método contraceptivo mais prático e seguro que a camisinha. Coloquei o DIU de cobre em abril, tive um deslocamento, tirei e coloquei novamente em junho, conta a advogada que completa: Considero um método muito eficaz, que se molda muito bem ao modelo de vida da mulher moderna.
Os dois tipos mais comuns de dispositivos intrauterinos disponíveis no mercado são: o de cobre ou prata, cuja a ação consiste na liberação de íons que impedem a movimentação do espermatozoide sendo indicado para quem busca uma anticoncepção mais natural. E o hormonal, ou Mirena, que funciona com a emissão de pequenas doses do hormônio levonorgestrel no útero. Esse último também pode ser utilizado em casos de reposição hormonal em mulheres mais velhas, e para bloqueio da menstruação. O melhor método vai depender das características e expectativas de cada paciente.
Uma das vantagens do DIU é o tempo de ação, o de cobre possui validade de dez anos, enquanto o Mirena, de até 5 anos. Em ambos os casos, o recomendado é que seja feito um monitoramento com visitas periódicas ao médico e exames de imagem. O cuidado é importante para identificar possíveis anormalidades. Camila identificou que o dispositivo estava fora do lugar em uma das idas ao ginecologista. Ela relata que sentiu uma cólica muito forte durante uma semana, causada pelo fato de ele ter se deslocado alguns milímetros, o que é considerado normal. Na segunda vez que coloquei deu tudo certo. A cólica persistiu somente nos primeiros dias e, atualmente, durante meu ciclo menstrual, que ficou mais intenso do que quando não usava o DIU, conta.
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SEM CÓLICAS E ESPINHAS
Raquel Mathiazi, de 24 anos, faz cerca de 3 ultrassonografias por ano para verificar se está tudo certo com o dispositivo. Usando o método Mirena há cerca de um ano e meio, ela diz que sua qualidade de vida melhorou radicalmente. Eu sempre tive muito problema com hormônios, sempre sentia bastante cólica no período menstrual, e sempre tinha espinhas também. Hoje em dia eu quase não tenho mais menstruação, dura no máximo um dia. E eu não sinto dor nenhuma. Posso estar em qualquer lugar que, se eu ficar menstruada, não vai mudar nada, e isso é a melhor coisa da minha vida!, afirma a estudante.
Raquel já usou outros métodos, como a injeção hormonal, o anel vaginal e a pílula anticoncepcional, mas não se adaptou. A injeção causava muito desconforto, a pílula não a deixava segura por motivos de esquecimento, e o anel era uma opção muito cara. Noiva, no fim da faculdade e sem planos de ter filhos no momento, ela considera que o maior benefício do DIU é a tranquilidade.
Eu sempre fui muito neurótica de achar que estava grávida. Eu nunca senti segurança, na pílula principalmente. Todas as vezes eu ficava com medo. Agora eu não tenho mais isso, eu confio no método e tenho o conforto de fazer o que eu quiser sem ficar preocupada.
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ADEUS AOS ENJOOS
Para Keila Paiva, de 34 anos, o DIU foi a solução encontrada para dar fim aos enjoos constantes que sentia com a pílula anticoncepcional. Adepta do dispositivo de cobre há 6 anos, a principal motivação foi acabar com os efeitos colaterais que sentia com os outros métodos. Além da pílula tradicional, ela também tentou a contracepção hormonal injetável e relata ter tido um ganho de peso significativo.
A gravidez, que já estava começando a ser programada, veio antes do tempo, no intervalo entre desistir da injeção hormonal e ponderar o retorno para a pílula. Após a gestação e agora mais atarefada por conta da nova rotina como mãe Keila não podia arriscar um método ineficaz e também priorizou a praticidade. Conversei com a minha ginecologista e decidi pelo DIU. Com a pílula, além dos sintomas, tinha o risco de esquecer de tomar, a questão dos horários. Com a vida corrida, filho, trabalho, casa, optei por algo mais prático que me desse segurança, comenta.
Keila conta que o procedimento de colocação foi indolor e não houve mudanças significativas no fluxo menstrual. Ela diz não ter tido nenhuma reação, mas admite ter um excesso de cuidado, fazendo exames de seis em seis meses, tempo menor que a indicação usual. Totalmente adaptada, ela brinca: Eu gosto muito, nunca tive problemas e sempre indico para as minhas amigas. A principal vantagem é que eu não esqueço, já está dentro de mim.
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CONTRAINDICAÇÕES
De acordo com a chefe da Unidade de atenção à saúde da mulher do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes, Neide Aparecida Tosato, no geral, não há contraindicações em relação ao uso, e a escolha do método pode ser moldada às necessidades de cada mulher. A ginecologista costuma indicar o DIU para as suas pacientes e afirma ainda que é preciso desmistificar algumas coisas. Algumas pessoas ainda acreditam que ele pode ser abortivo, o que não é verdade. Ele apenas impede a concepção. Gosto muito do método por ser um anticoncepcional de longa duração, sem maiores riscos de trombose ou de falhas humanas, como esquecimentos, afirma Tosato.
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