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Endometriose: doença é difícil de diagnosticar

Endometriose: doença é difícil de diagnosticar

57,3% das mulheres passam por três médicos até conclusão

Publicado em 22 de abril de 2018 às 22:13

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Recentemente, a atriz Tatá Werneck revelou que tem endometriose. “Sofro muito”, disse ela a uma revista feminina sobre esse problema grave, que provoca dores intensas e pode acabar com as chances que uma mulher tem de ser mãe. Tatá descobriu a causa de suas fortes cólicas, mas muitas mulheres convivem com o sintoma todo mês sem saber que o motivo é a endometriose. A doença não é tão fácil de ser diagnosticada.

Segundo uma pesquisa do Grupo de Apoio às Portadoras de Endometriose e Infertilidade (Gapendi), feita com três mil mulheres que têm a doença, 57,3% delas disseram ter consultado mais de três médicos para chegar ao diagnóstico final. Outras 38% levaram de 5 a 8 anos para descobrir a razão de tanto sofrimento.

“A endometriose, apesar de ser muto estudada, ainda não é muito bem entendida”, afirma a ginecologista Lorena Baldotto.

A doença tem perfil progressivo e crônico. Os primeiros sinais podem surgir na adolescência, mas nem sempre são detectáveis em exames comuns. A dor é um dos principais sintomas. Mas nem sempre é sentença para a endometriose.

“Algumas pessoas morrem de cólicas, fazem exames e não têm nada visível, só um foco pequeno, às vezes difícil de achar. E outras sentem uma dor moderada e, quando fazem os exames, se deparam com alguma alteração, vão pesquisar, e é endometriose. Depende muito da sensibilidade da mulher à dor”, destaca a médica.

Intensidade

“A intensidade dos sintomas não guarda relação com a intensidade da doença. Há casos de mulheres com grau de endometriose avançado e que têm poucos sintomas. E outros em que elas têm muitos sintomas, mas a doença em um grau leve”, complementa a ginecologista Layza Merizio Borges, especialista em reprodução humana e professora do curso de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Segundo ela, outro problema é que exames mais simples não dão conta de fazer um diagnóstico exato. “O ultrassom, por exemplo, só diagnostica quando a doença afetou os ovários”, cita Layza.

A endometriose não tem cura, mas tem controle. “Não é um câncer, mas se comporta de forma parecida, já que invade os tecidos. Por isso, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor é feito o controle da doença. Se tem outros casos de endometriose na família, já acende sinal de alerta para uma investigação mais detalhada”, aponta Layza.

A descoberta cedo pode evitar complicações quanto à fertilidade. “Se o grau da doença for leve e a mulher quiser ter filhos, pode antecipar a gravidez ou congelar os óvulos para garantir a preservação da fertilidade”, cita.

MITOS E VERDADES SOBRE A DOENÇA

Tirar o útero cura a endometriose

Mito

No início do século XX, acreditava-se que a doença era causada porque uma parte do endométrio, em vez de descer apenas pela vagina, subia pelas tubas uterinas e caía no abdômen. Hoje, já se sabe que não há apenas essa relação para explicar o aparecimento da endometriose.

Por isso, a histerectomia (remoção do útero) não é solução. “Antes, tirava-se o órgão. Hoje, removem-se os focos da doença”, diz a ginecologista Rosa Neme. O fato de a atriz Lena Dunham ter escrito um texto na “Vogue” americana sobre ter retirado o útero aos 31 anos por causa das dores da endometriose deixou ainda mais gente confusa. “Nos EUA, eles ainda fazem isso. O tratamento aqui é mais conservador e eficaz”, diz a ginecologista.

Ter cólicas fortes é certeza de endometriose

Mito

Apesar de a cólica menstrual ser o sintoma mais frequente, nem sempre ela está associada à doença. As dores podem ser provocadas por outras inflamações na pelve, cistos, miomas e alguns tumores. Mas, quando o paciente se queixa de dor, mesmo em graus mais leves, o médico precisa considerar a possibilidade de endometriose.

Exercícios físicos ajudam no controle da doença

Verdade

Exercícios aeróbicos de média e alta intensidade liberam bastante endorfina, que, por sua vez, inibe a atuação do estrógeno. Como a endometriose é ligada à ação desse hormônio feminino, a atividade física é um coadjuvante interessante no tratamento. Além disso, melhoram a imunidade, inibindo o aparecimento e crescimento da doença, já que uma das hipóteses para o desenvolvimento da endometriose é uma alteração do sistema imunológico da mulher.

Há uma dieta específica para esses pacientes

Em partes

Uma alimentação saudável é a base para o cuidado de diversas doenças, e com a endometriose não é diferente. No entanto, não existe uma dieta específica. É preciso evitar alimentos com estrógeno (como frangos criados em confinamento) e soja. Recomenda-se também pouco glúten devido ao efeito inflamatório intestinal, que pode contribuir para a distensão abdominal e dores na mulher com endometriose.

Não há cura para essa doença

Verdade

Mas apesar de não ter cura definitiva, a endometriose possui opções de tratamento. A escolha da terapêutica mais adequada dependerá da severidade dos sintomas e do grau da doença instalada.

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Fonte: O Globo e Estadão

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