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Entenda o que é ECMO, o pulmão artificial usado por Paulo Gustavo

Entenda o que é ECMO, o pulmão artificial usado por Paulo Gustavo

A Oxigenação por Membrana Extracorpórea é capaz de funcionar como um pulmão e um coração artificiais para pacientes que estão com os órgãos comprometidos

Publicado em 5 de abril de 2021 às 16:43

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O humorista Paulo Gustavo
O humorista Paulo Gustavo está na UTI fazendo tratamento contra o coronavírus. (Globo/João Cotta)

O ator Paulo Gustavo, internado com covid-19, apresentou piora da função pulmonar na última sexta-feira (2). A assessoria explicou que, por "reajustes terapêuticos", o artista evoluiu para terapia por ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) na UTI.

A terapia é realizada por meio de uma máquina, capaz de funcionar como um pulmão e um coração artificiais para pacientes que estão com os órgãos comprometidos. "É uma técnica muito avançada no qual o sangue é retirado do corpo, passa através de uma bomba e de uma membrana de oxigenação, e essa membrana de oxigenação substitui o pulmão, exercendo a função do órgão naquele momento que está danificado. Após essa fase,  este sangue renovado é novamente injetado no corpo, rico em oxigênio para nutrir as células", explica a pneumologista Dyanne Moyses Dalcomune.

A médica conta que a terapia é indicada para pacientes que não respondem aos tratamentos usuais utilizados para a correção do déficit de oxigenação. "Nos casos provocados pela covid-19, embolia pulmonar ou pneumonia, por exemplo. Existem dois tipos, tem aquela que substitui apenas o pulmão e a que substitui o pulmão e o coração. A equipe médica, que acompanha o paciente 24 horas, é que vai definir a mais indicada", diz Dyanne.

O cardiologista Luiz Guilherme Velloso, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, explica que a ECMO pode ser utilizada em pacientes de qualquer idade. E que ela é indicada em doentes com lesão pulmonar grave, em que um ventilador mecânico, mesmo utilizando todos os recursos tecnológicos do equipamento, não permite obter a oxigenação adequada do sangue. "Nesse momento, onde há risco de lesão de órgãos por oxigenação insuficiente e também de lesão dos pulmões por pressão ou quantidade excessiva de oxigênio no ventilador mecânico, a ECMO é uma alternativa importante".

Benefícios

A ECMO permite que o paciente permaneça vivo enquanto outras manobras terapêuticas atuam sobre os pulmões e/ou coração gravemente lesados. "No caso da lesão pulmonar pela Covid-19, a terapia ganha tempo para que outras intervenções melhorem os pulmões, o suficiente para que o paciente siga bem oxigenado apenas com a ventilação mecânica, a caminho da cura, que muitas vezes leva bastante tempo para ser atingida", diz Luiz Guilherme Velloso. 

 O cardiologista ressalta que o risco mais comum é a formação de coágulos no equipamento, que podem passar para a circulação do paciente. "Para evitar isto, são utilizados medicamentos anticoagulantes, que por sua vez aumentam o risco de sangramentos importantes". A pneumologista Dyanne Moyses diz que, por ser um procedimento muito complicado, tem o risco de inúmeras outras complicações como sangramento, tromboses ou infecções. 

Quando é recomendado

A modalidade veno-venosa da ECMO é indicada em situações de insuficiência respiratória, com deficiência importante de oxigenação ou retenção crítica de gás carbônico. "As situações agudas e potencialmente reversíveis, decorrentes de infecções como a Covid-19 ou H1N1 são exemplos. Mas a terapia pode ser utilizada em situações crônicas, como ponte para outras terapêuticas como o transplante pulmonar", explica Luiz Guilherme Velloso. 

A modalidade veno-arterial da ECMO é utilizada quando há falência do coração para bombear e manter um fluxo sanguíneo mínimo compatível com a vida, no caso de infartos miocárdicos extensos, por exemplo. "Na Covid-19 isso pode ocorrer ocasionalmente, por uma miocardite aguda fulminante, ou por uma embolia pulmonar maciça; ambas as situações são potencialmente letais, porém reversíveis", diz o cardiologista. Porém, o médico ressalta que a terapia não deve ser utilizada em lesões pulmonares ou cardíacas irreversíveis, ou que não possam ser corrigidas por outras manobras terapêuticas, pois ela é uma manobra de suporte de vida transitória e não um tratamento definitivo.

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