A caligrafia desenvolve mais habilidades do que o ato de digitar Paula Stange [email protected] Qual foi a última vez que você teve que escrever algo à mão? Parece que, em plena Era digital, essa habilidade ficou até antiquada, sem utilidade. Mas para a ciência, ela continua muito importante.
Numa época em que prevalecem a troca de e-mails e de mensagens pelo celular, uma pesquisa publicada na revista científica The Journal of Learning Disabilities mostrou que a escrita e tanto faz se é de forma ou cursiva ajuda no desenvolvimento do cérebro. Digitar não traria o mesmo efeito.
Para o neurologista Flávio Sekeff Sallem, faz todo o sentido. Não perder a escrita é fundamental, mesmo para pessoas que já nasceram em um ambiente digital, defende o médico.
Segundo ele, a caligrafia estimula áreas específicas do cérebro. Digitar é algo mais simples. Exige, basicamente, uma habilidade motora, de usar os dedos, e duas funções cognitivas: a localização espacial do teclado e a linguagem. Já escrever à mão é uma tarefa mais complexa, que exige uma coordenação motora fina e não grosseira, e ativar funções como de leitura, memória e gramática, por exemplo.
Relação
No estudo, os pesquisadores analisaram a relação entre a escrita e o desempenho escolar de crianças e constataram que aquelas que tinham uma letra mais bonita, ou seja, uma coordenação motora fina superior, se deram melhor na escola.
O hábito, de acordo com o neurologista, se mostra benéfico não só às crianças, como aos adultos também. Tanto que chega a virar uma prescrição médica. A gente pede aos pacientes com Alzheimer, por exemplo, que escrevam. Pode ser para si mesmo ou para filhos e netos. Mas que escrevam. Pois isso exercita a memória, a linguagem, explica Sallem.
Mesmo sendo uma usuária da tecnologia, a artista visual Simone Saiter é uma apaixonada pela caligrafia e fez dela seu principal modo de vida. Escrever à mão exige técnica, treinamento para adquirir essa habilidade. Quanto mais se pratica, mais leveza e delicadeza ganham os traços, afirma.
Ao contrário do que muita gente pensa, Simone diz que escrever à mão não é algo apenas mecânico. É preciso saber observar, replicar, desenvolver traços específicos, comenta ela.
Lettering
Mas tem gente despertando para essa arte, talvez até pela beleza que é. O chamado lettering virou moda e está nas paredes de cafeterias badaladas da cidade, em camisas, capas de livros, roupas, convite de festas etc.
O lettering é uma letra mais desenhada, que tem muitas voltas e contornos. Requer criatividade e sempre fazer algo novo, formando ua harmonia. Ele tem diversas possibilidades artísticas. Em um dos meus trabalhos mais recentes, desenhei sobre um andaime, a cinco metros de altura, conta Simone.
A gente pede aos pacientes com Alzheimer, por exemplo, que escrevam. Pode ser para si mesmo ou para filhos e netos. Pois isso exercita a memória, a linguagem Flávio Sekeff Sallem neurologista Vitor Jubini
Simone mostra um trabalho usando a técnica do lettering, que virou tendência: criatividade e traços precisos
COMO A CALIGRAFIA AJUDA
Para crianças
- Facilita o aprendizado de letras e formas.
- Aprimora habilidades motoras.
- Ajuda a criança a se expressar melhor.
Para adultos
- Facilita a memorização de datas, números e palavras.
- Melhora o desenvolvimento de ideias
- Estimula o raciocínio rápido por mais tempo.
Fonte: Isto É
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