A apresentadora do "Mais Você", Ana Maria Braga, revelou na manhã desta segunda-feira (27), no encerramento do programa, que está enfrentando mais uma batalha contra o câncer. Ela contou que foi diagnosticada, no início deste ano, com adenocarcinoma no pulmão e que iniciou o tratamento, que consiste numa combinação entre quimioterapia e imunoterapia.
Ana Maria disse ainda que, no ano passado, tratou dois outros tumores no pulmão, sendo que um deles foi operado e o outro tratado com radiocirurgia.
"Infelizmente, fui diagnosticada com outro câncer de pulmão, é adenocarcinoma o nome científico dele, semelhante aos outros, mas que é mais agressivo e não é passível de cirurgia ou de radioterapia. Descobri agora no começo do ano. Já estava sabendo há um tempo. No dia 24 de janeiro, eu recebi o primeiro ciclo de tratamento, uma combinação de quimioterapia com imunoterapia, contou a apresentadora, que tem 70 anos.
Além do câncer no pulmão, Ana Maria também já enfrentou um câncer de pele, em 1991, e câncer no reto, em 2001.
O radio-oncologista Nivaldo Kiister, do Instituto de Radioterapia Vitória (IRV), explica que cerca de 40% dos tumores de pulmão são adenocarcinomas, que começam nas células que revestem os alvéolos e produzem substâncias como muco. Ocorrem principalmente em pessoas fumantes e ex-fumantes, mas há casos em que a pessoa nunca fumou e desenvolveu a doença. Também é mais frequente em mulheres.
"O mais importante foi que ela iniciou o tratamento imediatamente. Câncer de pulmão é sempre correr contra o tempo. Dependendo do estágio, o adenocarcinoma pode ser difícil de remover por cirurgia. Ele cresce rápido e é agressivo porque tem capacidade de gerar metástases. As chances de curar um câncer de pulmão em estágio avançado são pequenas, embora existam. Depende de como o corpo reage às drogas administradas, explica Kiister.
A aposta dos médicos agora é uma combinação de quimioterapia com imunoterapia. De acordo com a oncologista Taynan Nunes Ribeiro, esse tratamento é o que há de mais moderno e mais recente para combater vários tipos de câncer. "A combinação entre a quimioterapia e a imunoterapia foi aprovada pela Anvisa em 2019. A imunoterapia já era usada de forma isolada. Mas estudos recentes mostraram que a combinação era muito mais eficaz", destaca ela.
A quimioterapia é um tratamento mais antigo para combater o câncer. Nele, são utilizados medicamentos que se misturam com o sangue e são levados a todas as partes do corpo, destruindo as células doentes que estão formando o tumor e impedindo, também, que se espalhem. Já a imunoterapia é uma nova ferramenta para combater esse tipo de tumor.
"Só mais recentemente temos descoberto o papel da imunoterapia. Nela, as drogas atuam reativando nosso sistema imune e fazendo com que ele próprio reconheça e combata os tumores. Isso porque o tumor cria mecanismos que fazem com que o organismo não reconheça as células cancerígenas como células estranhas e, assim, esse tumor vai convivendo sem ser combatido", diz o oncologista clínico Cristiano Drumond.
A imunoterapia vem apresentando resultados muito bons, segundo o médico, em tratamentos contra diferentes tipos de câncer, como o de rim, de bexiga, de pâncreas, por exemplo. "O método pode ser aplicado de duas formas: depois que o paciente fez um tratamento com radioquimioterapia e quimioterapia; ou, em outros cenários, isoladamente ou de forma combinada, quando há nódulos não ressecáveis, mais potentes", observa Drumond.
Segundo Taynan Ribeiro, a imunoterapia se mostra uma grande promessa para pacientes com câncer em metástase: "Em casos de câncer em estágio inicial não se usa imunoterapia porque não há estudos embasando isso. Pode ser que seja indicada no futuro. De qualquer forma, com a imunoterapia muitos pacientes com câncer em estágio avançado conseguiram manter a doença sob controle ou conseguiram até eliminar a doença por completo".
Efeitos colaterais como náusea, vômito, fadiga e outros bem debilitantes são mais associados ao tratamento por quimioterapia. Na imunoterapia, os efeitos são diferentes, como explica a oncologista. "Como a imunoterapia estimula o organismo a reconhecer e atacar as células do câncer, a imunidade da pessoa fica exacerbada. Daí, podem surgir outras doenças autoimunes, como vitiligo, hipotireoidismo, colite, entre outras. Não é muito frequente, mas é preciso monitorar", comenta Taynan.
Tratamentos como o de Ana Maria Braga ainda não estão acessíveis a toda a população. "Pelo Sistema Único de Saúde, nenhuma forma de imunoterapia foi aprovada ainda. Apenas no particular e por alguns convênios médicos", diz a especialista.
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