Uma pesquisa capixaba apontou os benefícios do kefir para idosos com Alzheimer. Após o tratamento, que durou três meses, os pacientes que consumiram o iogurte apresentaram melhora nos padrões neurológicos e de antioxidantes.
O estudo, publicado em janeiro, foi feito com um grupo de 13 pacientes com estado avançado da doença, um problema neurodegenerativo progressivo cuja característica mais marcante é a deterioração da memória e de outras funções mentais.
"Fizemos análises cognitivas no tempo zero e noventa dias depois. Observamos que houve uma melhora muito significativa nos níveis de memória, de atividade cognitiva, na percepção espacial, além de uma redução de radicais livres e de problemas de equilíbrio", afirma o pesquisador Thiago Melo Costa Pereira, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Farmacêuticas da UVV.
A pesquisa foi realizada por uma equipe multidisciplinar, envolvendo médicos, farmacêuticos, biólogos, nutricionistas e fisioterapeutas, em parceria ainda com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) e com Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, e recebeu recomendação da conceituada revista científica Nature.
Não é de hoje que a ciência aponta o poder dos probióticos para a saúde, sobretudo a saúde do intestino. E quando se fala em probióticos, no topo da lista está o kefir, um superalimento constituído de uma mistura de lactobacilos e bactérias "do bem".
De acordo com o professor Thiago Melo, também já está comprovada a relação direta entre intestino e cérebro. "Sabemos que existe um eixo intestino-cérebro. Eles são distantes geograficamente, mas sua conexão é muito alta. Tanto que muitas doenças cerebrais começam no intestino. Por isso, recuperar a microbiota do intestino significa melhorar a função cerebral", destaca.
E o kefir, diz o especialista, tem esse poder de regular a flora intestinal. Seu sabor é mais ácido, parecido com a coalhada. Por isso, muita gente gosta de consumir com frutas, com granola, com outras fontes de fibras. "Os idosos que participaram do estudo sentiram tanto os benefícios que continuaram tomando a bebida após os testes", comenta o pesquisador.
O grupo ingeriu o equivalente a um copo da bebida por dia, cerca de 140ml. "A quantidade é suficiente. E outra vantagem é que kefir é um alimento barato, acessível, que é obtido por doação. Então, pode ser consumido por pacientes ricos e pobres", observa Melo.
O professor lembra que o Alzheimer é uma doença sem cura e que os medicamentos hoje existentes só atenuam sintomas. "Em 2019, a Lancet, uma das principais revistas científicas do mundo, mostrou o Brasil é o segundo país com maior prevalência de Alzheimer nos últimos anos. Nosso estudo é o primeiro no mundo a apontar que o kefir pode ser um importante suplemento para pacientes com essa doença. No futuro, nada impede que o mesmo seja feito com outros estudos multicêntricos".
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