Estar atento aos sintomas e manter o acompanhamento regular com o ginecologista são formas de antecipar um diagnóstico de câncer de ovário que, em geral, só é feito quando a doença avança. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), esperam-se 6.650 casos novos desse tipo de câncer para o triênio 2020-2022, correspondendo a um risco estimado de 6,18 casos novos a cada 100 mil mulheres. Esse é o câncer que matou a atriz Eva Wilma, aos 87 anos, no último dia 15 de maio.
A oncologista Luana Pescuite, da Oncomédica da Samp, explica que o câncer de ovário é um tumor de crescimento silencioso e frequentemente é diagnosticado em estágios avançados. “O diagnóstico tardio pode impactar no resultado do tratamento e sobrevida da paciente”, afirma. “Assim, as pacientes devem ter um olhar atento a modificações em seu corpo e manter consultas regulares ao ginecologista, principalmente após os 50 anos”.
O câncer de ovário pode acometer qualquer faixa etária, porém, metade dos casos ocorre fora da idade reprodutiva, sendo mais diagnosticado acima dos 60 anos. Os principais fatores de risco são, além da idade, histórico familiar de câncer de ovário e de mama, primeira menstruação em idade precoce (antes dos 12 anos), menopausa tardia (após os 52 anos), obesidade e tabagismo. Mulheres que não tiveram filhos também podem ter mais chances de desenvolver a doença.
Segundo o INCA, o câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum, em primeiro está o câncer do colo do útero. "O câncer de ovário é uma patologia 'silenciosa', são tumores com crescimento lento e os sintomas demoram um tempo para surgir e normalmente aparecem quando a doença já está em estágios mais avançados", inicia a oncologista Carolina Nolasco Santana, do Cecon/Oncoclínicas.
"São três tipos mais comuns de tumores de ovário: tumores epiteliais (o mais comum, que começam nas células de revestimento da parte externa dos ovários), os tumores de células germinativas (originados nas células germinativas que dão origem aos óvulos) e os tumores estromais (originados das células que formam o ovário e que produzem os hormônios femininos)", completa.
Para ser realizado um diagnóstico mais precoce, os exames mais comuns são o ultrassom transvaginal, a tomografia de abdômen e pelve, além do exame de sangue do marcador CA-125. Carolina Nolasco conta que o médico também pode identificar o tumor durante o exame pélvico, em que apalpa os ovários e útero.
"Em casos mais avançados, pode ser necessário complementar o estadiamento com colonoscopia, ressonância magnética e tomografia por emissão de pósitrons (PET-TC). A confirmação do diagnóstico é feita por meio da biópsia", explica.
Em estágios iniciais, a paciente é submetida à cirurgia de citorredução (Salpingooforectomia total), em alguns casos sendo necessário quimioterapia complementar após a cirurgia, a depender do estadiamento da doença. "Nos estágios mais avançados, o tratamento se inicia com a quimioterapia neoadjuvante, com o intuito de se reduzir o volume de doença, para depois a paciente ser submetida à cirurgia", explica a oncologista Carolina Nolasco Santana.
A médica ressalta que as mulheres devem consultar regularmente o seu médico e ficar atentas aos sinais e sintomas, principalmente aquelas acima de 50 anos. "Alguns estudos mostram que fazer o uso dos contraceptivos orais podem reduzir o risco de acordo com a duração do uso de contraceptivos. Além disso, elas podem evitar o risco da doença mantendo um estilo de vida saudável, evitando o tabagismo e realizando atividade física regularmente", finaliza.
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