O uso da máscara se tornou algo imprescindível nas nossas vidas. O acessório feito em casa é um dos meios de prevenção ao coronavírus. Mas é preciso alguns cuidados básicos na hora de usá-la. Em carta recentemente publicada pelo periódico British Medical Journal (BMJ), epidemiologistas do University College London, no Reino Unido, alertam para possíveis efeitos colaterais do uso inadequado do acessório. Entre as principais reações adversas está a sensação de falsa segurança.
Só colocar a máscara no rosto não basta. Tem que ter cuidado ao manuseá-la, saber o tamanho correto para o seu rosto, além de adotar outras atitudes de prevenção. Para te ajudar a não errar mais, consultamos duas infectologistas sobre os erros mais comuns que as pessoas estão cometendo ao usarem a máscara caseira. Confira e se proteja.
Um dos erros mais comuns é o tocar na máscara com as mãos. A infectologista Rúbia Miossi, da Unimed Vitória, explica que a máscara é o que está servindo de barreira para proteger o usuário e as outras pessoas do contato com as secreções respiratórias que vêm de fora e que saem da boca e são barradas pelo acessório e não são jogadas em outras pessoas. "Quando colocamos a mão temos contato com essas secreções respiratórias que estão retidas na máscara e a mão pode virar uma fonte de infecção", diz. Toda vez que se colocar a mão na máscara é necessário higienizar com água e sabão ou passar álcool em gel 70%.
A máscara ainda causa desconforto na maioria das pessoas, o que acaba fazendo com que elas ajeitem a posição tocando no tecido. É preciso cuidado e atenção. Polyana Gitirana, infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Vitória Apart Hospital, diz que o ideal é evitar qualquer contato. "Essa é uma das principais falhas. O ajuste tem que ser feito sempre pela tira na parte superior e nunca na parte frontal. As pessoas têm feito com muita frequência, retirando a máscara pela frente, e ajustando ao rosto. Essa ação aumenta o risco, pois tem o contato com a face externa", ressalta. Também é preciso ficar atento a higienização toda vez que precisar ajeitá-la, lavando as mãos antes com água e sabão ou álcool em gel 70%. "Se a higiene for impossível no momento, procure acertar o posicionamento da máscara tocando apenas nos elásticos", orienta a médica.
É preciso cuidado na hora que for retirar a máscara do rosto. A dica é: faça sempre através do elástico. "Temos que preservar muito o elástico. O condicionamento e o encaixe no rosto depende do elástico ajustado ao rosto da pessoa. Se ele estiver frouxo ou preso demais acaba aumentando o desconforto e o risco de contaminação", diz Polyana.
O nariz é uma das principais portas de entrada do vírus. Por isso ele deve estar sempre protegido pela máscara. "Ficar com o nariz de fora é completamente ineficaz. O sintoma respiratório pode contaminar o ambiente, não faz sentido. O tecido deve tampar o nariz totalmente", explica a Polyana Gitirana. Além disso, quando ele fica exposto acaba estando em contato com a região externa da máscara, que é a mais contaminada, aumentando muito o risco de contaminação.
A máscara embolada debaixo do queixo. Quem não viu essa cena durante a quarentena? É errado. "Quando a pessoa embola a máscara toda embaixo do queixo, o rosto passa a ter contato com a parte de fora e de dentro da máscara. Caso precise tirar para fazer algo, retire por completo, faça o necessário, higienize as mãos e coloque novamente", explica Rúbia Miossi. Também não se deve retirar a máscara para conversar. "Está errado. Quando conversamos, eliminamos gotículas de saliva no interlocutor".
Quem usa óculos de grau sabe que é comum as lentes ficarem embaçadas. Isso acontece porque o ar quente, que é o vapor da nossa voz, entra em contato com as lentes frias dos óculos. "Não é comum ter contaminação. O ideal é colocar um pedaço de esparadrapo na parte de cima do nariz, colando a máscara no rosto até a altura da bochecha. Assim o ar não vai escapar por cima", explica a médica Rúbia Miossi.
Nada de guarda a máscara na bolsa. "Guardar na bolsa sem proteção não é opção, porque ela estará em contato com outros objetos. Ela não deve ficar em ambientes que entre em contato com outros objetos", explica Polyana. Tenha, sempre que possível, uma máscara reserva. Não havendo um local onde possa guardá-la, use um papel que possa dobrar ou sacola plástica.
O tamanho correto da máscara também é um fator fundamental para a proteção. Para ser eficaz ela deve passar embaixo do queixo e acima do nariz. "Tem que estar numa posição confortável, não pode ser folgada demais e nem puxando a orelha para frente. A lateral tem que ter dois dedos na frente da orelha", explica Rúbia. Como cada rosto tem um tamanho, o ideal é que se prove para escolher a mais adequada.
A infectologista Rúbia Miossi explica que o tempo máximo de uso da máscara é de 4 horas. "Se ela estiver muito molhada e úmida tem que ser trocada imediatamente. Máscara molhada não funciona", ressalta. A escolha pela troca da máscara é em relação ao que ocorrer primeiro. A médica diz ainda que o tecido umedecido atrapalha a respiração, tornando-a desconfortável.
A grande questão do uso de lenço, bandana e cachecol é o fato de terem ajuste ergonômico. "Não tampa adequadamente, surgindo vários pontos de entrada em contatos com outros contaminantes. Devemos priorizar as máscaras", explica a Polyana Gitirana
Essa você já sabe, mas não custa nada lembrar: o uso da máscara é individual. Não compartilhe.
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