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'Meu bebê não dorme' entenda o porquê e veja as dicas da especialista

"Meu bebê não dorme" entenda o porquê e veja as dicas da especialista

A psicóloga Bianca Martins esclarece que o choro é uma forma de comunicação dos pequenos, e que eles devem aprender sobre o mecanismo do sono com a rotina da casa

Publicado em 1 de outubro de 2018 às 16:02

. Crédito: Reprodução/ Unsplash

 

PERGUNTA: JÚLIO 

"Eu e minha esposa estamos muito estressados. Nosso bebê não dorme a noite inteira. As pessoas nos ensinaram a fazer um treinamento para que ele durma, mas não conseguimos. É muito triste ver o filho chorando, mas também estamos exaustos. O que podemos fazer?"

Bebês não nascem sabendo dormir a noite inteira. Esse é um hábito cultural ocidental que dificulta, e muito, a vinculação entre pais e filhos. O bebê humano, ao nascer, ainda não possui habilidades que permitam a ele sobreviver de maneira autônoma, sem os cuidados de outro ser humano. Portanto, para dormir, precisa de alguém para auxiliá-lo. Em todas as culturas é assim. Só na nossa ele dorme longe de seus pais.

A questão do sono e do choro de bebês vai além do incômodo sonoro e da privação que eles provocam no adulto. O choro é uma arma eficaz de comunicação. Sem ela os bebês humanos estariam fadados ao extermínio. Além disso, o bebê humano é ávido pelo contato pele a pele com seus familiares. É a interação que faz com que esse pedacinho de gente tenha vontade de viver e de crescer.

A tarefa de cuidar de um bebê é algo que mobiliza todas as forças de um casal, e vejo cotidianamente pais e mães exaustos, não porque os bebês são “terríveis” e “sugam todas as suas forças”. Vejo pais e mães sem qualquer apoio, sem terem com quem contar. Esgotados, perdem a espontaneidade e a vinculação natural com seus bebês. Afastam-se da criança, irritam-se com suas demandas e tornam-se ávidos por fórmulas prontas que resolvam todos os problemas.

Quando deixamos um bebê chorar estamos ensinando a ele que sua voz não é ouvida, muito menos considerada. Se o bebê chora é porque precisa de algo, e o adulto é o tradutor do mundo para a criança. Devemos levar em consideração que cada bebê é de um jeito e o que funciona para um não funciona para outro. Cada família encontrará, a partir de suas possibilidades, rotina, expectativa, meios de acolher o bebê e garantir que ele se sinta seguro e cuidado. Não acolher uma criança que chora passa a seguinte mensagem: “você não é importante”. E fazer isso à beira do berço não é educá-lo.

Bebês não possuem autonomia, nem a capacidade de autorregulação. Será na relação com seus pais, em seu lar, que, passo a passo, aprenderão e se integrarão às rotinas da casa. O bebê, como afirmou Sigmund Freud, é como Sua Majestade (His Majesty, The Baby), e a ele devemos oferecer todo o conforto, acolhida e consideração. Lentamente, junto com seu crescimento, vamos conduzindo-o à vida de criança (quando adquire a fala) e, assim, ele possa abandonar seu trono (de júbilo e de cuidados intensos) para se inscrever na sociedade, cultura, linguagem e civilização. Portanto, se não conseguem deixar chorando, ponto para vocês, e ponto para o bebê. Pois certamente já estão ensinando uma lição muito importante: que todo sofrimento precisa de cuidado.

 

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