A Momo ataca novamente. Depois de viralizar, no ano passado, a boneca medonha de olhos esbugalhados voltou a tirar o sossego de pais de crianças pequenas. Agora, o alarde é porque a figura estaria aparecendo em desenhos e vídeos direcionados ao público infantil, induzindo os pequenos a praticarem atos violentos.
O YouTube afirma que fez uma varredura e que nenhum conteúdo com a Momo foi encontrado dentro dos vídeos infantis da plataforma. No entanto, há quem garanta que o problema é bem real.
Fake news ou não, o fato é que há escolas emitindo alertas e pais levando o assunto para dentro de casa. E é o melhor que podem fazer, segundo os especialistas. Com acolhimento e diálogo, é possível lidar com as atuais ameaças do mundo virtual.
O que poderia ser um elemento fóbico, que tira o sono de pais e filhos, pode ser uma oportunidade para eles conversarem sobre o que assistem. Uma relação de diálogo aberta é a única opção possível para que as crianças sintam que podem confiar suas questões e que serão acolhido pelos pais, diz a psicóloga Bianca Martins.
Essa abertura, segundo a psicóloga Adriana Müller, tem que partir dos adultos: Sempre que um filho vier falar algo, procurar ouvir, controlando o impulso de brigar, interromper, dar sermão. É preciso primeiro ouvir a criança, depois orientá-la. Assim, esse pai e essa mãe saberão que o filho vai buscá-los caso veja algo diferente diante da tela do computador ou do celular.
CONVERSA
Para Adriana, vale tocar no assunto mesmo se ele não surgiu em casa. Cada pai conhece seu filho. Pode achar que é melhor mostrar a imagem e orientar. Alguns podem preferir não mostrar a figura, apenas perguntar se ele ouviu falar dela. Outros nem vão citar o nome da boneca, só orientar de forma mais genérica. Com pré-adolescentes, a conversa pode ser mais lógica, sobre a valorização da vida, sobre o cuidado que ele deve ter consigo e com os outros, mostrando que a perversidade existe no mundo e que é preciso separar o que é bom do que é ruim.
Bianca observa que há crianças que só tiveram contato com a Momo a partir do que disseram os colegas. Não é função dos pais dar respostas a todas as angústias dos filhos, mas sim permitir que eles exercitem sua curiosidade, possam perguntar, tenham um ambiente seguro e acolhedor para falarem sobre suas dificuldades e medos. Vale procurar saber o que a Momo realmente é. Explicar que se trata de uma escultura japonesa, portanto algo que foi criado pelo homem e não uma criatura sobrenatural.
Limitar o acesso aos vídeos e voltar a priorizar o conteúdo da TV podem ser uma saída. Mas, sobretudo, é preciso ficar atento ao comportamento do filho. O medo sempre tem um impacto e isso muda o comportamento da criança. Se ela dormia bem, começa a ter pesadelo ou medo de escuro. Passa a não comer bem, fica mais quieta no canto ou mais agressiva, explica Adriana.
Nesse caso, é hora de resgatar essa segurança. Os pais precisam ser as pessoas de referência para os filhos. Ter postura firme e constante, mostrando que nada de ruim vai acontecer.
DICAS
Acompanhe
Saiba o que seu filho assiste e converse com ele sobre isso. Mostre-se sempre aberto para acolher e dialogar com a criança.
Oriente
No caso da Momo, a criança pequena pode ser orientada a chamar os pais caso veja algo estranho, feio. Com os mais velhos, a conversa pode abordar a valorização da vida, que é preciso cuidar de si e dos outros e entender que há perversidade no mundo.
Observe
Esteja atento a mudanças no comportamento da criança. Acolha e mostre que nada de ruim vai acontecer com ela.
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