Outro dia, o assistente financeiro Cristiano Arndt, de 26 anos, sentiu-se mal e foi parar em um pronto atendimento. Com febre, dor no corpo, achou que poderia ser dengue. Teve que colher sangue, e o resultado mostrou que estava com a taxa de PCR alterada.
O que é esse exame, cada vez mais pedido pelos médicos? Trata-se de uma análise de sangue, a partir de uma coleta simples, para verificar a dosagem de proteína C reativa, que é produzida no fígado e, quando elevada, pode indicar que há um processo inflamatório ou infeccioso.
O problema é que o PCR indica apenas isso. Não consegue identificar se há, de fato, uma doença. No caso do Cristiano, por exemplo, o teste só serviu para deixá-lo com uma pulga atrás da orelha.
O médico disse que o PCR estava alto, mas que não dava para saber o que era. Não era possível afirmar que era dengue. Ou seja, é um exame muito inconclusivo, comentou o jovem, que saiu do consultório com uma receita de paracetamol, soro e um antibiótico.
Rotina
Se o PCR é tão inespecífico, por que é solicitado na rotina? Ele é indicado para qualquer pessoa e deve ser pedido junto dos exames de rotina. Mas é um exame geral, ou seja, quando ele está elevado é necessário fazer outros exames para saber o que há de errado e onde está o problema, explica o cardiologista Schariff Moysés.
Segundo ele, o exame pode ser uma pista para a descoberta de doenças como pancreatite aguda, apendicite, doenças inflamatórias no intestino, tuberculose e até um risco de AVC. Ele é um indicativo muito importante e eu costumo pedir para todos os pacientes. Não vai apontar diretamente para essas doenças. O PCR estando elevado o médico deve investigar, porque pode ser que o paciente tenha algum desses problemas ou até outros.
Coração
O médico Michel Assbu ressalta que o PCR é um marcador precoce de doença vascular no coração e no cérebro. Quando tem valores aumentados, pode avisar que o paciente tem chance de ter problemas cardiovasculares.
O infectologista Aloísio Falqueto concorda que o exame não tem especificidade, mas que tem utilidade para diversas especialidades médicas. Os médicos usam o PCR de maneira genérica, para identificar foco de inflamação no organismo, que pode indicar uma inflamação no coração por febre reumática, por exemplo. Doenças reumáticas em geral aumentam o PCR. Além disso, ele aponta para uma infecção, que pode ser por bactéria, vírus, fungo, destaca ele.
Mas, ao contrário do que já foi alardeado, o PCR não é utilizado para diagnosticar o câncer. Não é um método que utilizamos na rotina, para obter diagnóstico ou prognóstico da doença. Mas estudos mostram que pacientes com PCR alto têm mais chance de desenvolver câncer no futuro, observa o oncologista clínico Cristiano Drumond.
O cardiologista Schariff Moysés lembra ainda que é importante que a interpretação do exame seja feita por um médico.
FIQUE POR DENTRO
O que é
PCR é uma proteína (proteína C-reativa) produzida no fígado e que está presente em pequenas quantidades no sangue de pessoas saudáveis. Em casos de inflamações ou infecções agudas, os seus níveis no sangue podem aumentar até mil vezes
Para que serve
O exame da PCR ultra sensível é pedido pelo médico quando quer avaliar o risco da pessoa ter problemas cardiovasculares, como infarto ou AVC. Pode indicar outros problemas como: infecções bacterianas ou por fungo, apendicite, pancreatite, queimaduras, doenças inflamatórias no intestino, artrite reumatoide, sepse (infecção generalizada), tuberculose, entre outros
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