Pesquisadores do Projeto Pele de Tilápia, da Universidade Federal do Ceará (UFC), estão realizando uma campanha para sensibilizar as autoridades a facilitar o envio de todo o estoque de 40 mil cm² de pele de tilápia, com objetivo de ajudar as vítimas da explosão em Beirute, no Líbano.
A pele do peixe já é utilizada no Ceará para o tratamento de pacientes com queimaduras graves. Estudos clínicos em mais de 350 pacientes revelaram que ela tem alto potencial de regeneração e abrevia a dor do paciente. E age como um curativo para queimaduras de 2º e 3º grau e o seu uso acelera o processo de cicatrização. "O uso da pele de tilápia é apenas uma cobertura temporária para a recuperação da pele. Ela mantém a ferida com necessidade de menos curativos e protegendo de infecções. São ideais para queimaduras profundas e em determinadas fases", explica o cirurgião plástico Ariosto Santos.
O cirurgião plástico Fábio Zamprogno conta que a pele do peixe funciona como um curativo biológico. "Não quer dizer que vai cicatrizar e virar pele humana, como muita gente pensa. Significa que a tilápia será clocada na área de queimadura e funcionará por cerca de 10 dias com finalidade de também não ter que fazer curativos todos os dias. Depois a pele é eliminada e substituída por outra", diz.
O método é mais eficiente do que um curativo feito com pomada e cremes, inclusive diminuindo o desgaste do paciente. "Quando colocada sobre a área queimada dá uma aderência, porque a pele do peixe tem colágeno que interage com a ferida. As áreas de queimadura vão cicatrizando e ele sente menos dor", conta Zamprogno.
A pele de tilápia passa por vários tratamentos até estar pronta para uso. "Fica ali até a ferida adquirir o enxerto definitivo, que é realizado com a pele da própria pessoa", ressalta Ariosto.
O médico explica que há muito tempo utiliza-se pele de porco, rã e até tecido humano. "A que mais se aproxima da humana é a pele do porco. Porém, assim como da tilápia, também é de uso temporário", diz Ariosto.
Antes de ser utilizada, a pele do peixe é submetida a um processo de limpeza em que são retirados as escamas, o tecido muscular, as toxinas e o odor característico do peixe.
Depois, é estirada em uma prensa e cortada em tiras de 10 cm por 20 cm. O resultado é um tecido flexível, similar à pele humana. As tiras de pele são armazenadas em um congelador a uma temperatura entre 2 e 4 graus Celsius por no máximo dois anos.
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