As consequências da insegurança, por conta da pandemia, e da mudança na rotina, em função do isolamento social são inevitáveis. Só que cada pessoa reage a elas de uma forma diferente. Uma pesquisa realizada pel Instituto do Casal (IC) com 709 pessoas mostrou que a ansiedade e a depressão são consequências da pandemia para 67% dos casais. Já distúrbios alimentares e abusos de álcool, medicações ou drogas foram apontados por 15 e 12%, respectivamente, segundo o estudo. No levantamento, feito online, ansiedade (53%) e depressão (14%) foram mencionadas como principais sequelas do isolamento para a relação a dois. A análise abordou homens e mulheres de 18 a 51 anos entre 30/05 e 05/06.
O período que estamos vivendo também trouxe distúrbios alimentares para 15% das pessoas. E perturbações do sono atrapalharam 30% delas. Outros reflexos lembrados são os abusos de álcool, para 10% das pessoas ouvidas, e de medicações e drogas que, juntas, tiveram pouco mais de 2%. As porcentagens somam mais de 100%, pois era possível escolher mais de uma alternativa.
Os números são um indicativo da conjuntura atual. Vivemos um momento em que o cenário é de incertezas, com mais perguntas do que respostas , avalia Denise Figueiredo, especialista em Terapia de Casal e Família e cofundadora do IC. Como enfrentar essa situação? É preciso focar no presente, não no futuro. Fazer o melhor em cada uma das atividades a que se propõe. Se você ficar pensando no que está por vir, a ansiedade possivelmente vai aumentar e a sensação de falta de controle pode impactar, acrescenta.
O estudo do IC, organização que se dedica a práticas, estudos e educação em relacionamentos e sexualidade humana, também tratou do impacto do distanciamento social nos conflitos de casais. E mostra que as principais causas para brigas relatadas são: uso excessivo do celular (33%), divisão das tarefas domésticas (32%) e excesso de críticas (31%). Seguidas de falta de romance no casamento (26%), rotina no casamento (26%), ausência de diálogo (24%), excesso de tempo dedicado ao trabalho, virtual ou presencial (23%), escassez de dinheiro ou dívidas acumuladas (20%), criação ou educação dos filhos (19%) e "porque eu reclamo demais ou estou sempre insatisfeito com alguma coisa" (19%). O somatório das porcentagens superam 100%, pois era possível selecionar mais de uma opção.
O IC comparou o diagnóstico recente com outro de mesmo formato feito em 2018. Com 708 respostas, o levantamento online anterior também apresentava os maiores motivos de conflito.
O que mudou? A opção uso excessivo do celular foi do terceiro para o primeiro lugar. No atual contexto, é provável que os casais tenham flexibilizado os valores quanto ao uso do celular, pois é por meio dele que estão se conectando com o trabalho, amigos, família. Essa flexibilização, sem limites, tornou-se um conflito e precisa ser administrado, analisa Marina Simas, cofundadora do IC e especialista em Terapia de Casal e Família.
A alternativa divisão de tarefas domésticas também subiu no ranking. Em 2018, ficou em quinto e agora foi vice-líder. Outra a ganhar destaque foi a escolha por excesso de críticas: passou da quarta para terceira colocação. Já, a falta de diálogo caiu da segunda para sexta posição.
A pesquisa feita durante o isolamento abordou ainda a regularidade dos desentendimentos. A opção para quem disse ter conflito ao menos uma vez por semana teve 30% das escolhas. Enquanto a alternativa mais de uma vez por semana representou 20%. Seguida de raramente temos conflitos (19%), pelo menos uma vez por mês (14%) e, uma vez por dia ou mais (10%).
Além disso, a avaliação tratou a forma com que casais procuram resolver os problemas. De acordo com os resultados, 60% preferem conversar no mesmo dia, sem deixar para depois. Já 35%, só resolvem a briga após alguns dias e 2% consultam um terapeuta para solucionar a situação. E quando a quarentena acabar? Rever os amigos é o desejo de 91% das pessoas. Viajar ficou com a preferência de 18% delas e sair com 7%.
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