Não é de hoje que a medicina aponta a relação entre alimentação e fertilidade. No caso dos homens, alguns suplementos já são usados, nos consultórios, como medida para melhorar a saúde do esperma. O óleo de peixe é um deles. Um estudo feito com 1.679 homens jovens dinamarqueses mostrou que aqueles que tomavam esse suplemento apresentaram um maior número de espermatozoides em relação aos que não faziam uso da substância.
A pesquisa foi realizada com homens, com média de idade de 19 anos, que estavam fazendo exames físicos para o serviço militar obrigatório. Do grupo, 98 deles relataram tomar suplementos de óleo de peixe durante os três meses anteriores. Segundo o estudo, eles apresentaram, nos exames, maior proporção de espermatozoides normais, maior volume médio de sêmen e maior tamanho médio testicular. Eles também apresentaram níveis significativamente mais baixos de hormônios estimuladores de folículos e níveis mais baixos de hormônios luteinizantes, ambos indicadores de melhor função testicular.
De acordo com o andrologista José Augusto Ribeiro de Almeida, do Instituto de Medicina Reprodutiva, em Vitória, a ligação do óleo de peixe com a fertilidade masculina não é novidade. "Esse estudo na Dinamarca é pequeno e abre margem para alguns questionamentos, como o fato de o grupo pesquisado ser de homens jovens. Não é determinante para mudar uma conduta. Além do mais, outras pesquisas anteriores já demonstraram os benefícios do óleo de peixe para a saúde do esperma", destaca ele.
Apesar de ainda faltar um estudo maior e mais relevante para comprovar de uma vez por todas o efeito direto do consumo de óleo de peixe sobre a fertilidade masculina, Almeida acredita que as pesquisas já existentes apontam que a tendência é isso ser verdade. "Até por isso a gente já vem prescrevendo aos pacientes com problemas de infertilidade, juntamente com outros suplementos, como a vitamina C, a vitamina E, o ácido fólico, a coenzima Q10 e o zinco, por exemplo", cita.
No caso do óleo de peixe, diz o andrologista, o efeito seria devido à presença de Ômega 3, que teria como função melhorar a qualidade e o material genético do espermatozoide. "Esse benefício só ocorre após o terceiro mês seguido de uso. Isso porque o ciclo do espermatozoide é longo. Numa ejaculação, por exemplo, estão espermatozoides que começaram a ser produzidos cerca de 65 dias antes".
Almeida ressalta, porém, que sair tomando qualquer suplemento por conta própria é um erro. O resultado, aliás, pode ser o contrário do esperado. "É preciso que um especialista saiba indicar a dose certa para cada paciente. Alguns desses suplementos, se tomados numa dose muito pequena, não farão o menor efeito. E se tomados em excesso, podem até prejudicar a qualidade do esperma".
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