A pílula anticoncepcional é um método preventivo antigo, mas, como todo medicamento, traz alguns efeitos colaterais. E um dos mais conhecidos é o risco de trombose, um problema grave que pode até levar à morte. Na semana passada, em Vitória, uma adolescente de 16 anos foi parar no hospital após uma trombose abdominal em decorrência do uso prolongado de anticoncepcional oral.
Apesar da gravidade do caso, a jovem saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e já está em casa. Mas, provavelmente, não poderá mais fazer o uso do mesmo tipo de anticoncepcional.
De acordo com o cirurgião vascular Brenno Seabra, os hormônios das pílulas anticoncepcionais interferem na circulação sanguínea. "O estrogênio é o grande vilão dessa história, porque ele aumenta a viscosidade do sangue, o que pode causar a trombose". A trombose, diz, é quando ocorre um coágulo sanguíneo dentro da veia, que fica entupida.
"Esse coágulo pode se soltar, cair na corrente sanguínea e ir parar no pulmão, causando embolia pulmonar. Dependendo do tamanho desse coágulo, pode matar a pessoa", ressalta ele.
Seabra afirma que os casos de trombose relacionados ao uso de anticoncepcional são mais frequentes do que as pessoas pensam. "Há certos fatores de risco que favorecem a trombose, como a obesidade, o cigarro, o histórico familiar...".
A ginecologista e obstetra Lorena Baldotto afirma que quando há fatores de risco, o uso de pílulas à base de estrogênio pode de contraindicado. "Se a paciente tiver histórico de trombose, lúpus, insuficiência renal, hepática ou se ela fuma, ela tem contraindicações formais ao uso de anticoncepcionais com estrogênio".
Segundo a médica, há outros métodos contraceptivos que podem ser indicados. "Todos os casos devem ser individualizados. O que pode ser feito com o menor impacto hormonal é o DIU (dispositivo intrauterino) de cobre. O uso do progestagênio puro também tem alguns efeitos, mas em alguns casos pode ser usado como alternativa. Lembrando a importância do uso do anticoncepcional com o devido acompanhamento médico".
Lorena lembra que pessoas que vão passar por cirurgias ou vão ficar mobilizadas por um tempo prolongado também têm mais chance de trombose. "E o uso de anticoncepcionais pode também contribuir para aumentar ainda mais o risco de trombose nesses casos".
Brenno Seabra ressalta que, mais importante que esse alerta, é ficar atento aos sintomas. "Se a pessoa começar a sentir uma dor aguda, súbita, nas pernas, acompanhada de inchaço, endurecimento e vermelhidão, deve procurar um especialista ou um Pronto-Socorro imediatamente. Não pode esperar por uma consulta", aponta ele.
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