Em vez de dois braços, quatro. Em vez de mãos, pinças. Entra em ação do robô cirurgião, um especialista com visão superior e capaz de desempenhar funções mais precisas e menos invasivas. Um equipamento de última geração que vem revolucionando a medicina. E essa tecnologia está chegando pela primeira vez ao Estado.
O Da Vinci Xi é considerado o mais moderno do segmento robótico do mundo e vai começar a operar no Hospital Santa Rita, em Vitória, a partir de março deste ano. O hospital não revela o custo do sistema, informando apenas que está na casa dos milhões de dólares. De início, a tecnologia não estará disponível para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e nem para os de convênios médicos.
As equipes cirúrgicas da unidade já estão em treinamento para aprender a controlar o equipamento, que será utilizado em diversas áreas, como nas cirurgias urológicas, nas de cabeça e pescoço, nas bariátricas e na oncologia digestiva e ginecológica, por exemplo.
Os treinamentos são feitos em locais como Rio de Janeiro e São Paulo, onde esse tipo de tecnologia já é usada há mais tempo, em hospitais de ponta. Algumas especialidades serão treinadas até no exterior.
"Poucos hospitais do Brasil têm esse modelo. Não há nada mais avançado na área de cirurgia robótica, que é uma tendência mundial. Vamos ser pioneiros. É muito bom poder trazer essa tecnologia para os capixabas, que, até então, só tinham acesso a ela fora do Estado e tinham que fazer o pós-operatório em quartos de hotéis", diz o médico urologista e diretor clínico do Hospital Santa Rita, Alexandre Tironi.
O robô cirurgião, segundo o diretor, permite a execução de cirurgias complexas utilizando-se de procedimentos minimamente invasivos. "O robô tem visão em 3D e controle ergonômico. São quatro braços robóticos articulados que atuam diretamente no paciente e um sistema de vídeo de alto desempenho. Os movimentos realizados no controle ergonômico são filtrados de qualquer tipo de tremor natural do ser humano e traduz todo o movimento feito pelas mãos do cirurgião em movimentos mais precisos e com amplitude ainda maior do que a capacidade da mão humana".
Para realizar o procedimento, o médico fica na sala de cirurgia e utiliza o controle ergonômico para manipular até quatro braços robóticos e a câmera de alta definição. "O cirurgião faz os movimentos no console, e o robô imita esses movimentos dentro do paciente", explica Tironi.
Na área urológica, o robô cirurgião irá operar pacientes com câncer de próstata e tumor renal. "Na cirurgia robótica, os riscos podem ser minimizados, pois há menor perda sanguínea, menor dor pós-operatória. E há menos chance de sequelas mais comuns nesse tipo de tratamento, como a disfunção erétil e a incontinência urinária", destaca o urologista.
A equipe da cirurgiã oncológica Ana Luiza Miranda Cardona Machado é uma das que estão sendo treinadas para manusear o Da Vinci Xi. A médica se diz animada para começar a operar com essa tecnologia no Estado.
"Na nossa área, que é a cirurgia oncológica digestiva, poderemos operar pacientes com câncer no estômago, esôfago, intestino e pâncreas, por exemplo. A técnica em si não muda, mas os instrumentais são diferentes em relação à cirurgia por videolaparoscopia. Tivemos treinamento on-line, depois foram 40 horas no simulador e, em seguida, atividades práticas. Fomos ao Rio e a São Paulo acompanhar alguns casos para entender esse processo, porque é outro ritmo de cirurgia", comenta ela.
Os benefícios da cirurgia robótica, segundo a especialista, são muitos. "Não há o risco de tremor das mãos do cirurgião. A apresentação do campo cirúrgico é melhor, facilitando as suturas. E a incisão é menor. Tudo isso garante um tempo menor de operação e um tempo de recuperação mais rápido para o paciente", cita Ana Luiza Cardona.
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