Deixando um grande tabu de lado, convém lembrar que todos vamos morrer um dia. E o que será feito de nossos restos mortais pode ser uma decisão tomada ainda em vida ou deixada para a família. Quem não curte a ideia de, mesmo tendo morrido, ficar em um caixão debaixo da terra, tem a opção de ser cremado. E aí, basta pensar no destino das cinzas depois da cerimônia de cremação.
Uma urna especial para ficar num canto especial da casa onde morava parece bom? Ter as cinzas lançadas ao mar, em toda sua imensidão azul, soa melhor? E que tal numa floresta? Se a pessoa que morreu era muito ligada à natureza, a proposta de ter seus restos cremados espargidos no solo de uma mata nativa parece apropriada.
Um bosque na Região Serrana do Estado criou o cemitério de cinzas humanas. É uma área de cerca de dois hectares na Mata Atlântica que foi reflorestada há cinco ou seis anos. São 4,5 mil árvores, algumas bem altas já. É uma linda floresta que tem se regenerado naturalmente, explica Jaime Doxsey, idealizador do projeto, sociólogo e professor aposentado da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Segundo Doxsey, trata-se de uma ideia inédita no Brasil e na América Latina. O cemitério de cinzas humanas já foi licenciado e tem alvará do município.
Em seu site, o projeto argumenta que a cremação é uma solução ecologicamente correta e sustentável, uma alternativa aos cemitérios convencionais, que enfrentam a escassez de espaços nos centros urbanos e geram impacto ambiental, com a contaminação do solo e da água durante o processo de decomposição do corpo.
Com as cinzas, não há nenhum impacto ambiental. Até porque a cremação elimina toda a parte tóxica. Quando esses restos humanos vão para o solo, há uma regeneração de vida através da degeneração do corpo. E não temos nascente ou água corrente por perto. Então, não há nenhum perigo de contaminação de qualquer curso de água, comenta Doxsey.
Há ainda todo um simbolismo no gesto, que fará mais sentido a pessoas mais espiritualizadas, ao proporcionar aos seres vivos o verdadeiro sentimento de eternização. O ciclo de vida humana se transforma num ambiente que respira, cresce e cumpre um papel de renovação do ar, da água e da vida humana, diz o site.
Para quem se interessar em dar esse destino às cinzas, há três tipos diferentes de planos, que vão de R$ 1 mil a R$ 3 mil, em taxa única.
No pacote mais completo deles, chamado de Eternização Ipê-dourado, por exemplo, o investimento sai por R$ 2 mil por pessoa ou R$ 3 mil por família, para abrigar até quatro pessoas. Esse plano inclui uma placa, a foto do ente querido, um banco de repouso e a manutenção.
Mais informações no site: https://www.florestacinzashumanas.com.br/index.html.
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