Nos próximos quatro anos, as indústrias de alimentos, de refrigerantes e de bebidas não alcoólicas devem reduzir, em mais de 140 mil toneladas, a quantidade de açúcar adicionado em diferentes categorias de produtos. Só os biscoitos devem ter uma redução de 62,4%. É o que estabelece um acordo fechado entre as empresas e o governo federal nesta semana.
>Acordo pretende reduzir 144 mil toneladas de açúcar de alimentos
O primeiro passo para uma alimentação mais saudável, porém, pode partir de uma atitude individual. Segundo especialistas, o consumo desenfreado de açúcar pode causar doenças como diabetes e obesidade. Por isso, entenda a importância da mudança de hábitos alimentares e saiba como fazê-la.
Açúcares
De acordo com especialistas, o açúcar é um alimento pobre, sem qualquer nutriente e que oferece nada mais que calorias. A nutricionista Clarissa Godoy afirma que a sacarose, que é o açúcar refinado utilizado no dia a dia, e saúde não combinam.
O açúcar refinado deve ser evitado, porque está associado não só ao ganho de peso, mas a todas as doenças crônicas. A sacarose também é extremamente inflamatória, e a gente sabe que que é em ambientes inflamatórios que as doenças acontecem, sejam neurológicas, seja um câncer explica.
Thalita Fialho, professora de nutrição da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP), diz que mesmo os açúcares menos refinados, como o demerara e o mascavo, não devem ser adotados na alimentação diária. Eles são mais recomendados para uma eventualidade.
Independentemente do tipo de açúcar, é açúcar. Sendo menos refinado ou não, ele pode ir levando à hiperglicemia (glicose elevada) e causando os efeitos do excesso, como a diminuição da expectativa de vida opina.
Para a nutricionista Luiza Marina, o ideal seria que o hábito de evitar açúcar fosse ensinado desde o início da vida.
O problema é que, desde criança, as pessoas se habituam a adoçar tudo, e estranham o verdadeiro sabor dos alimentos sem adição de nada, como um café puro opina.
Segundo Ana Carolina Feldenheimer, professora de nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), quando o assunto é ingerir menos açúcar, a regra de ouro é reduzir o consumo de alimentos industrializados, como refrigerantes e sucos de caixinha, priorizando os alimentos naturais. Outra estratégia é analisar a tabela nutricional.
Olhar os rótulos é muito importante. Alguns iogurtes têm mais açúcar que refrigerante. Se o primeiro ingrediente da tabela nutricional for açúcar, esse é o ingrediente que mais tem no alimento. Até certos produtos aparentemente salgados comprados nos mercados levam açúcar para ficar mais atrativos esclarece.
Para quem deseja fazer uma reeducação alimentar, a nutricionista e professora de bioquímica da Unisuam Ana Cláudia Mariano explica que não precisa começar com uma mudança radical.
O ideal é ingerir a menor quantidade possível de açúcar, reduzindo aos poucos, com metas semanais, até acostumar o paladar. Para quem não consegue, existem alguns tipos de adoçantes, como o Xilitol. Mas o ideal é não usar adoçante orienta.
Carboidratos
As nutricionistas defendem que, de forma geral, os carboidratos não devem ser evitados, mas consumidos com moderação, já que ele representa um importante nutriente. A ressalva é com relação à qualidade dele. Isso porque existem os carboidratos simples como pão francês, biscoito, açúcar refinado, farinha branca e arroz branco e os complexos, representados basicamente por alimentos integrais. O que diferencia os dois é a velocidade de absorção pelo organismo, o que vai influenciar, principalmente, na quantidade de gordura abdominal.
O carboidrato simples é rapidamente absorvido pelo organismo, gerando um pico de glicemia (açúcar) no sangue. Isso faz com que o hormônio insulina seja liberado em grande quantidade para retirar esse excesso de açúcar da corrente sanguínea. O pico de insulina está diretamente relacionado com o acúmulo de gordura corporal explica Luiza Marina.
Os carboidratos complexos são os mais recomendados, mas sem deixar de lado a moderação. Por serem alimentos ricos em fibras, vitaminas e minerais, eles são digeridos mais lentamente e não demandam alta liberação de insulina.
Quais seriam as melhores opções de carboidratos? Os tubérculos: batata-doce, aipim, inhame e batata-baroa; as frutas, uma excelente fonte de antioxidantes; assim como arroz integral e outros grãos, como grão de bico e feijão. Esses são carboidratos do bem diz Clarissa Godoy.
Sobre o consumo de carboidrato à noite, as especialistas orientam evitar, mas dizem que o que mais impacta na saúde e na estética é a quantidade total consumida durante todo o dia.
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