As escolas com turmas de educação infantil e primeiro ciclo do ensino fundamental (1º ao 5º ano) no Espírito Santo, mesmo situadas em municípios de risco alto para a transmissão da Covid-19, retomaram as atividades presenciais na última segunda-feira (10). O segundo ciclo do fundamental e o ensino médio permanecem com o ensino remoto.
A retomada deverá ser feita com 50% de ocupação das salas de aula, assim como já ocorre nas cidades em risco moderado e baixo. "Essa faixa etária, de crianças até nove, 10 anos, equivale a 1,32% dos casos", ressaltou o governador Renato Casagrande. Com o retorno dos pequenos ao convívio social, e sem a vacina do coronavírus disponível para esta faixa etária, é importante que a carteira de vacinação esteja em dia, evitando que eles tenham outras doenças.
O pediatra Hamilton Robledo, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, explica que há vacinas específicas para cada faixa etária e todas, menos a da gripe (que é realizada em períodos de campanha), ficam disponíveis durante todo o ano nos postos de saúde. "No período escolar, acontece aglomeração de crianças e adolescentes, aumentando risco para transmissão de vírus e bactérias. Quanto mais pessoas são imunizadas, mais são protegidas contra doenças e menor a chance de contaminar outras pessoas", ressalta.
A infectologista pediatra Rafaela Altoé de Lima explica que a vacinação é importante para evitar outras infecções além da Covid-19. "Não podemos abrir caminho para o surgimento de surtos que venham sobrecarregar ainda mais nosso sistemas de saúde", diz.
Por isso, é fundamental que as crianças estejam com as vacinas em dia nessa volta às aulas presenciais. "A vacinação é sempre importantíssima e, neste momento, com a necessidade das crianças retornarem às aulas presenciais, adoecer por doenças imunopreveníveis é atrasar ainda mais o desenvolvimento infantil, com mais afastamentos escolares. Sem contar o risco de complicações ocasionadas pelas doenças e o risco de transmissão para outros", diz infectologista pediatra.
O pediatra Hamilton Robledo conta que uma das principais formas eficazes de prevenção contra possíveis agentes bacterianos e virais é a vacinação. "Manter o calendário de vacinação atualizado irá fazer com que o organismo possa responder de forma positiva a esses agentes causadores da doença. A imunização infantil é a mais importante das etapas de vacina, isso porque nesta fase a criança está criando imunidade e começa a ter contato com possíveis agentes transmissores. Importante que os pais fiquem atentos ao cronograma de vacinas e que as doses sejam aplicadas corretamente e nas quantidades recomendadas".
Foi através das doses oferecidas pelo calendário nacional de vacinas do Brasil, que diversas doenças foram erradicadas no país como a poliomielite (paralisia infantil), e muitas tiveram reduzidos seus óbitos, como sarampo, difteria, coqueluche, tétano, varicela e meningite. O pediatra explica que caso ocorra algum atraso - por esquecimento ou porque naquela data a criança encontrava-se doente - deve-se estabelecer imediatamente um cronograma para atualização das vacinas.
"O cronograma do calendário nacional de vacinas deve ser seguido corretamente, a vacinação se inicia logo ao nascimento, com a BCG (contra a tuberculose), a vacina da hepatite B e, depois, retomando dos 2 meses até os 5 anos de vida. Se ocorrer atrasos, ela deve ser retomada entre os intervalos das demais vacinas. O que não pode é exceder alguns prazos, por exemplo, a vacina do rotavírus não pode ser aplicada após 7 meses e 29 dias; a vacina da coqueluche não pode ser realizada após os 6 anos", diz Hamilton Robledo.
A infectologista pediatra Rafaela Altoé conta que a orientação para as crianças doentes é aguardar a melhora clínica, para que não piore os sintomas presentes e não seja um fator de confusão diagnóstica. "O tempo depende de cada doença, por isso é importante a conversa com o pediatra".
A vacina não apenas protege aqueles que a recebem, mas também ajuda a comunidade como um todo. Quanto mais pessoas forem imunizadas, menor é a chance de qualquer uma delas – vacinadas ou não – ficarem doentes. A pediatra Grazielle Grillo, da Unimed Sul Capixaba, conta que a maioria dos efeitos colaterais das vacinas são brandos e ocorrem pelo estímulo à produção de anticorpos e defesa do organismo. "Algumas reações comuns são dores no corpo e febre. Geralmente, esses incômodos são transitórios e não fazem mal. Caso estas reações apareçam, pode-se fazer o uso de analgésicos antipiréticos. No entanto, não devemos fazer o uso dessas medicações antes da vacinação", ressalta.
A médica conta que, de acordo com o Ministério da Saúde, os principais casos em que a vacinação é contraindicada em crianças, incluem: ter tido reação alérgica grave a uma dose anterior da mesma vacina; apresentar alergia comprovada a algum dos componentes da fórmula da vacina, como a proteína do ovo; apresentar febre acima de 38,5ºC; estar fazendo algum tratamento que afete o sistema imune, como quimioterapia ou radioterapia; estar fazendo tratamento com doses elevadas de corticoides para imunossupressão; e ter algum tipo de câncer.
"Na maioria das situações, como no caso de uso de corticoide e febre, a vacinação é contraindicada temporariamente. Assim que o pediatra liberar, a criança poderá vacinar", diz.
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