A escabiose, também conhecida como sarna humana, tem preocupado moradores da Praia Grande, no litoral paulista. Inúmeros casos da doença vêm sendo registrados na cidade. Alguns, inclusive, precisam de internação. A empresária Patrícia Ogna Patrali, criou um perfil no Instagram chamado @pginvisivel para auxiliar os moradores com a ajuda de amigos médicos.
A dermatologista Letícia Bortolini, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, explica que a sarna humana é uma doença contagiosa causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei, variante hominis, transmitida apenas entre humanos por contato pessoal, que não tem preferência por idade, raça ou sexo.
"Alguns estudos demonstram que, geralmente, a sarna é introduzida no meio doméstico por crianças de idade escolar, na maioria meninas, e a principal fonte de contato foram parentes ou amigos que não residem juntos, e a escola não teria grande importância no ciclo de contaminação", conta.
A transmissão ocorre pelo contato entre as pessoas, através do tato, do encostar ou ficando próximo. E a doença se manifesta principalmente através da coceira, que geralmente é pior a noite. "O início ocorre de 3 a 4 semanas após o primeiro contato, e coincide com o aparecimento de pápulas eritematosas e túneis sob a parte mais superficial da epiderme, que é onde os ácaros fêmeas se escondem para colocar os ovos. Quando reinfecção, o aparecimento dos sintomas é imediato", diz Letícia Bortolini.
A dermatologista Karina Mazzini, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que, para que ocorra a transmissão, é necessário um contato prolongado com pessoas contaminadas, ou objetos contaminados que possam ser compartilhados. "Após 30 dias da contaminação, é possível ver os ácaros na pele, o processo de maturação é de 21 dias", diz.
A sarna apresenta um grau de transmissibilidade elevada pelo contato íntimo e atinge principalmente quem não mantém bons hábitos de higiene, o que inclui não trocar de roupas com frequência. "O ácaro pode permanecer viável por até 24 a 36 horas no meio ambiente, portanto, nas roupas sujas, por isso durante o tratamento pedimos sempre para lavar as roupas de uso e de banho diariamente, com água quente, e passar a ferro quente", explica a dermatologista. A médica explica que o tratamento depende da faixa etária do paciente, e pode variar de loções e cremes, a uso de medicações orais.
Karina Mazzini explica que o tratamento é realizado com medicamentos tópicos na pele, pelos e cabelo. "Há também a opção do uso de medicamentos orais. A escolha vai depender das características da doença em cada paciente e também das suas condições gerais de saúde. O tratamento é individualizado".
A sarna não mata. Porém, a dermatologista faz o alerta. "Ela é mais comum em pacientes imunossuprimidos, podendo aparecer até mesmo como uma forma grave chamada Sarna Norueguesa nestes pacientes, e ser mais difícil de ser eliminada, mas eles não falecerão pela sarna", diz Letícia Bortolini.
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