Lembra do delegado Machado, personagem do ator Milhem Cortaz na novela O Sétimo Guardião, veiculada no início do ano na TV Globo? Ele era o típico machão. Casado com uma bela e fogosa mulher, a Rita de Cássia, interpretada por Flávia Alessandra, ele se relevou um tarado por calcinhas. O detalhe é que é ele quem gosta de usá-las.
Saindo da ficção, e se essa fosse a fantasia do seu marido, o que você faria? E o contrário? Se sua companheira contasse que tem um desejo por peças masculinas? Esse tipo de fetiche, também chamado de crossdressing, faz parte da realidade de muitos casais.
Só que isso pode se tornar um assunto delicado entre quatro paredes. Segundo especialistas, no entanto, essas questões da intimidade deveriam ser vistas com mais naturalidade.
Muita gente ainda tem pensamentos muito fechados em relação ao sexo. Por isso há tanta confusão entre os casais. Os homens costumam lidar melhor com a própria sexualidade e levam a sério suas fantasias. As mulheres, ao contrário, costumam ter mais tabus, mais dificuldade em se expressar, comenta a sexóloga Virgínia Pelles.
ACORDO
Afinal, existe certo e errado debaixo dos lençóis? Para a ginecologista e sexóloga Lorena Baldotto, não. No sexo, vale tudo, desde que seja entre adultos com discernimento, de comum acordo e que não prejudique ninguém, diz ela.
A sexóloga e terapeuta sexual Sirleide Stinguel concorda: O fetiche é algo que pode ajudar o casal a sair da rotina. E pode acontecer de vez em quando. Agora se a pessoa só consegue ter prazer usando determinado fetiche, aí pode virar um transtorno, algo que exige tratamento, pondera a especialista.
Muitas vezes, o difícil é admitir para si mesmo um tipo de fetiche. A pessoa precisa se aceitar, ver isso como natural. Somos muito complexo e nos bloqueamos dos prazeres que temos. Se for algo natural, saudável, sem risco, por que não?, destaca Sirleide.
Reprimir um desejo assim não é o melhor caminho, segundo ela. É muito difícil bloquear isso. Geralmente, isso espirra para alguma vertente. A pessoa pode, por exemplo, começar a evitar o parceiro, se afastar e procurar realizar o fetiche fora da relação.
FEMININO
Lorena afirma que a fantasia revelada pelo personagem da novela é comum em homens e mulheres também e, necessariamente, não tem a ver com a orientação sexual de cada um. Homens heterossexuais podem ter desejo sexual por usar lingeries, sapatos, vestidos. Isso pode acontecer com mulheres também, mas é mais comum com homens porque o universo feminino tem toda uma mística, um encantamento.
E se o parceiro ou parceira não entrarem no clima? O ideal é o diálogo. Mas se for intolerável, talvez seja hora de rever a relação, comenta a médica.
O prazer tem que ser mútuo. Sempre que ouço um relato de um cliente que não aceita o fetiche do outro, digo: ninguém é obrigado a aceitar, mas por que não experimentar? Porque às vezes a pessoa cria uma barreira sem saber se vai curtir ou não aquilo, orienta Virgínia.
O prazer tem que ser mútuo. Sempre que ouço um relato de um cliente que não aceita o fetiche do outro, digo: ninguém é obrigado a aceitar, mas por que não experimentar? Virgínia Pelles sexóloga TV Globo/divulgação O ator Milhem Cortaz como Machado, o personagem tarado por calcinhas
ENTENDA:
Crossdressing
No crossdressing, a pessoa sente prazer em usar peças do vestuário do sexo oposto. Assim, homens heterossexuais podem ter desejo por vestir calcinhas, vestidos ou sapatos, por exemplo. Mulheres heterossexuais podem gostar de usar cuecas.
Sem repressão
A pessoa que sente esse fetiche não precisa se envergonhar. Reprimir o desejo não é o caminho. Se é saudável, sem riscos, não há problemas em experimentar. Mas se a pessoa só consegue ter prazer realizando essa fantasia, pode ser sinal de um transtorno.
Diálogo
O parceiro ou parceira não é obrigado a aceitar o fetiche do outro. Vale jogar limpo, com honestidade. Se for para quebrar a rotina, não prejudicar ninguém, tudo em comum acordo, por que não experimentar?
Fontes: especialistas entrevistadas
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta