A bronquiolite é uma das doenças que podem acometer recém-nascidos e crianças caso não haja cuidados de prevenção. A incidência de contágio aumenta nas estações frias e secas, quando o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável pela doença, costuma ganhar mais força.
O período em que o vírus é mais presente varia no Brasil de acordo com a região. No norte, a sazonalidade é de fevereiro a junho; no nordeste, centro-oeste e sudeste, de março a julho e no sul, de abril a agosto.
A pediatra Talita Russo, da clínica Soulleve, diz que é importante conhecer esses períodos para que se faça a prevenção, principalmente em crianças menores de dois anos de idade. Segundo ela, é nessa faixa etária que elas têm maior propensão a pegar o vírus e são acometidas pelos casos mais graves de bronquiolite.
No caso dos recém-nascidos, o fato de o sistema imunológico ainda não estar totalmente formado deixa-os mais vulneráveis a doenças. Nos primeiros dias de vida, os anticorpos que eles carregam são provenientes da mãe, transmitidos pela placenta durante a gestação.
Por isso, para evitar qualquer doença respiratória nessa fase, orienta-se que os pais evitem ambientes com grande concentração de pessoas. É recomendado também ficar longe de adultos com sinais de alguma enfermidade.
Deixar de seguir alguma dessas recomendações pode ter sido a causa da morte de uma menina aos 18 dias de vida nos Estados Unidos. Uma semana após o nascimento, ela estava na festa de casamento dos pais, onde havia muitas pessoas juntas.
A menina começou a ficar pálida, parou de se alimentar e tinha dificuldade de se manter consciente. Levada ao hospital, foi diagnosticada com meningite letal causada pelo vírus da herpes. Os pais acreditam que tenha sido por meio de um beijo dado por alguém já contaminado.
Talita Russo explica que, no começo, os sintomas da bronquiolite são semelhantes aos de um resfriado comum, como tosse e congestão nasal. Do terceiro ao quinto dia, há um pico de gravidade da doença, e a criança passa a apresentar chiado no pulmão e cansaço. Eventualmente, ela pode ter febre.
Outros sinais de gravidade aos quais os pais devem ficar atentos são desidratação - é preciso observar se a criança para de urinar - e apneia, quando a respiração é momentaneamente suspensa devido a uma obstrução das vias respiratórias.
Isso ocorre devido ao agravamento da doença e consequente inflamação nas vias aéreas, os chamados bronquíolos. "Essa inflamação leva a obstrução da via aérea por edema, necrose e aumento da produção de muco. Por isso, a respiração fica mais difícil e sintomas como chiado no peito, aumento da tosse e dificuldade para mamar podem aparecer", alerta a especialista.
O diagnóstico, segundo ela, é essencialmente clínico, ou seja, basta uma consulta com o médico. O profissional vai avaliar o histórico da criança, conforme relato dos pais, e fazer um exame físico para detectar o chiado. Outros exames só serão realizados se o quadro for mais grave e estiver, por exemplo, associado à pneumonia.
Talita explica que, geralmente, a bronquiolite melhora com três semanas, que é o período normal de desenvolvimento do vírus. "A criança pode melhorar e depois piorar. A mãe acha que a doença voltou mas, na realidade, o quadro da doença é mesmo prolongado", diz.
Tratamento
O principal é manter a criança hidratada, pois quando ela está muito cansada e a via nasal obstruída, a respiração aumenta e aumentam as chances de desidratação. "Se a criança estiver muito cansada, ela deve ser levada ao pronto-socorro para fazer oxigenoterapia [inalação]. Em casos mais graves, é preciso suporte mais avançado de ventilação", explica a pediatra.
Casos ainda mais sérios demandam cuidados com prescrição de corticoide (para combater inflamações) e inalação com medicamentos que dilatam as vias aéreas para facilitar a passagem do ar. "A doença causa insuficiência respiratória, pois ataca a parte final do pulmão e dá uma reação inflamatória aguda", explica Talita. "Por isso, o tratamento é feito mais com oxigênio, hidratação e antibiótico se tiver quadro bacteriano".
Doença pior?
A pediatra diz que o VSR, apesar de mutante, não está mais forte a cada ano. No entanto, ela concorda que há um maior número de casos em hospitais e prontos-socorros, que chegam a ficar sobrecarregados. A médica aponta ainda a probabilidade de incidência maior em crianças prematuras que são mais sensíveis ao vírus e, devido ao avanço das tecnologias, têm mais chances de sobrevivência.
"São crianças que precisam de mais cuidados para não ter essas infecções virais", orienta. Para crianças prematuras, há uma vacina indicada que aumenta a proteção contra o VSR, a palivizumabe. A aplicação deve seguir os seguintes critérios de uso, durante a sazonalidade do vírus de acordo com a região do País:
- Nascidos com menos de 29 semanas: dose mensal no primeiro ano de vida;
- de 29 a 32 semanas: tomar até o sexto mês de vida;
- portadores de doença cardíaca ou pulmonar: tomar nos dois primeiros anos de vida.
Prevenção
Segundo Talita, a higienização das mãos, tanto das crianças quanto dos adultos que tenham contato com recém-nascidos, é fundamental para evitar a transmissão de doenças. Nos três primeiros meses de vida, é desaconselhado sair de casa com o bebê, pois é o período de vacinação para fortalecimento da imunidade.
Por ser a bronquiolite uma virose, Talita recomenda também que os pais evitem levar os filhos com sintomas para a creche ou escola. Isso reduz as chances de contaminação ou a piora da doença.
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