A vida a dois pode não ser tão fácil como parece, mas oferece prazeres singulares. Seja em um relacionamento recente ou completando Bodas de Ouro, com 50 anos de casamento, sempre há um ponto de conflito para o casal. Em qualquer tipo de relação, heteroafetiva ou homoafetiva, a união de pessoas com personalidades diferentes exige muito diálogo. Mas o que fazer quando apenas conversar não é suficiente? Até que ponto as discussões são naturais e quais os reflexos no convívio? Para tentar reverter um quadro de aparente tensão, muitos casais buscam a terapia.
A terapia de casal, ou seja, quando as duas pessoas estão sendo acompanhadas por um profissional de psicologia, é a busca por acolhimento e escuta. Para a psicóloga e terapeuta familiar Adriana Müller, buscar uma terapia é mostrar interesse na manutenção do relacionamento.
Em entrevista ao jornalista Mário Bonella, durante o CBN e a Família, da Rádio CBN Vitória, a psicóloga ressalta que a terapia funciona como um ambiente neutro, sem julgamentos. Adriana Müller afirma que o profissional da psicologia, no momento da terapia, não é como um padre escutando confissão, tampouco um juiz ouvindo um relato.
Para a especialista em terapia familiar, é preciso valorizar a mudança no olhar do casal durante o processo. As conversas do casal ficam mais fáceis quando mediadas por um psicólogo. Ela ressalta que procurar uma terapia de casal, seja qual for o tamanho do conflito, é uma demonstração de interesse.
"É bonito perceber que eles começam a entender alguns pontos de forma diferente a partir de uma perspectiva diferente", comenta.
"Via de regra, faço sempre com os dois juntos. Mas um pode consultar sem o outro, desde que ambos concordem. Caso isso aconteça, precisamos de uma terceira reunião, juntando os dois, para acertar entre eles o que há de conflito", explica Adriana Müller.
A comentarista da CBN Vitória ressalta a importância das duas pessoas estarem na "mesma página" do relacionamento. Se o problema vivido na vida pessoal já é desconfortável, o psicólogo precisar criar um ambiente de acolhimento. No local, serão ouvidas reclamações e angústias, sem julgamento, mas com objetivo de melhorar o relacionamento.
"Normalmente a mulher procura mais, mas isso tem mudado. Os homens estão buscando mais esse assunto", diz a psicóloga.
Adriana Müller explica que a "alta", em referência aos cuidados médicos, pode ser o momento em que o casal saiba lidar com o outro. "Se precisarem de um ajuste ou outro, são detalhes, mas seguem felizes. O ato de buscar terapia mostra a vontade de melhorar. Um casal que chega desdenhando dificilmente consegue se conectar", diz a especialista.
De acordo com Adriana Müller, muitas pessoas buscam uma terapia com uma vontade de voltar ao passado e ao que tinha em um tempo que não existe mais, como se aquele ciclo não tivesse sido encerrado. Há ainda comparações com outros casais, por exemplo, a quantidade de viagens e a demonstração de felicidade em público. A psicóloga cita ainda a vontade de mudar o outro conforme as expectativas.
"Um relacionamento a dois tem seus desafios. A gente não vai procurar terapia sempre que tiver alguma dificuldade, até pelo risco de o próprio casal perder a competência de lidar com esses momentos. Normalmente, há uma crise do casal. Duas saídas estão disponíveis: uma para o escritório do advogado, que é a separação, e outro para o consultório de psicologia, na terapia de casal. As crises costumam acontecer em mudanças de fases, como o crescimento dos filhos", explica.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta