A vitamina D tem como função regular o fornecimento de cálcio e fósforo no organismo. Ela atua nos ossos, intestino e nos rins. A população sempre associa a proteção aos ossos, mas diversos estudos comprovaram que ela também previne enfermidades imunológicas e infecciosas.
E durante a pandemia do coronavírus, o consumo dessa vitamina cresceu expressivamente. Em 2019, 2,6% da população brasileira consumia vitamina D. Em 2020, esse número passou para 4,8%. Em números absolutos, mais de 4,6 milhões de pessoas passaram a fazer a suplementação, segundo dados da indústria farmacêutica.
A endocrinologista Gisele Lorenzoni explica que, em relação a outros nutrientes, a vitamina D é encontrada em poucos alimentos, como peixes (sardinha, atum), bife de fígado e o óleo de fígado, além da gema de ovo e algumas frutas como laranja. "Porém, ela é encontrada em pouca quantidade e a gente não consegue suplementar somente com a alimentação, pela quantidade ser pequena", diz.
A médica nutróloga Marcella Garcez, que é Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, explica que a vitamina D é um elemento que atua como importante regulador da homeostase do cálcio e do metabolismo ósseo através de vários mecanismos, e está relacionada à manutenção da massa óssea e função muscular. "Com relação à suplementação, estudos científicos comprovam que há pacientes que necessitam de doses dessa vitamina, ajustadas às necessidades particulares", diz.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), para a população em geral, a dosagem ideal no sangue de vitamina D é de 20ng/ML a 30ng/ML. "O uso incorreto da vitamina D pode acarretar hipercalcemia, que é a superdosagem de cálcio, e pode gerar perda da função renal e calculose renal. A hipervitaminose D também leva à perda óssea", alerta a endocrinologista Gisele Lorenzoni.
A médica explica que a dosagem no sangue é indicada para doenças específicas, e a principal indicação é a avaliação para problemas relacionados ao metabolismo ósseo. Porém também à queixas de cansaço excessivo, queda de cabelo excessiva, para o paciente que não toma sol e que fica muito no escritório. "Em alguns casos como os que estão relacionados à pacientes que tem diabetes e tem essas queixas, a gente sabe que a vitamina D é bom para esse controle", conta Gisele Lorenzoni.
Na pandemia, com muita gente evitando sair de casa e se expondo menos ao sol, pode ocorrer a queda na produção da vitamina D no corpo. A médica Marcella Garcez conta que o ideal, mesmo em distanciamento, é procurar uma exposição solar mínima, por causa de síntese de vitamina D e outros benefícios.
"Em crianças e adultos, de 10 a 15 minutos de exposição de mãos, rosto e braços ao sol (raios UVB) por dia é o suficiente. Nas pessoas de pele negra, o tempo suficiente de exposição pode variar de 10 a 45 minutos por dia. Em idosos, a capacidade de sintetizar vitamina D pela exposição à luz solar encontra-se diminuída".
A médica Marcella Garcez conta que as informações sobre a ação da vitamina D no sistema imunológico e as evidências de que níveis séricos muito baixos de vitamina 25 (OH) D poderiam estar associados a casos graves da COVID-19, fizeram pessoas correrem às farmácias e se auto suplementar. Segundo as entrevsitadas, não há comprovação de que o uso da vitamina D pode melhorar o desfecho de um caso de Covid-19.
"Um recente estudo realizado pela Faculdade de Medicina da USP mostrou que a dosagem da vitamina D não teve efeito no tratamento de pacientes hospitalizados com Covid-19. O estudo foi publicado no Jornal da Associação Médica Americana", diz Gisele.
Por isso, as médicas alertam para os perigos das pessoas se medicarem por conta própria. "A suplementação deve sempre ser com prescrição médica. Perigo das altas dosagens são problemas vasculares, de hipertensão, renais e perda óssea", afirma Lorenzoni.
"Qualquer dose acima das máximas toleradas oferece riscos de intoxicação e só pode ser consumida através de prescrição médica", finaliza Marcella.
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