Os medicamentos genéricos já são comercializados no Brasil há cerca de 20 anos, com garantia de médicos e farmacêuticos de que funcionam exatamente como os medicamentos originais e ainda assim, levantam suspeitas. De acordo com especialistas da área da saúde o preço baixo não é motivo para questionar a eficácia dos genéricos.
A partir da necessidade de remédios mais acessíveis à população, em 1999, foi criada a Lei dos Genéricos (9.787/1999), que prevê que as patentes dos remédios de marca, durem apenas 20 anos. Após esse período qualquer laboratório pode criar medicamentos com a mesma formulação, mas sem precisar investir dinheiro em pesquisas, motivo pelo qual os genéricos são bem mais baratos.
Segundo a ginecologista Mariana Andreata Pontello, da Rede Meridional, os anticoncepcionais genéricos são, simplesmente, os que não possuem uma marca referência e são vendidos com o nome do princípio ativo do fármaco. “Eles têm a mesma indicação que os anticoncepcionais referência, não existem diferenças, já que as substâncias presentes são as mesmas”, revelou.
A especialista explica que, na teoria, os genéricos deveriam ter o mesmo efeito do original, pois possuem os mesmos princípios ativos. “Porém, como dependemos de tecnologia para a fabricação das medicações, medicamentos referências podem ter ação superior aos genéricos pelas tecnologias empregadas na formulação”, esclareceu.
Mariana afirma que, quimicamente, são as mesmas substâncias presentes em ambos os medicamentos, porém existem diferenças nas tecnologias de fabricação e envasamento que podem influenciar até mesmo na absorção dessas medicações.
A ginecologista enfatiza que a escolha pelo melhor método anticoncepcional sempre deve ser feita entre médico e a paciente. “Somente o médico pode indicar o anticoncepcional, seja ele genérico ou não, já que eles possuem muitas contraindicações e efeitos colaterais. Durante a consulta, fazemos uma anamnese, com questionamentos como doenças prévias, história familiar e estilo de vida da paciente. Todas essas questões devem ser levadas em conta na escolha do método”, comentou.
Questionada se há evidências quanto ao uso contínuo da pílula pode causar câncer, a médica esclarece que alguns estudos mostraram associações de contraceptivos com alguns tipos de câncer, principalmente o câncer de mama, no entanto, a associação tem pouca relevância estatística e ainda não se tem literatura robusta para confirmar esses dados.
Mariana lembra, ainda, que o efeito do anticoncepcional não sofre interferência do tempo, e nem o uso contínuo da mesma substância. “Os efeitos podem ser diminuídos em caso de esquecimento, uso de medicações concomitantes que podem reduzir a absorção do anticoncepcional e também algumas doenças no sistema gastrointestinal. Ou então, pacientes que fizeram cirurgias no estômago e intestino podem ter a eficácia do anticoncepcional oral prejudicadas”, afirmou.
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