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Arritmia cardíaca: entenda condição que matou o jogador Juan Izquierdo

Arritmia cardíaca: entenda condição que matou o jogador Juan Izquierdo

Quando há um descompasso, seja ele fazendo com que as batidas fiquem mais lentas, mais aceleradas ou irregulares, é caracterizada a arritmia cardíaca

Publicado em 28 de agosto de 2024 às 19:59

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Izquierdo, jogador do Nacional-URU, morre em São Paulo após mal súbito
Izquierdo, jogador do Nacional-URU, morre em São Paulo após mal súbito. (Divulgação Nacional)

O jogador do Nacional, do Uruguai, Juan Manuel Izquierdo, morreu aos 27 anos. O atleta estava internado desde o dia 22 de agosto, quando teve uma arritmia cardíaca durante jogo contra o São Paulo pela Copa Libertadores. De acordo com nota divulgada pelo hospital, onde o jogador estava internado, a causa do óbito foi “em decorrência de morte encefálica após uma parada cardiorrespiratória associada à arritmia cardíaca”, declarou.

O cardiologista Marcio Augusto Silva, da Unimed Vitória, explica que arritmia cardíaca é um termo usado para várias situações em que há alteração do ritmo do coração. O nosso coração tem um ritmo, então qualquer alteração do ritmo cardíaco pode ser considerada uma arritmia cardíaca. "Existem vários tipos de arritmias cardíacas. Há arritmias em que o coração bate rápido demais, fora do normal, chamadas 'taquicardias', outras em que o coração bate muito lentamente, chamadas 'bradicardias' e ainda outras, em que o coração bate de forma irregular".

Em um ritmo normal, o coração de uma pessoa em repouso bate de 50 a 90 vezes por minuto. Quando há um descompasso, seja ele fazendo com que as batidas fiquem mais lentas, mais aceleradas ou irregulares, é caracterizada a arritmia cardíaca. A doença atinge mais de 20 milhões de brasileiros e gera mais de 300 mil mortes súbitas ao ano no país, segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC). Entretanto, todas as pessoas vão apresentar arritmia em alguma fase da vida, caso não tenham cuidados preventivos.

Para evitar esse desfecho, é importante incluir o acompanhamento cardiológico na rotina de cuidados com a saúde. “Muitos pacientes não têm sintomas e a descoberta da arritmia acaba sendo acidental, tendo a morte súbita como a primeira e única manifestação. Nos casos em que ela apresenta sinais, é possível sentir palpitações, escurecimento da vista, tonturas, desmaios, palidez, sudorese, mal-estar, dores no peito, falta de ar”, revela o cardiologista José Carlos Pachón, do Hcor.

A arritmia pode atingir pessoas em qualquer idade, porém é mais comum na faixa etária de 45 a 74 anos. O diagnóstico é feito por meio de uma minuciosa avaliação clínica e por exames, como o eletrocardiograma, Holter, teste ergométrico e o estudo eletrofisiológico. “Quando, em repouso, o coração está em um ritmo lento (abaixo de 50 pbm), é constatada uma bradicardia. Já quando está acelerado (acima de 90 bpm), temos uma taquicardia”, explica o especialista.

Existem arritmias benignas que, normalmente, ocorrem na parte superior do coração (átrios) e, apesar de interferirem nos batimentos cardíacos, dificilmente levam à morte. Já as arritmias cardíacas malignas, geralmente, ocorrem na parte inferior do coração (ventrículos) e podem ocasionar a morte súbita.

Um dos tipos mais importantes de arritmia cardíaca, muito comum e capaz de provocar o acidente vascular cerebral (AVC), é a fibrilação atrial. “Neste caso, tanto a frequência como a regularidade do ritmo cardíaco são afetados. Este distúrbio é o mais frequente da atualidade devido ao envelhecimento da população. No Brasil, estima-se que cerca de 2 milhões de pessoas sejam afetadas por esta arritmia cardíaca”, alerta Pachón.

Como a arritmia pode afetar o cérebro?

Marcio Augusto Silva explica que a arritmia cardíaca pode afetar o cérebro de duas formas: primeiro, uma que provoca a falta de oxigenação, a falta de circulação do sangue no cérebro e, por isso, vai faltar oxigênio para alimentar as células do cérebro. "Isso ocorre quando o coração não consegue bombear o sangue suficientemente para fazê-lo circular no cérebro e isso faz com que as células cerebrais sofram e parem de funcionar".

A outra forma de afetar o cérebro ocorre por embolias, isto é, quando coágulos, que se formam dentro do coração em decorrência de uma arritmia, geralmente a fibrilação atrial, podem chegar ao cérebro e provocar o Acidente Vascular Cerebral (AVC). 

O cardiologista diz que, na maioria das vezes, a arritmia cardíaca não impede a prática de esportes e exercícios. "É possível controlar ou até tratar para que o paciente continue fazendo seus exercícios. Existem hoje tratamentos bem específicos para arritmias e algumas delas podem ser até curadas e o paciente pode seguir normalmente a sua prática de exercício". 

Apesar disso, existem casos em que o risco do quadro pode levar os médicos a proibirem exercícios. "Existem algumas arritmias em que é necessário proibir exercícios, principalmente os de maior impacto, como exercícios de competitividade e de alta performance. São algumas arritmias que podem ser desencadeadas pelo esforço físico", diz Marcio Augusto Silva. 

Assim como no infarto, a arritmia cardíaca pode ser evitada e controlada com algumas medidas, como reduzir o estresse, ter uma alimentação saudável, rica em legumes, frutas e verduras, não exagerar no consumo de bebidas alcoólicas e de energéticos, não fumar, controlar a pressão arterial e praticar alguma atividade física regularmente.

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