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Cálculo nos rins e na garganta: quais pedras nosso corpo produz e como podemos evitá-las

Cálculo nos rins e na garganta: quais pedras nosso corpo produz e como podemos evitá-las

Muitos de nós sabemos sobre cálculos renais ou biliares. Mas existem outros tipos de pedras, mais raras, que ocorrem nos locais mais improváveis

Publicado em 30 de maio de 2024 às 14:00

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Imagem BBC Brasil
Uma em cada 10 pessoas sofre de cálculos renais, que podem bloquear o fluxo de urina através dos ureteres. (Getty Images)

De todas as incríveis habilidades do corpo, talvez uma das mais estranhas seja a sua capacidade para produzir pedras. Muitos já ouviram falar de cálculos renais ou biliares e estão cientes dos problemas que podem causar. Mas existem outros tipos de pedras no corpo, mais raras, que podem ser encontradas nos locais mais improváveis.

De que são feitas essas pedras corporais? E o que podemos fazer para evitá-las?

As pedras nos rins atingem cerca de uma em cada dez pessoas. Elas se desenvolvem principalmente a partir de cálcio e oxalato que vazam do sangue para a urina. (Os oxalatos são compostos naturais encontrados em plantas e humanos.)

Em quantidades maiores, o oxalato e o cálcio podem cristalizar e acumular-se formando uma pedra. Os cálculos renais podem variar consideravelmente em tamanho, desde menos de um milímetro de largura até alguns centímetros.

Eles também podem ter formas incomuns: se a pedra se acumular nos canais ramificados (cálices) do rim, ela pode ter o formato de um chifre de um cervo. Por isso é conhecido como cálculo "chifre de veado".

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Imagem de raio-x detecta uma pedra chifre de veado no rim direito de paciente. (Getty Images)

Essas pedras causam problemas quando bloqueiam os ureteres, os dois tubos que transportam a urina dos rins para a bexiga. Se isso acontecer, pode causar fortes dores na região lombar, além de impedir o fluxo normal da urina. Isso pode causar infecção ou acúmulo de urina dentro e ao redor do rim.

Também são comuns os cálculos biliares. Eles se formam na vesícula biliar ou no trato biliar, o sistema de dutos que transporta a bile para o intestino para ajudar a quebrar as gorduras. Os cálculos biliares são produzidos a partir de colesterol ou pigmentos biliares e podem ser únicos ou múltiplos.

Mas, assim como os cálculos renais, se os cálculos biliares chegarem a um corredor mais estreito (como o duto biliar comum), eles também podem causar problemas como dor abdominal, infecções e icterícia.

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Os cálculos renais e biliares podem causar fortes dores na região lombar e abdominal. (Getty Images)

Surgimentos mais raros de cálculos

Os cálculos podem se desenvolver a partir de diferentes fluidos corporais. Por exemplo as pedras salivares.

A saliva é produzida por glândulas localizadas próximas à orelha e sob a mandíbula e a língua. Uma vez secretada na boca, ajuda a umedecer os alimentos para que possam ser engolidos, além de iniciar o processo de digestão. As pedras salivares são compostas de muitos elementos diferentes, incluindo cálcio, magnésio e fosfato.

Se as pedras salivares ficarem presas nos dutos, isso pode impedir a secreção de saliva na boca, causando dor e inchaço. A estagnação da saliva pode causar mau hálito ou um gosto ruim na boca, especialmente se desencadear uma infecção nas glândulas salivares.

Pedras também podem ser encontradas nas amígdalas. Localizadas no fundo, no topo da garganta, elas são massas de tecido linfóide que fazem parte do sistema imunológico do corpo. É irônico que elas fiquem inflamadas e infectadas com tanta frequência.

As amígdalas possuem cavidades chamadas criptas, que podem reter pedaços de comida e saliva. O resultado é uma pedra de amígdala ou tonsilolito.

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As glândulas salivares e as amígdalas também podem ser uma fonte de formação de cálculos. (Getty Images)

Elas tendem a ser mais macias e menos rochosas, mas podem endurecer com o tempo e também apresentar muitos problemas, principalmente mau hálito ou infecções frequentes.

Outros materiais do corpo também têm a capacidade de endurecer, transformando-se em pedra. As fezes, por exemplo, podem endurecer tanto que formam uma massa pedregosa chamada coprólito.

E os resíduos, incluindo pele descamada, que se acumulam no umbigo também podem formar uma pedra conhecida como onfalólito.

O que podemos fazer para evitar os cálculos?

Felizmente, existem algumas medidas simples que podem impedir a formação dessas pedras incômodas ou ajudar a eliminá-las.

O mais importante é a hidratação adequada. Beber a quantidade certa de água dilui a urina, previne a prisão de ventre e também reduz o acúmulo de bactérias na boca, podendo ajudar a prevenir muitos desses diferentes tipos de cálculos.

No caso das pedras nas amígdalas, uma boa higiene oral, incluindo a escovagem regular dos dentes, também pode ajudar a reduzir o risco.

A dieta também é importante, especialmente para cálculos biliares, que podem ser causados ​​por uma dieta rica em gordura ou pela obesidade.

Existem alguns fatores de risco que não podem ser modificados, como ser mulher ou ter mais de 40 anos, o que aumenta a probabilidade de formação de cálculos biliares. Evitar alimentos ricos em cálcio e oxalato, como laticínios, espinafre e ruibarbo, pode ajudar a prevenir pedras nos rins.

Mas o que acontece se você já tiver uma pedra? Se ela fizer com que você se sinta mal, pode ser necessário removê-la por meio de cirurgia ou endoscopia.

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Evitar laticínios e outros alimentos ricos em cálcio pode ajudar a prevenir a formação de cálculos. (Getty Images)

No caso de pedras nos rins, você pode esperar que elas passem pelo sistema renal, desçam pelo ureter até a bexiga e sejam eliminadas, às vezes com um barulho audível ao atingir o vaso sanitário. Um médico pode até pedir que você passe a urina por uma peneira de chá para tentar pegar a pedra no momento em que ela sair.

Às vezes, os cálculos salivares podem ser aliviados chupando um limão, que atua como um poderoso estimulante da salivação, criando um jato para limpar o duto. Cálculos salivares e tonsilólitos também podem ser removidos suavemente com um instrumento médico.

Em resumo, existem muitos tratamentos diferentes disponíveis para diferentes tipos de pedras no corpo e medidas simples do dia a dia que podem ajudar a reduzir as chances delas se desenvolverem.

*Daniel Baumgardt é professor sênior da Escola de Fisiologia, Farmacologia e Neurociências da Universidade de Bristol, no Reino Unido. Este artigo foi originalmente publicado no The Conversation, cujo texto original em inglês você pode ler aqui

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