O mês é marcado pela campanha Outubro Rosa, uma iniciativa global que visa aumentar a conscientização sobre o câncer de mama e promover a detecção precoce da doença. O movimento começou em 1990 e, no Brasil, ganhou força a partir dos anos 2000, com a união de instituições de saúde, ONGs e do governo.
O câncer de mama é o tumor mais comum entre as mulheres, afetando cerca de 2,3 milhões de mulheres anualmente em todo o mundo. No Brasil, são esperados aproximadamente 70 mil novos casos a cada ano.
O câncer de mama é um tumor maligno que se origina nas células da glândula mamária, podendo ser classificado em dois tipos principais: aqueles que se formam nos ductos mamários e aqueles que se desenvolvem nos lóbulos mamários.
Os sintomas mais comuns são o caroço na mama ou na axila, inchaço, a vermelhidão na pele da mama, a saída de qualquer líquido do mamilo, as alterações na mama como retrações ou inversão. Qualquer alteração deve ser investigada, independentemente da idade.
O cirurgião oncológico e mastologista Caetano da Silva Cardial diz que as mulheres devem realizar consultas regulares e exames, pois muitos casos podem ser identificados antes que o câncer apresente sintomas. "O câncer de mama é mais frequente após os 40 anos, enquanto o câncer do colo do útero é comum entre os 30 e 50 anos".
Fatores como predisposição genética, estilo de vida sedentário, sobrepeso, tabagismo e consumo de álcool estão associados ao aumento do risco da doença. "Quanto mais inicial é o tumor, menos sintomas ele causa, tornando a realização de exames de rotina fundamental”.
Pacientes com diagnóstico precoce da doença tem elevadas chances de cura, podendo chegar a 95% e serão provavelmente submetidas as cirurgias mais conservadoras, o que impacta muito positivamente na autoestima e qualidade de vida dessas mulheres.
Os benefícios da mamografia de rastreamento incluem a possibilidade de encontrar o câncer no início e ter um tratamento menos agressivo, assim como menor chance de morte pela doença, em função do tratamento oportuno.
Segundo a mastologista Karolline Coutinho, da Rede Meridional, a mamografia é o único método comprovadamente capaz de reduzir a mortalidade pelo câncer de mama. “No Brasil, o programa de rastreamento desta doença estabelece como devemos conduzir cada paciente, observando seu risco pessoal de desenvolver a doença”.
As sociedades médicas recomendam que toda população feminina se submeta a mamografia anual a partir dos 40 anos. Isso é aplicável a pacientes assintomáticas. Mulheres que apresentam algum sintoma como nódulo palpável, alteração de pele, retração de mamilo, caroço nas axilas, devem ser submetidas a exames de diagnóstico, independentemente da idade.
Atualmente os médicos conseguem estratificar o risco individual da paciente para o câncer de mama. Mulheres com risco habitual devem seguir o rastreamento padrão. Pacientes de alto risco, principalmente com alterações genéticas comprovadas, precisam ser aconselhadas de maneira diferente. Geralmente iniciam mamografia 10 anos antes, muitas vezes associada a ressonância magnética.
O autoexame é importante como mecanismo de alerta a alterações que possam ser percebidas pela própria paciente, funcionando no auxílio na detecção da doença, mas jamais substituindo a mamografia, alertou a médica.
Para o oncologista Fernando Zamprogno, a mamografia e o ultrassom são exames complementares, que ajudam na identificação do câncer de mama. O ultrassom vai mostrar possíveis nódulos, já através da mamografia pode-se identificar situações que ainda não viraram nódulos, mas que estão tendo calcificações agrupadas. “Por isso, que a técnica é tão importante. O que buscamos com a mamografia é diferente do que buscamos com o ultrassom. Então, esses exames se complementam e ajudam no rastreamento do câncer de mama, mas são completamente distintos um do outro".
Além da mamografia, a adoção de hábitos saudáveis é uma das iniciativas mais importantes que pode prevenir o câncer de mama e outras doenças. "Em qualquer idade, as mulheres devem incluir em sua rotina a prática regular de atividades físicas e a alimentação balanceada, ações que auxiliam na manutenção do peso corporal. É importante também evitar o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo", conta o mastologista Roberto Lima.
Geralmente, as alterações nas mamas podem ser percebidas no autoexame realizado pela própria mulher. "A mulher deve identificar um momento no cotidiano em que se sinta confortável para fazer o autoexame. Quanto antes qualquer alteração for identificada e investigada, maior a chance de sucesso no tratamento", diz.
Karolline Coutinho lembra que um grupo que merece muita atenção e que é pouco lembrado são as mulheres trans. Elas podem ter um risco aumentado para o câncer de mama devido à utilização de hormônios femininos, e nesse caso, devem realizar mamografia sim. Homens trans que não tenham realizado a mastectomia, retirada das mamas, tem um risco similar ao de mulheres cisgênero. Também precisam realizar mamografia.
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