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Caso de cólera no Brasil: o que é a transmissão autóctone?

Caso de cólera no Brasil: o que é a transmissão autóctone?

A doença foi identificada em um homem de 60 anos, em Salvador, conforme nota técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente

Publicado em 24 de abril de 2024 às 17:20

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Dor abdominal
Grande parte dos indivíduos infectados podem não apresentar quadros de diarreia branda e dor abdominal. (Shutterstock)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou o aumento de casos de cólera no mundo, atualmente 24 países enfrentam surtos da doença. O Brasil registrou uma ocorrência após 18 anos sem casos autóctones de cólera no país. O Ministério da Saúde confirmou o diagnóstico no último domingo (21). Segundo a autoridade, não há evidências de outras pessoas com cólera no país por enquanto.

A doença foi identificada em um homem de 60 anos, em Salvador, conforme nota técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. O paciente, que já se recuperou, não tinha histórico de viagens recentes a regiões afetadas pela cólera, nem contato com casos suspeitos.

Exames realizados nas pessoas que tiveram contato com o homem contaminado e nos profissionais de saúde que o atenderam deram negativo, eliminando qualquer risco de transmissão. 

O infectologista Lorenzo Nico Gavazza, da Rede Meridional, explica que a cólera é uma doença diarreica, de acometimento global e de grande ameaça à saúde pública. "Tem potencial de gerar casos graves e morte, principalmente nos países subdesenvolvidos".

Casos autóctones são aqueles que têm origem no local em que foi feito o diagnóstico. Ou seja, a contaminação ocorreu em solo brasileiro. "A transmissão autóctone significa que o caso diagnosticado teve sua origem no mesmo local de residência do indivíduo acometido. A doença não foi trazida por pessoas de fora, está acontecendo na própria região", diz infectologista.

A cólera é causada pela Vibrio cholerae, uma bactéria flagelada popularmente conhecida como o “vibrião colérico”, que produz uma toxina que se liga às paredes intestinais, alterando o fluxo normal de sódio e cloreto do organismo, podendo gerar quadros de diarreia aquosa grave.

O especialista explica que a transmissão da cólera ocorre de duas formas: por contato direto com pessoas infectadas e seus excrementos, como vômitos, fezes e com seus objetos de contato próximos, após terem sido tocados sem higienização adequada.

Lorenzo Nico Gavazza
Lorenzo Nico Gavazza explica como é o tratamento da doença. (Divulgação)
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Também pode ocorrer indiretamente, por contato com água ou alimentos contaminados por excretas de pessoas com cólera

Lorenzo Nico Gavazza
Infectologista
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Entenda o tratamento

Grande parte dos indivíduos infectados podem não apresentar sintomas ou apresentar quadros de diarreia branda, dor abdominal e vômitos. “Porém, os que forem expostos a grande quantidade da toxina bacteriana podem evoluir com quadros graves de vômitos e diarreia líquida intensa de grande volume e frequência, com capacidade de gerar desidratação severa e perda de eletrólitos importantes, e, assim, arritmias, queda abrupta da pressão arterial e perda do funcionamento dos rins que podem levar o paciente a morte de uma forma trágica. Caso pacientes apresentem quadros intensos de diarreia, devem buscar avaliação médica para identificarem sinais de gravidade”, alertou o infectologista.

A base do tratamento da cólera são as medidas de suporte, sobretudo a reposição hídrica volumosa, com solução de sais de reidratação oral (SRO) ou soro endovenoso, conforme a gravidade do acometimento da doença. Associado a isso, podem ser utilizados antibióticos que combatem diretamente a bactéria, diminuindo sua produção de toxinas e encurtando o tempo de sintomas - principalmente da diarreia e seu potencial agravamento da doença.

Gavazza esclarece que embora existam vacinas para a cólera, atualmente a vacinação é indicada apenas para populações de áreas com cólera endêmica, populações em situação de crise humanitária com alto risco para cólera ou durante surtos da doença, sempre em conjunto com outras estratégias de prevenção e controle.

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