Uma dor repentina nas pernas, sensação de calor e vermelhidão. Esses sintomas associados a alguns outros sinais podem indicar que você está diante de uma doença: a trombose.
A trombose é a formação de coágulos —parcial ou total— que se forma nos vasos sanguíneos, limitando o fluxo normal do sangue naquela região. Estima-se que a doença resulte na morte de 1 entre 4 pessoas no mundo e apresente 180 mil novos casos anualmente no Brasil, segundo dados da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia.
Os trombos, ou coágulos, podem se manifestar de diferentes formas. Nas artérias, que são responsáveis pelo transporte de sangue oxigenado nos pulmões para os tecidos, costumam ser mais graves. "As tromboses arteriais apresentam risco elevado de amputação do membro acometido. O tratamento deve ser imediato", explica o cirurgião vascular Brenno Seabra Netto, da Rede Meridional/Kora Saúde.
Já as tromboses venosas se apresentam com coágulos nas veias, comprometendo parte da circulação que transporta o sangue que já deixou o oxigênio nos tecidos, de volta para os pulmões para um novo ciclo de oxigenação. "Nestas, existem complicações como a embolia pulmonar, que podem ser fatais", diz o médico.
Independentemente do tipo de trombose, é importante ficar atento aos sinais da doença:
Segundo a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, a atenção deve ser redobrada por aqueles que possuem fatores individuais que agravam os riscos da trombose.
“Obesidade, tabagismo, uso de hormônios e pílulas anticoncepcionais, pessoas com maior predisposição a coagulação sanguínea, gestantes, idosos, deficientes físicos, portadores de varizes e de câncer são fatores de risco”, elenca a médica.
A imobilidade e o sedentarismo também são apontados por Seabra Netto como principais causas de trombose. "Por isso, pacientes acamados ou imobilizados, devido a uma grande cirurgia correm mais risco que os demais".
Caso você perceba algum dos sintomas, o mais importante é procurar atendimento médico para evitar que a doença evolua para uma embolia pulmonar, por exemplo. Geralmente, o tratamento da trombose inclui o uso de medicamentos anticoagulantes.
"São remédios que vão ajudar na redução da viscosidade do sangue e na dissolução do coágulo, impedindo assim que ele cresça e avance para outras regiões, além de evitar novos quadros de trombose”, explica Aline Lamaita.
Na maioria dos casos, o tratamento com medicamentos é capaz de resolver a doença. Porém, o problema pode retornar, principalmente em pessoas com predisposição à trombose. Dessa forma, é importante que sejam tomados cuidados para prevenção do problema.
“Algumas medidas que visam melhorar a circulação podem ajudar na prevenção do quadro de trombose. O recomendado então é parar de fumar, consumir bastante água, adotar uma alimentação balanceada, realizar exercícios físicos regularmente e evitar passar muito tempo na mesma posição, seja no horário de trabalho ou em longas viagens, levantando-se de hora em hora para se movimentar um pouco”, orienta a médica.
De acordo com Lamaita, o uso de meias elásticas também pode ser indicado, já que elas comprimem os vasos sanguíneos, melhorando o retorno venoso e, consequentemente, prevenindo problemas vasculares como varizes e trombose.
“O mais importante, porém, é que o paciente consulte um cirurgião vascular regularmente, principalmente se você tiver predisposição ou agravantes individuais associados à doença. Apenas ele poderá acompanhar a situação, realizar um diagnóstico correto e, se for o caso, indicar um tratamento”, finaliza.
Estudos científicos realizados desde o início da pandemia, em março de 2020, apontaram alguns dos principais problemas causados pela Covid-19 no organismo. O pulmão é o órgão mais afetado pelo vírus, mas o funcionamento do corpo em geral é amplamente atingido. Em alguns casos, a Covid-19 pode provocar até mesmo quadros sérios de trombose.
“Algumas pesquisas já deram fortes indícios de que a Covid é uma doença vascular e suas complicações são em decorrência, justamente, das lesões provocadas nos vasos sanguíneos, tanto nas oclusões quanto nos processos inflamatórios. E isso aumenta, de fato, o risco de trombose”, explica o médico vascular Gustavo Marcatto.
Mas como a infecção pelo novo coronavírus pode causar a trombose?
De acordo com o médico, os recentes estudos nessa área mostram que o vírus provoca um processo inflamatório na circulação, já que o corpo tenta, de forma desordenada, combater o invasor. A coagulação passa a acontecer de forma excessiva para ‘cicatrizar a ferida deixada pelo vírus’. "A inflamação provocada pela Covid-19 estimula a formação de coágulos, a causa da trombose, quando as veias são atingidas por obstruções", explica.
O médico ainda relata que há casos de surdez ou zumbidos no ouvido em pessoas que já tiveram a doença, o que está relacionado à trombose na artéria que fica no nervo do ouvido. “Esse nervo perde a irrigação e não consegue mais trabalhar, levando o paciente a perder a audição em decorrência disso”, completa.
Com a vacinação contra a Covid-19, muita gente teve medo de desenvolver trombose. Segundo Gustavo Marcatto, o risco existe em relação à vacina, porém, de acordo com a Associação Mundial de Trombose, ele é pequeno e a vacina é fundamental para a prevenção do vírus. Até o momento, o motivo específico de ocorrer a trombose por causa da vacina é desconhecido.
"Na prática clínica, observamos que existem casos que podem ter sido desencadeados diretamente por conta da vacina. Não é frequente e nem tão grave como as complicações do vírus, então o recomendado é a vacinação. Quem possui fatores de risco adicionais, deve passar por um médico para fazer uma avaliação específica", orienta.
Vale lembrar que pacientes que já têm comorbidades, como obesidade, tabagismo, correm mais risco de desenvolver essa trombose provocada pela Covid-19.
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