Independente das crenças de cada um, na maioria dos lares brasileiros, os dias 24 e 31 de dezembro são marcados por comida farta e saborosa. Bacalhau, peru, rabanada, arroz com passas, pudim, churrasco, salpicão… são diversas as opções para agradar todos os gostos. A única coisa que não combina com nenhum tipo de cardápio é a cobrança com a alimentação.
Nessa época festiva, com comemorações regadas a bons pratos, a refeição pode representar mais do que uma necessidade biológica, mas um elo entre quem cozinhou e quem vai se sentar à mesa, uma forma de demonstrar carinho. É o que acredita a nutricionista Kethelyn Lisboa.
O que ocorre nestes dias, segundo a nutricionista, é uma alternância entre a restrição e o exagero. Ao mesmo tempo que a fartura enche os olhos, quem segue dietas restritivas durante o ano tende a não se permitir aproveitar os alimentos disponíveis. O resultado, muitas vezes, é a compulsão.
“A população geralmente não sabe lidar com a disponibilidade de comida nesses dias, não sabe identificar seus sinais internos e possíveis gatilhos nesse período", acrescenta.
De acordo com a nutricionista, o padrão de beleza é o principal causador de "neurose" com a alimentação. Seja através de revistas, jornais e televisão ou pelas redes sociais, a busca inalcançável por um corpo perfeito é o que faz com que as pessoas criem uma relação nada saudável com os alimentos.
"As pessoas pensam o tempo todo no que devem comer e no quanto comer, mas raramente percebem como comem e porque comem. No fim, se sentem sempre culpadas e frustradas com a alimentação", argumenta.
Desse modo, alguns alimentos são vistos como grandes vilões e acabam sendo taxados como proibidos. Ao invés de alimentar essa inimizade, o aconselhado pela nutricionista é se exercitar nos dias de comemorações, reforçar a hidratação, incluir proteínas, frutas e legumes. A combinação desses fatores permite aproveitar a ceia e evitar os prejuízos. "O que é preciso ter cuidado é com os excessos, e buscar conter os danos na medida do possível", diz.
Mais do que algo de uma noite, a neurose com a comida atrapalha as refeições de um ano inteiro. Uma relação punitiva só prejudica o metabolismo e a saúde mental. O recomendado é ter equilíbrio.
Dicas para construir uma relação mais saudável com a comida:
Resumir toda a dedicação de um ano inteiro a apenas uma ou duas noites não só prejudica aquele momento como também contribui para a construção de uma relação ansiosa com a comida. A nutricionista Anna Alledi concorda que a comida não é só uma fonte de energia e nutrientes.
Na ceia de Natal, Ano Novo ou em qualquer outra data especial, uma refeição fora da dieta não é capaz de atrapalhar toda a dedicação com a alimentação e o corpo durante o ano. "Para engordarmos um quilo, precisamos consumir 7.700 calorias a mais por dia. Isso seriam 4 quilos de risoto de queijo e 3 litros e meio de vinho tinto”, explica.
Comer a quantidade de comida suficiente em uma refeição para engordar é praticamente impossível, segundo a nutricionista. Ao invés de trazer resultados desejados, como emagrecimento, a restrição a proibição nessas datas pode ter efeito contrário, tornando o consumo exagerado.
“Quando entendemos que somos a somatória do que mais fazemos, e não das exceções que nos permitimos, o comer exagerado se torna cada vez menos frequente. Consequentemente, a relação com a comida irá melhorar”, destaca Anna Alledi.
A nutricionista também chama a atenção para os cuidados com a saúde mental. Se a alimentação é uma preocupação recorrente e está virando um peso na vida, o ideal é buscar por acompanhamento profissional. “Quando sua vida gira em torno da sua alimentação, algo precisa ser revisto. A terapia se torna fortemente indicada”, salienta.
As especialistas reforçam que a alimentação precisa ser equilibrada durante o ano e adequada para as necessidades de cada corpo. Ainda assim, ambas ressaltam que é possível apreciar bons pratos e celebrar os amigos e a família sem anular o cuidado de um ano.
A seguir, confira dicas de como aproveitar as ceias de Natal e Ano Novo sem culpa:
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