Estima-se que um em cada dez bebês nasça prematuramente no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, são aproximadamente 340 mil bebês nessa condição a cada ano, segundo informações do estudo “Nascer no Brasil”.
A prematuridade é a principal causa de mortalidade infantil antes dos cinco anos. O objetivo da campanha “Novembro Roxo” é alertar e esclarecer a população por meio de mobilizações com foco na prevenção do nascimento antecipado e sobre os riscos envolvidos, bem como na assistência, proteção e promoção dos direitos dos bebês.
A pediatra e neonatologista Larissa Perim, da Materlux, explica que a prematuridade ocorre quando o bebê chega ao mundo antes de completar as 37 semanas. “Esses bebês enfrentam inúmeros desafios porque seus órgãos e sistemas não tiveram tempo suficiente para se desenvolver plenamente no útero”.
Os riscos associados à prematuridade são muitos. Os bebês nascem frequentemente com baixo peso e são mais suscetíveis a uma série de problemas de saúde, como infecções, dificuldades respiratórias e complicações na amamentação. “Além disso, há um aumento do risco de complicações de longo prazo, incluindo atrasos no desenvolvimento, problemas de visão e audição, bem como distúrbios cardíacos e respiratórios”, diz Larissa Perim.
A classificação da prematuridade, conforme a idade gestacional estabelecida pela OMS, inclui três categorias:
Quanto menor a idade gestacional, mais desafiador pode ser o prognóstico do bebê. A pediatra e neonatologista Syane Gonçalves explica que o desenvolvimento completo do sistema cardiorrespiratório ocorre nas últimas semanas de gravidez. "Antes desse amadurecimento, a criança pode ter dificuldade em se adaptar à vida fora do útero, e isso resulta em problemas de saúde a longo prazo".
Existem diversos fatores de risco para a prematuridade, incluindo a falta de cuidados pré-natais adequados, tabagismo, consumo de álcool, infecções, gestações múltiplas, gravidez na adolescência e complicações maternas. “Estresse e fatores socioeconômicos também impactam nesse cenário”, aponta Syane Gonçalves.
A médica ainda enfatiza a importância de se procurar um pediatra desde o pré-natal e de contar com uma equipe multiprofissional capacitada para fornecer assistência aos bebês prematuros e suas famílias.
Há vários fatores relacionados à gravidez na adolescência e o risco de parto prematuro, principalmente na faixa etária de 10 a 14 anos, segundo a ginecologista e docente em saúde da mulher, Georgia Brito. “Entre essas situações de risco estão a falta de adesão às consultas de pré-natal, distúrbios hipertensivos da gravidez, anemia, diabete gestacional e outras complicações durante o parto, como infecções”.
A especialista explica que a gestação é considerada de alto risco, pois a menina nessa faixa etária não tem maturidade fisiológica para gestar. “Para a mãe adolescente, um dos maiores perigos é a morte materna. Já para os bebês, o baixo peso ao nascer é o maior fator determinante de mortalidade neonatal. Há também ocorrências de infecções perinatais, má adesão à amamentação, déficit no crescimento e desenvolvimento da criança, além de baixo desempenho escolar.”
Segundo a OMS, a gravidez na adolescência se caracteriza quando ocorre entre os 10 e os 20 anos. Apesar do índice ter diminuído nos últimos anos, o Brasil tem uma taxa média de 400 mil casos de gestação na adolescência por ano, uma das mais altas do mundo.
Quando uma família tem um bebê prematuro, é comum sentirem preocupação, incerteza e medo, segundo o psicólogo Patric Barbosa. “Geralmente, a mãe se pergunta se fez durante a gravidez causou isso, ou se não é tão saudável quanto deveria ter o filho nas condições ideais”.
Além disso, existe o receio de não poder ter contato imediato com o bebê após o parto, em não poder cuidar da criança como planejado e sair do hospital sem o filho. Dúvidas sobre amamentação também pairam sobre a família.
“Todos esperam poder levar o filho para casa e isso, às vezes, não acontece. Existe a sensação de culpa por o bebê ter nascido prematuro, que se junta à tristeza de deixá-lo no hospital. Isso pode ser muito difícil para a família.”
Nesses momentos, o apoio de um psicólogo é fundamental, pois ajuda os pais a lidarem com os desafios emocionais e práticos da prematuridade. “Fortalece os laços entre os pais e o bebê, incentiva a participação ativa nos cuidados com a criança, além de auxiliar na tomada de decisões em situações comuns em casos de bebês prematuros, como procedimentos cirúrgicos”, enfatiza Patric Barbosa.
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