O influenciador Lucas Rangel divulgou em suas redes sociais que precisou fazer uma cirurgia na área dos olhos após usar um curvex não higienizado. A utilização do aparelho, que deixa os cílios mais curvados, gerou uma infecção na pálpebra, conhecida como calázio.
O termo pode soar novo, mas o quadro não é incomum. A oftalmologista Ione Alexim, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explica que o calázio é como um terçol que dura mais tempo que o normal. "É um nódulo formado na fase aguda, que seria o terçol, mas que pode ir 'endurecendo' e deixando o tecido fibroso, fazendo durar mais tempo e se tornando mais difícil de tirar", diz.
Tudo começa com uma infecção nas pequenas glândulas nas pálpebras. Quando bactérias entram nas glândulas sebáceas zeis e moll (que lubrificam o olho) ou naquelas que ficam na parte interna da pálpebra, chamadas glândulas de Meibômio, ocorre o terçol e, quando este persiste, o calázio.
O tratamento mais comum consiste em colocar compressas de água morna e esperar a pálpebra voltar ao normal. Porém, caso o paciente siga com esse quadro por 24 horas, a sugestão da médica é procurar o acompanhamento necessário.
Diretor da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), o médico César Motta explica que os primeiros tratamentos são os mais simples, como as compressas, seguidos para os químicos, como pomadas e medicamentos. Apenas quando esses dois tratamentos não funcionam e o paciente segue com o olho inchado é necessária a cirurgia.
A operação é simples, realizada apenas com anestésico local e dificilmente necessita de pontos. Na cirurgia, o médico "fura" o nódulo, a bolinha causada pela infecção, e logo o paciente tem alta. Não há necessidade de internação.
Os dois médicos ouvidos pela reportagem acreditam que as bactérias já estavam na região do olho, e não no curvex. Ocorre que, ao usar o equipamento, é preciso apertar um pouco a pálpebra - e consequentemente as glândulas -, causando um trauma. Essa pequena lesão deixa o caminho exposto para as bactérias, que já existiam, invadirem as glândulas.
Por isso, os especialistas recomendam a lavagem da área do olho ao menos uma vez por dia com shampoo neutro infantil, massageando os cílios, para remover o acúmulo de bactérias e sujeira.
Outro ponto importante é que, higienizados ou não, o curvex e outros itens de maquiagem que têm contato com a mucosa (seja a do olho ou a da boca) não devem ser compartilhados. "Mesmo que o equipamento esteja limpo, você acaba passando as bactérias de um paciente para o outro ao compartilhar", alerta Motta.
Para quem tem os próprios pincéis e curvex e lava o olho com frequência, mas quer aumentar a proteção, Ione indica lavar os itens com água e sabão, conforme descrito na embalagem. O uso de álcool, entretanto, é vedado: caso ele entre em contato com o olho, há risco de cegueira.
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